Eu relutei em fazer um post sobre política, porque é assunto que particularmente me revolta. E qualquer coisa que sai com revolta tende a perder um pouco de seu lado justo e racional para abrir espaço à uma expulsão de sentimentos avulsos.
Florentina, Floretina, vote em mim.
Sempre em época de eleições, o freak show ao vivo direto dos carros de sons tenta tratar a todos como imbecis, como se alguma musiquinha estúpida fosse capaz de nos influenciar a votar. Se bem que deve funcionar, porque a repetição de uma idéia pode plantar uma nova idéia, mesmo que errônea.
A falta de opção (ou demasiada opção inútil) acaba fazendo com que as pessoas votem no mais corrupto ou no mais engraçado. Aliás, textos engraçados vendem mais, e isso é um fato. Num mundo envolto por altas cargas de stress, um pouco de humor parece servir como válvula de escape da realidade. Ou em outras palavras, é uma forma de se criar uma proteção contra a parte mais feia das coisas.
Rir é o melhor remédio, mas desde que não se ria de tudo, por aí já é insanidade.
Tampe os olhos
Bateram aqui na porta de onde trabalho (e na porta de casa) perguntando se podiam instalar um banner gigante de apoio a um candidato a deputado estadual. Quando perguntei as propostas daquele candidato, ele só foi capaz de responder:
_Ele vai melhorar as coisas aí. Saúde pro povo, Emprego. E então, pode por?
Aquele cidadão visivelmente nem sabia quem era o candidato pelo qual trabalhava. Apenas estava ali ganhando seu dinheiro para disseminar uma idéia que desconhecia.
As ruas se transformaram em verdadeiras feiras urbanas, e andar no centro da cidade é um ataque de informação inútil. Bandeiras, músicas e rostos desconhecidos estampados para todo o lugar. A idéia é simples, e em teoria realmente funciona: "Quando maior a repetição do nome, mais você tende a achar que o candidato é bom. Muitos indecisos acabam votando assim, levados por aquilo que mais viu, e não pelo que mais avaliou.
Pessoas votando às cegas estão por aí. Mas não estão nem aí.
Pode chutar um número?
Esses dias, lendo sobre nossa forma de tomar decisões, descobri que somos incapazes de lidar com uma escolha inteligente quando se está cercado de opções. Dizem que o cérebro acaba optando pelo que parece ser mais "bonitinho" ou aquilo que causa uma melhor primeira impressão. Isso funciona com qualquer coisa, desde escolher um par de sapatos a um presidente.
No cenário político, nossas opções são os candidatos e, quanto maior o número de opções disponíveis, mais fácil é escolher algo errado. Na maioria das vezes, acontece aquele "efeito de boiada", que faz com que quem tenha mais votos agregue mais votos dos indecisos. Na minha opnião, os indecisos nesse cenário político acabam sendo os piores eleitores porque eles vão seguir a maioria, mesmo se a maioria estiver errada.
Massa de Manobra
Não, isso não é mais uma daquelas teorias de conspiração falando que querem manipular o mundo ao custo de seitas esquisitas. Massa de manobra é esse efeito que acontece no dia a dia, quando alguém segue uma escolha só porque muita gente segue ela também.
Naturalmente os primeiros seguidores da idéia são aqueles que realmente fizeram uma decisão com sua base sólida e bem formada. E aí tudo começa quando os primeiros seguidores indicam seus amigos e parentes, e os mesmos, devido àquela concepção de "vamos dar uma força", acabam apoiando coisas que não conhecem muito bem.
Junta-se uma pequena multidão e a turma de curiosos aparece. Curioso é um imã magnético para mais curioso e, quando se dá conta, formou-se uma mentalidade única, onde se o primeiro pensar algo e seus descentes próximos aceitarem, então todo o resto pensará igual, já que eles são influenciados com a mesma facilidade que foram quando levaram aquela causa.
Se você vota sem saber as propostas de seu candidato, e o mais importante, sem concordar com toda ideologia, então você está nessa massa de manobra. Naturalmente pode pensar ter uma decisão que é sua, mas infelizmente é apenas uma escolha que seu cérebro tomou para você porque ele não é bom em questões de múltipla-escolha. Nesse caso, chute os números no dia da eleição; não fará a menor diferença.
Finalizando
Ainda queria continuar minha revolta falando da educação furada que se tem na escola, mas isso seria tema para um outro assunto bem conspiratório sobre "O Sistema". O sistema que está em nossas vidas e
Enfim, esse não será o último post sobre política, pois infelizmente ela é um mal necessário. Ou um bem que nas mãos erradas se torna um mal. Não sei ainda ao certo o que é a política, embora seja algo que muito me deixa desiludido.
Se você corcorda de algo ou discorda de tudo, deixe um comentário.
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