sábado, 26 de janeiro de 2013

Temperando Palavras

Uma das coisas que eu não entendia em meu antigo trabalho, era o uso interativo da internet. Consistia em mandar um e-mail para um cliente, e em seguida, ligar para o cliente perguntando se o mesmo recebeu tal e-mail e assim explicar o que havia acabado de enviar. Certa vez que questionei sobre isso, a resposta que obtive foi muito simples: "O texto por si só é frio. Você tem que ligar para fortalecer o vínculo entre você e o cliente". Eu discordei, mas compreendi os motivos. Textos formais são muito sérios, e dificilmente farão alguém ficar muito feliz em recebê-los. Sem contar que há o fato de interpretação, que diante de palavras, você nunca saberá se a mensagem foi bem compreendida ou não. Por isso nenhum processo de comunicação será mais eficaz do que aquele que acontece ao vivo, em carne e osso.


A mesma coisa também acontece em reuniões. Com a era de tecnologia, as video-conferências parecem ser melhores, mais rápidas e produtivas do que reuniões presenciais, mas mesmo assim, existem clientes que exigirão sua aparição existencial. Isso prova que o problema não é a frieza dos textos, mas a frieza da tecnologia em um todo. Mas até aqui estou falando de uma relação mais empresarial da coisa, onde muitos desses clientes nem chega a ter muita afeição com a internet. Talvez para a geração Z os encontros presenciais sejam inúteis, mas por enquanto, acredito que ainda não seja. Vivemos na Matrix, mas saímos dela de vez em quando. No futuro talvez não...

Mesmo que o uso dos hologramas já fossem normais nos dias de hoje, ainda assim isso não substituiria um encontro presencial, não importa o quão realistas tais hologramas fossem. Claro que isso é só uma suposição barata minha, já que não tem como testar isso até que tenha-se casos práticos de comprovação. Tudo bem que robôs já dominam a Coréia e as smarthouses venham ganhando cada vez mais adeptos no Japão, mas mesmo assim... Falar com um holograma a la StarWars parece-me muito... StarWars. Ok, eu gostei disso.

Na vida real, seres humanos conversam. E a conversa só é a nirvana da comunicação porque ela é falada. Pelo menos generalizando as coisas, a troca de sons sempre foi mais importante do que uma simples troca de textos. Se você não pode encontrar uma pessoa, então o telefone é o segundo caminho mais próximo da comunicação. E depois disso, temos os chats pela internet. Há quem apareça aqui dizendo que a troca de olhares supera tudo, mas deixemos a romancialização dos fatos para algum outro post. Você não pode discutir sobre as eleições políticas só trocando olhares com alguém.


Estágios da Comunicação

1) Mensagem anônima
Aqui eu vou colocar o e-mail como grande fonte de mensagens anônimas, embora  só funcione melhor quando você recebe um texto e além de desconhecer o autor, também desconhece o sexo, idade, cor e qualquer outra informação de identificação. Nesse caso, sua resposta para uma mensagem anônima tenderá a ser mais clara e objetiva, a fim de concluir o assunto. Claro que dependendo do conteúdo da mensagens algumas tentarão avançar um novo estágio na comunicação e aqui consiste no chat por texto.

2) Mensagem Instantânea
Durante o auge das salas de bate-papo, era incrível poder entrar na internet e conversar com pessoas apenas enviando e interpretando textos e abreviações. Antes eu adorava esse tipo de conversa, porque me permitia pensar melhor no que responder, e dava um tempo hábil para parecer mais inteligente e menos tímido do que na vida real. Assim, as mensagens instantâneas são ótimas porque servem como máscaras, e justamente por servirem como máscaras é que não são confiáveis. E aqui entramos em um próximo estágio mais confiável da comunicação.

3) Telefonemas
Não vou considerar apenas o telefonema em si, mas também as conversas de áudio por qualquer comunicador instantâneo. Poder trocar palavras e voz é um passo muito importante para comunicação, uma vez que diminui suas chances de pensar (e enganar) no que dizer, e lhe forçam a ser mais espontâneo. Isso não significa que mensagens instantâneas ou anônimas não podem ser espontâneas, apenas que a facilidade de estar espontâneo durante o áudio seja maior do que com o chat.

E aqui entra um ponto de discordância do qual me incluo: sou mais verdadeiro em um chat de texto do que numa conversa de áudio, simplesmente porque em uma conversa por áudio eu não consigo dizer o que realmente penso com a mesma facilidade que tenho ao digitar. Mas por outro lado, se nós considerarmos que a vida real não está ali dentro da internet (pelo menos não nessa década), então a forma de como você age na internet ainda é sua versão mais falsa, mesmo que pense que seja a mais real.

4) Vídeo-Conferência
E o mais próximo que chegamos de uma conversa real, face-to-face, é por video-conferência. Pelo menos enquanto não se torna comum e comercializável os hologramas e robôs bio-tecnológicos. Enquanto isso não acontece, a Video-Conferência é o mais próximo que temos da simulação da realidade.

Isso porque aqui você é capaz de criar um arco de observação que consiste na voz, na expressão facial e o que mais melhora sua interpretação real. Detectar uma mentira ou permitir notar toda sentença de palavras não ditas em alguns segundos de espasmo é algo que não substitui as video-conferências de outras formas de comunicação. Na verdade, apenas um tipo substituiria, que seria a comunicação presencial.

5) Carne e Osso
Acredito que no mundo atual ainda não temos nada que substitua uma comunicação com duas ou mais pessoas presentes. A sua percepção se enche com a parcela mais poderosa da realidade e isso é o responsável por tornar qualquer tipo de comunicação em um grau mais baixo que o normal. Eu confesso que minhas conversas mais pessoais se deram pela internet, mas as mais reais, apenas no 'suposto' mundo real.

Conduta Pessoal

Agora é fato que toda a conversa só flui se a mente dos envolvidos estiver na mesma sintonia de objetivo. Alguém que está envolvido numa briga de trânsito não vai ter como discutir equações álgebras com você enquanto sua cabeça não sair do foco atual. E em alguns casos, esse foco atual se estende para muito além de uma simples situação momentânea. Existem pessoas que, durante alguma fase da vida, detestam determinado tipo de coisa, e qualquer conversa com ela envolvendo essas coisas constatará em algo pouco produtivo.

Eu também penso que algo similar acontece quando estamos chateados por qualquer motivo. Quando algo nos aborrece profundamente, o mundo em si parece perder seu brilho, e a percepção que temos da vida muda completamente. É aquela velha história de você dar bom dia para alguém que está de mau humor. Ele responderá: "Bom dia, porquê?", e na sua percepção destorcida do mundo, seu negativismo vai influenciar todas as conversas que surgirem naquele momento.

A comunicação é o que levou a raça humana evoluir. Mas até hoje ainda não sei como isso foi possível.

Já dizia aquela frase que todo mundo já disse: "Existem três coisas que nunca voltam atrás: A flecha lançada, a palavra que foi dita e a oportunidade perdida". Uma vez que poucos de nós andamos com um arco e flechas nas costas, então é sábio ponderar muito bem todas as nossas palavras, afinal, serão delas que virão as oportunidades que - certamente - também são perdidas muitas vezes por algumas palavras que foram ditas sem serem temperadas.

O Cético Crente [1] → Post anterior sobre religião.
O que é a felicidade? → Seja feliz e torne suas palavras mais alegres.
Amizade Mutável → Talvez seu círculo de amizades mude, então se previna antes.
Karma, você tem carma → Uma ideia simples de como funcionaria o karma (com vídeo)
Censura Capitalista → Está sem dinheiro? Pergunte-me como.
Você pode dizer para alguém que o ama ou que o odeia. Sabe o que muda? Tudo. Talvez, dizer que odeia alguém o amando te fará criar motivos para odiá-lo, e vice-versa. Então fale, mas por favor, aja de acordo com o que fala, antes que morra pelo ócio de não agir.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O Cético Crente [2] - Porque você crê E descrê?


Aqui continua uma nova saga nesse blog, que em resumo, dita os pensamentos estridentes de um cidadão que não acredita em nada - um descrente - frequentando um local religioso. Ante toda especulação blasfêmica que possa existir, me adianto que tentarei manter minha postura parcial. E ante toda especulação sobre o quão desinteressante esse texto possa ser, me adianto que tem absoluta razão.

Existe uma religião certa?

Todo mundo nasce e cresce dentro de vários conceitos filosóficos que irão formar sua vida, e muitas das vezes, elas irão seguir a mesma religião - se assim houver - de seus pais. Mas, dado um certo momento, aprende-se que pelo mundo existem outros conceitos filosóficos muito diferentes dos seus, e esses conceitos ditam religiões diferentes. Se por um minuto houver uma decorrência do processo pensativo sobre o assunto, será que existiria uma religião que está certa?

E aqui, só peço muito cuidado com a resposta. Principalmente se ela for dita assim, praticamente sem muita pesquisa, reflexão ou estudo. Existem três respostas possíveis. Ou você responde que sua religião é a correta, ou você responde que não sabe, mas que alguma religião pode sim ser a correta. Ou então, diz com convicção que nenhuma delas é correta. Seja lá qual for sua resposta - provavelmente está errada. A minha que eu escolhi também está, mas até aí acho que o título do blog já me dá esse ônus gratuito. Agora o que resta, é debater enfim, sobre qual é a crença certa à se ter.

Etiologia

Dentre as pesquisas, acho que a palavra mais importante que todo mundo deveria ter em mente - simplesmente porque sempre a usou durante sua vida inteira - é a etiologia. Para resumir, a etiologia é exatamente o que levou você a ler até esse ponto. É sua curiosidade dada alguma coisa, uma ideia, ou pergunta a ter uma resposta. E assim, a busca por respostas sobre qualquer coisa sempre existiu desde que você nasceu, desde que seu pai nasceu ou desde que um faraó egipício contemplava uma pirâmide. Todo mundo queria respostas das coisas que não sabia, e por isso, perguntavam. Etiologia é o estudo do porquê das coisas. Você já foi mestre nisso quando era pequeno, não é verdade? Tem gente que simplesmente aceita tudo o que lhe foi ensinado e jamais questiona aquilo que aprendeu. Outros, por sua vez, passam a vida toda questionando tudo. Para alguns, o lado etiológico morre, e para outros, ele apenas se modifica.

Aqui vem o primeiro ponto para que eu pudesse encerrar todo o assunto. Se você é do tipo que perdeu seu lado de "perguntar" sobre as coisas, então certamente não há o porque continuar essa leitura, já que nada aqui vai acrescentar nada. Até porque, mudarei radicalmente minha forma de escrever no próximo tópico, onde irei propor apenas um novo tipo de leitura. A leitura fundada justamente nesse lado questionador que para alguns ainda não está morto. Quer entrar nesse jogo?

Abrindo a mente...

Respire fundo e faça uma coisa simples, que é abrir a mente. Use um abridor de latas. Abrir a mente significa que você irá assumir que está pensando diferente do que você pensa por alguns instantes, de modo que não vai manter uma postura defensiva contra tudo aquilo que passar pela sua retina. O ideal mesmo seria ter uma mente aberta durante todos os dias de sua vida, mas eu sei o quanto isso é difícil e vou tentar exigir apenas que mantenha a mente aberta até o final desse post. Assim ficará mais fácil para meu jogo de perguntas que farei a seguir.

Serão ao todo 6 questões, todas com respostas que, se você tiver dificuldades em responder, então eu devo lhe parabenizar pelo belo exercício feito. Se suas respostas forem apenas um sim ou não, então volte para meu post sobre crenças e treine um pouco mais a parte do questionamento. Eu ainda pretendo fazer um post comentando as perguntas, mas claro, somente se algum dia nessa vida me vier motivação suficiente para tal, do resto, só adianto que para todas as perguntas, existe uma resposta que é errada e uma certa.

  1. Se você não soubesse a idade que possui, com quantos anos você acha que teria?
  2. Se você nascesse em um pais cuja predominância religiosa fosse outra bem diferente da sua, você acha que teria a mesma religião que tem hoje?
  3. Da mesma forma que a religião grega é vista como mitologia hoje em dia, existe alguma chance da religião cristã ser vista como mitologia no futuro?
  4. Quando você descobre uma verdade muito importante para sua vida, você considera que isso será importante para todos só porque foi para você?
  5. As vezes você escuta pessoas com ideias parecidas com as suas. Você acha que essas pessoas são mais inteligentes e simpáticas do que a média?
  6. Se você tivesse uma máquina do tempo que pudesse avançar ou voltar para qualquer que seja a data, você pretenderia usá-la para viajar para quando?


Respostas?

Eu deixei algumas perguntas que acredito serem boas para exercer o lado etiológico e indagador de seu íntimo. São aquelas perguntinhas que, eu espero que sua resposta não saia em cinco segundos. Mas tudo bem se sair, ficaria muito grato de qualquer maneira se pudesse compartilhar de alguma forma comigo.

Queria colocar um exemplo, talvez um pouco fora de tudo isso, mas que no geral tem haver com o exercício do pensamento como um todo. Você sabia que existem algumas pessoas hoje em dia que são Terraplanistas? Ou seja, elas acreditam fielmente que a terra é plana. Mesmo com tantos fatos por aí comprovando que nosso planeta é apenas um pontinho ínfimo no meio do universo.

E, um número um pouco maior de pessoas, embora saiba que vivemos numa esfera suspensa no meio do nada, tem plena convicção de que estamos bem no centro de todo o universo, onde galáxias, estrelas e planetas giram ao nosso redor, e não ao contrário. Esse tipo de pessoa é conhecido como geocentristas, mas que com o advento das aulas de ciência nas escolas, também são minoria.

Agora que as coisas começam a ficar legais. Quando entramos no conceito do criacionismo, onde é proposto que um criador deu origem a todo o universo, vemos que existem dois grupos bem distintos de crenças nesse aspecto, que são os chamados Criacionistas de Terra Jovem onde para eles o nosso planeta surgiu a pouco mais de cinco mil anos, e os Criacionistas de Terra Antiga, que dão um voto de confiança para os estudos de medição com carbono-14 da ciência e alegam que o planeta pode ser um idoso de pouco mais de bilhões de anos. Embora alguns nesse meio digam que o universo inteiro tem a mesma idade da Terra, outros nesse meio também vão dizer que a idade do universo é impossível de ser calculada.

Eu disse que ficaria interessante, porque como você vai percebendo, começam a existir grupos com ideologias muito fortes e que geralmente irão defender aquilo que crêem até se esgotarem. Mas isso não acontece muito com os Terraplanistas ou Geocentristas, que além de serem minorias, são facilmente convencidos do contrário. E porque você acha que isso acontece?

Basicamente por dois motivos: um é o número de evidências que provam que a terra não pode ser plana e nem o centro de tudo, e também, o acesso ao conhecimento em livros e pesquisas feitas pelo mundo todo que eles tem acesso. Qualquer um é capaz de comprar um telescópio e fazer suas próprias anotações e conclusões daquilo que vê.

Quando chegamos num ponto em que temos que dar uma resposta sobre quem criou o universo, aí as coisas mudam radicalmente de figura. Criacionistas e Evolucionistas não se misturam de modo algum, ao que me parece. E acredito que isso só se dá pelo simples fatos que comentei no início desse post: etiologia. Afinal de contas, é natural em nós a busca de respostas para todas as perguntas, e é muito mais fácil ter uma resposta do que não ter. Então, acreditar numa força superior como o criador de tudo é muito mais louvável do que dizer "eu não sei".






Gostaria apensar que deixasse sua opnião nos comentários do quão absurdo ou questionável foi esse post. Se quiser, pode ler alguma coisa sobre evolucionismo clicando aqui.

Conspirando contra RFIDs → Sobre os chips da besta
Suas crenças são mutáveis? → Seu sistema de crenças
Acaso vs Destino → Sobre coincidências ou não
Nosso único Cúmplice → Confie no seu cérebro e seja traído.

Veja a parte anterior dessa saga: [1-Dividindo Lados]

domingo, 13 de janeiro de 2013

O Cético Crente [1] - Dividindo lados


Desde que pensei pela primeira vez nesse blog, eu nunca quis se quer esbarrar um dedo para o lado da religião, e minha postura imparcial sobre o assunto se manteve até hoje.

Assim como minha saga pessoal sobre as Danças de Salão, eu queria aqui iniciar mais uma saga nesse blog, e pela primeira vez, para falar sobre um assunto que nunca tive a pretensão de falar. Religião.


Motivação da Abordagem


Quando eu comecei a fazer os posts sobre a Dança de Salão, minha única motivação era simplesmente escrever sobre aquilo que eu estava começando e que era muito diferente para mim.  Se eu fizesse um curso de idiomas muito diferente dos habituais, talvez eu também criasse uma saga aqui. Mas o que criou a motivação necessária para falar sobre algo ligado a religião vem de um paralelo muito simples: Eu, um sujeito tão desatento no mundo que nunca levou a religião a sério. Eu era o que muitos odeiam - sendo chamado de pseudo religioso - que é aquela pessoa que vai defender a bandeira de um credo e no fundo ter tantas dúvidas sobre aquilo que se torna um verdadeiro charlatão. Para quem é religioso, eu sou um verdadeiro traidor e para quem é ateu, também. Ou seja, eu sou aquele tipo de pessoa que pode receber pedradas de todo mundo e com absoluta razão. Por isso, tudo o que se tem que fazer numa hora dessas é escolher seu lado.

Escolhendo um Lado


Se pensarmos na religião como a política, então é até justo acreditar que temos que defender um lado que mais nos identifica. Ou não.

Na política, você é capaz de dizer se é uma pessoa de esquerda ou direita? Não importa sua bandeira nesse caso, já que hoje em dia as coisas estão muito misturadas, de modo que os partidários de esquerda englobaram muitas ideias de direita, e os de direita, assumiram algumas ideologias esquerdistas. Isso ao meu ver não é algo ruim, e tão pouco significa "trair o movimento". Significa apenas que você considerou que algumas coisas fora de sua crença eram melhores e as incorporou, enquanto outras que você desconsiderava, abstraiu. Desse modo você tem uma posição política sua, que não é nem melhor e nem pior do que as existentes, simplesmente porque sua mentalidade está feita do que é o melhor para si mesmo.

Mas mesmo você tendo um conceito sobre as posições politicas perfeitas, ainda assim as opções que tem de escolha em uma eleição não correspondem àquela causa exatamente perfeita que deseja. Ah, antes de mais nada, estou falando isso por mim (e por quem mais se identificar), porque eu sei que existem os fiéis partidários que votam com as suas convicções plenas do melhor partido, e isso não é errado. Mas estou falando por pessoas que, como eu, acham que todo o quadro político atual poderia ser melhor se aquilo de um, e aquilo de outro fossem unidos e não divididos.

Agora eu chego para onde eu queria falar. Na política você pode escolher um lado, mas e na religião? Eu costumo ver que sim, e não é atoa que igrejas com seus "pacotes" de interpretações bíblicas e conceitos atraiam ou distanciem pessoas até ela. Se uma pessoa discorda de certas ideias que o grupo religioso dela diz, então é justo que ela saia de lá. Se uma pessoa concorda, é dever dela defender esse ponto de vista. E aqui vem minha crítica pessoal aos dois lados - é agora que eu sou apedrejado pelos céticos e pelos crentes... Eu acho a crença e a descrença religiosa a contradição mais imbecil que já vi nesse mundo. Agora é a parte que você desce até os comentários e me xinga de todas as formas. Depois de me xingar, por favor, volte aqui e tente continuar a leitura...

Criando uma Religião


Nas definições da incontestável Wikipédia, diz-se que: "Religião é um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e seu próprios valores morais". Ou seja, vou apenas deixar claro que quando eu falo da religião, eu não falo de nenhuma específica, e por isso, ter uma religião não significa acreditar em Jesus Cristo ou em Maomé, e sim em uma interpretação do mundo que lhe tenta explicar o melhor modo de ser, pensar, agir, etc.

Tem muitos - e muitos - ateus que chegam em um cristão e começam a querer impor que qualquer tipo de crença é errado, e que só é certo quem vive no ceticismo absoluto. E aí, no mesmo momento, sempre surgirá um crente mais fervoroso que dirá que não é certo quem crê em um Deus, mas sim que é certo quem crê no mesmo Deus que ele. Para mim, os dois lados são compostos de pessoas que não querem aceitar que vivem em um mundo com diferenças de valores e ideologias, e por isso, todo mundo vive na perspectiva de que aquilo que ele pensa é melhor do que aquilo que qualquer outro pensa. E vai tentar acabar com esse umbiguismo de um crente ou de um ateu. Não tem como, o umbigo é dele e ele faz tudo girar ao redor do modo como ele quiser...

Conclusão


Eu queria deixar esse post mais neutro sobre o assunto, porque quero abordar nos próximos posts minha visão pessoal sobre a religião. Vou adiantar apenas uma coisa: eu sou um cético, às vezes até me passo por herege, pois numa discussão envolvendo religião, eu consigo atacar ateístas e crentes com tanta facilidade que todo mundo que olha pensa apenas duas coisas: Ou que eu adoro brigas, e por isso discordo de qualquer coisa que concordarem, ou que eu adoro tanto a paz que para concordar com tudo, discordo com os dois lados da discussão ao mesmo tempo.


Mas ultimamente eu estou na fase de piorar tudo. Agora eu não critico mais um lado ou outro, e sim concordo com os dois lados. Na verdade, a minha religião é sempre a mesma religião da pessoa com quem eu estiver conversando. Isso é útil, porque encerrasse um assunto do qual parece ser impossível de discorrer.

Corrida dos Rados [3] → Post anterior com foco no consumismo
Fim de Ano 2012 → Uma mensagem de paz para acalmar os ânimos
A Explicação de Tudo → Um bom motivo do porque concordo e discordo de tudo
Extremamente Simples → Uma ideia de geral de como as coisas podem ser simplificadas
Pois é, não expliquei o porque estou falando sobre religião, não é? No próximo capítulo dessa nova saga eu tentarei explicar, isso se não tiver ido para o inferno antes.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Corrida dos Ratos [3] - Consumismo


Chega o incio do ano. Chega o fim das férias. Chega o peso aumentado na balança. Chega uma conta para pagar. Chegam duas contas para pagar, e só isso daí pra frente. Assim sendo, como já é quase minha tradição nesse blog, não tem como passar janeiro sem mergulhar no assunto mais irresoluto de todos: dinheiro. Vou seguir aqui com a parte 3 sobre a corrida dos ratos, colocando em pauta o que penso do consumismo e sua fiel ligação com a sociedade rica e pobre em que vivemos.

Pobres Ricos e Miseráveis

Meu primeiro ponto é tentar entender, de modo definitivo, quando alguém é rico e quando é pobre, porque aparentemente o mundo se divide só entre esses dois tipos. Seja em conversas coloquiais, em churrasquinhos na laje (tipicamente coisa de pobre?), na midia ou pela internet aqueles banners virulantes dizendo: "Fique Rico dormindo!". Então, o que raios define alguém como sendo rico ou pobre, se mesmo para um rico o Bill Gates o faz parecer pobre, e para um pobre, o vizinho mais pobre o faz parecer rico?

É lógico que daria para encerrar toda a discussão dizendo: "Pontos de Vista". É lógico que daria para aplicar aquela coisa da grama do vizinho que é mais verde, porque tudo o que fazemos precisa partir de algum referencial. Isso reforça o belíssimo e impactante  Paradoxo da Escolha, que diz que quanto mais opções temos para avaliar, pior se torna nossa satisfação em torno do que decidimos.

Dessa forma, quando uma pessoa diz que a outra é rica ou pobre, na verdade ela está colocando um plano de comparação entre ela e o outro. Afinal de contas, basta olhar algumas fotos chocantes das crianças passando fome na África para que você perceba o quanto é absolutamente milionário e sortudo. Do mesmo modo, mesmo para aquelas pessoas que estão quase se decompondo vivas por não ter o que comer, ela é ainda é capaz de sentir melhor do que outra na mesma situação que já acabou morrendo por falta de alimento.

Claro que modelos matemáticos também são excelentes formas de criar esse parâmetro de comparação e dizer quem é quem. Pode-se pegar o PIB do país, que serve como comparação com o PIB de todos os outros países para dizer quem é o mais risco e o mais pobre e quem está ali no meio termo.

Padrão Consumista




Parte dessa dúvida irrelevante está muito relacionada ao fator de necessidade, e então acredito que as pessoas vão se tornando mais pobres ou mais ricas na medida em que seus sonhos e condições de realização dos sonhos se modificam.

Um exemplo prático: Imagine um Zé Mané que está solteiro e leva um estilo de vida bem previsível: casualmente sai com os amigos para se divertir num shopping, aluga alguns filmes para assistir em casa com a família e almoça fora de casa uma vez por mês.

Um padrão de vida como o do Zé Mané pode ser mantido com pouco dinheiro, e se o que ele receber no seu emprego for mais do que suficiente para suprir essas necessidades, então ele é Rico. E esse mesmo cara poderia ser considerado podre de rico se nem soubesse mais onde gastar seu dinheiro.

Mas é claro que estamos falando de um Zé Mané que consegue ser feliz só com os consumos básicos. Na prática, os consumos básicos nunca são suficientes porque vivemos através de uma imagem de riqueza que tenta nos convencer que essa riqueza sempre está lá fora, em algum lugar distante de nós. E obviamente, um Zé Mané não vive sozinho no planeta, e com isso, todas as aquisições das pessoas ao seu redor o tornam mais pobre à medida em que o mercado oferece mais opções de consumo diferentes.

É como se a felicidade e o modo "certo" de viver consistisse em você ter que possuir tudo o que inventam por aí. Celulares, roupas da moda, acessórios... Quanto mais coisa se inventa para você consumir, mais seus desejos pelo dinheiro se tornam necessários, e pela consequência óbvia, mais você se torna pobre se não conseguir acompanhar tudo isso, que na sua cabeça é uma necessidade, mesmo que na realidade não seja.

As tendências de moda falam para o tal Zé Mané do exemplo, que se ele não se vestir com roupas de marca ele não terá uma boa aparência. Se ele tiver que andar de transporte público então ele não tem dignidade. Se seu celular não é o novo modelo lançado recentemente então ele não pode fazer ligações melhores. Infelizmente a vida trás esses valores constantes dizendo que a felicidade só existe através do consumo incessante de tudo.

Quanto mais coisas se agregam ao seu desejo de posse, mais pobre você fica, e a única solução para resolver esse problema é conseguindo mais dinheiro. E aí o dinheiro já lhe transformou completamente, porque é como se sua vida só pudesse ser perfeita se o dinheiro estivesse em mãos. Preparado para a grande desilusão? Pois é, infelizmente a vida só pode ser perfeita através do dinheiro, porque uma vez que você cria seus valores e conceitos dentro de um sistema financeiro, eles não podem ser simplesmente mudados, porque a partir de então o movimento de tudo - incluindo o seu - é devido ao maldito dinheiro.

Conclusão


Sabe esse Zé Mané do começo da história? Pois é, imagine agora que ele está trabalhando dobrado e fazendo bicos para aumentar sua renda. Com mais dinheiro ele é capaz de consumir mais e, em teoria ser mais feliz. Mas chegará um momento em que ele estará exausto e não saberá mais como fazer para ter mais coisas que a mídia sociedade está lhe impondo e ele não pode comprar.

Antes que isso termine numa história triste, vamos lembrar que a vida não para e que as coisas não se movem tão somente pelos cifrões. Está no contrato social das pessoas que elas devem se casar um dia, ter filhos, uma casa para morar, um carro para garantir o conforto da locomoção e ainda dinheiro de sobra para o lazer dentro de um parque ou numa viagem inusitada nas férias.

Por isso o Zé Mané irá atrás de créditos bancários, empréstimos atrativos e dívidas que o farão se sentir mais capazes de conseguir ter posse das coisas. Ele irá passar a vida desejando promoções no trabalho e trabalhos melhores. O curso natural da vida lhe dará oportunidades para tudo isso, mas sabe o que estará presente no fim?

Zé Mané continua sendo um Zé Mané. Suas dívidas puxarão mais dívidas e ele entrará na chamada "Corrida dos Ratos", onde há milhares de outros como ele lutando pela sobrevivência financeira.

Eu já falei dessa corrida em dois posts, que você pode ler (se tiver paciência) clicando aqui e depois aqui. É claro que não são todas as pessoas que estão nessa corrida; sempre existirão aqueles que naturalmente conseguirão acumular recursos, poupar o que ganha e finalmente, conseguir estar fora dessa corrida da qual ninguém gostaria, por livre vontade, entrar.


Falar de dinheiro sempre é algo complicado, e algumas pessoas até o chegam a considerar um assunto tabu. Isso porque ele é o a mais bela explicação sobre o mal de um mundo em que o conceito do bem se aplica superficialmente graças ao ouro que se tem.

Retrospectiva Pessoal 2012 → Post Anterior sobre o Fim de Ano
Entrando na Rat Race → O momento em que se entra
Compreendendo a Rat Race → O momento em que se desespera
Censura Capitalista → O que penso do capitalismo
Mais um post chato para a coleção. E como sempre, chato e longo, para que não tenha do que reclamar.