quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Acaso x Destino

Já cansei de ouvir minha mãe tentando erguer meu ego ao dizer: "Tudo tem seu tempo, meu filho. Quando tiver que ser, será."
A voz da experiência que vem dela me fazia criar questionamentos que pediam argumentação, do tipo: "Então, mesmo que eu passe o tempo todo trancado no quarto vendo TV, mesmo sem eu mover um único dedo tudo acontecerá no seu devido tempo? Essa lei do maktub não tem fundamento algum". Eu achava que tinha razão só porque minha mãe não conseguia contra-argumentar isso, mas infelizmente (ou felizmente?), eu estava errado.

Segue o relato dos fatos definitivos sobre a existência do destino.

Um dia algo acontece...

Um dos temas bem recorrentes nas histórias que gosto de escrever é sobre essa nuance entre o acaso e o destino. Isso porque é um tipo de coisa que consegue ao mesmo tempo se provar e se contradizer, simplesmente pelo fato de fazer parte de um paradoxo irresoluto. É a mesma coisa da fé: Você acredita por evidências pessoais, mas não pode provar porque essas evidências não estão presentes no consenso de todas as outras evidências.

De certo modo, existem acontecimentos na nossa vida que levantam aquela típica frase: "mas isso é muita coincidência...". E geralmente são coisas que podem ser atribuídas a sorte, milagres, destino, ou qualquer outro nome de definição casual. Ou seja, quando alguma coisa sai de seu âmbito de compreensão, você atribui o mérito para uma coisa que também não pode ser totalmente compreendida. É como tentar anular a gravidade usando outra gravidade. Pelo menos acredito que isso acontece com muitas pessoas. Uma menor parte apenas acha que aquilo foi um fator de sorte incrível, e outros ficam em cima do muro e não sabem no que acreditam.

Um detalhe: Não estou falando daquelas "coincidências" mais comuns, do tipo perder um ônibus para ir trabalhar e mais tarde descobrir que aquele ônibus quebrou ou algo do tipo. Isso poderia entrar no mérito da intuição aguçada, ajudinha celeste, percepção da subconsciência, dia de sorte ou qualquer outra coisa atribuída a um evento raro.

As coincidências que eu estou falando são daquelas capazes de mudar sua vida, e acontecem geralmente quando você acha que nem sua intuição, e nem um exército celeste ou mil pés-de-coelhos seriam capazes de desencadear tal cadeia de eventos. Uma cadeia de eventos magnífica (ou não) que dá a impressão que tudo aquilo já estava pré-destinado a acontecer muito antes.

A história de todos já está cravada em pedra, seria a explicação sobre o que é o destino, e como sempre, basta escolher entre acreditar ou não. Se acreditar, então tudo é mais fácil e o assunto pode terminar aqui. Mas se não acreditar, então chegamos no próximo passo que tenta definir o destino e provar sua existência: E eu, maluco por nascência, jamais iria definir que um assunto acabou, por mais acabado que poderia ficar. E lá vamos nós novamente... provando o vinho tinto do maktub.

Um dia algo acontecerá...

É muito fácil prever o futuro. Por exemplo, eu digo: "Você vai envelhecer". Isso foi uma previsão do futuro baseada em conhecimento de rotina. Mesmo que acabe morrendo antes da hora e nem chegue a envelhecer, ainda assim é um palpite certeiro. Um exemplo bem imbecil, diga-se de passagem, mas o ponto é que isso é meio caminho andado para pensar no destino com outro ponto de vista.

Se levar em consideração o tempo, então o destino deixa ser um simples amontoado de acontecimentos incríveis e inexplicáveis que formam sua história, e passa a ser uma linha universal que envolve a todos de modo único e irrefreável. Mesmo que a ciência hoje já esteja novamente comprovando outra teoria de Einstein, de que o tempo passa diferente de acordo com a velocidade em que se move.

Bom, voltando ao assunto: O tempo é capaz de fazer você perceber o quanto as coisas aconteceram e levaram você até o ponto atual. E ali, nesse ponto, é fácil aplicar as coincidências dizendo: "Tudo o que aconteceu tinha que ser assim", simplesmente porque você só tem a referência do momento da vida atual, e não é fácil pensar no quanto outras coincidências incríveis poderiam ter acontecido se decisões diferentes fossem tomadas ao longo da vida.

Não há aquela bela frase que diz: "A história de nossas vidas é a história de nossas escolhas"? Pois é. E aí, no dia-a-dia nós construímos nossa história, mas só poderemos ter noção da complexidade de tudo ao nosso redor com o passar do tempo, pois é lá na frente que se tem as certezas das coisas que por enquanto hoje são apenas pedaços isolados de uma história em desenvolvimento.

Sendo assim, o contexto sobre destino parece começar a caminhar de modo mais lógico; quando você estiver no topo da montanha e olhar o caminho que percorreu, vai se assustar com o quão longe chegou, e o quanto de coisas aconteceram no meio do caminho que o fizeram chegar lá. E é com essa base que a ideia de "destino" vai parecer mais visível, já que aparentemente você desconsidera que todas as escolhas poderiam ter sido diferentes mas não foram.

Um dia algo aconteceu...

Imagine algum caso de um cidadão que nasceu no meio da pobreza, e no meio de sua adolescência se envolve com drogas e começa a arruinar a vida da família. Então, ele é levado para internação e lá conhece uma bela jovem pela qual tem um romance. Certo dia essa moça recebe uma proposta de trabalho que torna o casal rico, e assim vivem felizes por um longo tempo. Essa história, que é mais comum do que se parece, pode ser considerada como acaso, sorte ou destino?

A resposta depende do ponto de vista, pois se você considera os fatos do inicio ao fim, pode julgar cada evento como um acontecimento de sorte. Mas se considerar os fatos na ordem inversa, e pensar que o cidadão só se tornou rico devido a tudo que passou, então isso pode ser considerado o destino. Ou seja, destino e acaso andam juntos, por mais incoerente que isso possa parecer.

Essas são discussões que podem levar muito tempo, e dificilmente vão mudar o conceito de alguém sobre o que ela já acredita. E isso porque provavelmente todos estão certos e errados ao mesmo tempo, já que a definição disso ou daquilo depende muito do contexto aplicado.








Conclusão

O destino pode aparecer em histórias, porque naturalmente muitas histórias são escritas com ela, mas sob um nome diferente: roteiro. O destino seria o roteiro de nossas vidas previamente escrito? Ou seria a união de acasos, que somados formam o destino? Ou talvez ele seja apenas a consequência de escolhas tomadas hoje, que ao mesmo tempo invalidam o hoje como parte de um destino maior?

Deixa pra lá, é mais fácil apenas considerar sua existência do que argumentá-la. Afinal, não é porque você não é capaz de avançar o tempo e ver o final que ele já não está escrito; imagine só todos aqueles físicos renomados dizendo que a viagem no tempo é possível (por enquanto só ao futuro). Então, qual prova maior do que essa? Einstein com suas teorias da relatividade tentando desmistificar o tempo e criando provas de que o futuro já foi feito, pois do contrário, como seria possível avançar sobre ele? Uma vez que ele já está lá, prontinho, então pode começar a rir da sua vida nesse exato instante: babe com todas as possibilidades de escolhas que pode fazer, e ria pelo simples fato de que todas elas já foram feitas, só que você ainda não viajou no futuro para vê-las.

E agora que já estamos começando uma nova quebra de paradigmas, talvez surjam outros contextos que nem poderíamos imaginar nos dias de hoje. A velocidade do tempo, que parecia ser impossível de ser ultrapassada, já está caindo no conceito do passado, e não duvido nada para que em poucos anos isso se torne coisa de herege, isso se já não for heresia demais ter pensamentos assim hoje em dia.

Não posso deixar de constar aquela resposta memorável de Neo, quando questionando por Morpheus se ele acreditava em Destino. "Não acredito.", ele disse. "Não suporto a ideia de que tenha alguém controlando minha vida".


E agora, será que você não estava destinado a deixar um comentário depois que lesse esse texto?

"O destino não existe, até que você perceba que está dentro dele".


Eu disse que seria um post curto. E de fato, foi curto. Se você não acredita, eu lhe desafio a conhecer alguns posts que eu considero um "pouquinho" maiores clicando nos links abaixo:


Carnaval →  Minhas desilusões do carnaval, neste post anterior.
Karma →  Um bom complemento (com vídeo) sobre esse tema
Sobre o Tempo Falando sobre destino, lembrei-me do tempo
Imortalidade Se não liga para o destino, então vire imortal.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Carnaval

Deixemos o óbvio de lado, e assim pouparemos de comentar o básico. O básico sobre o carnaval é que muitos gostam e muitos odeiam. Eu estou do lado daqueles que odeiam, mas confesso que sou um hipócrita, pois gosto dos dias em que posso passar o feriado em casa sem pensar no trabalho. Detesto toda libertinagem envolvida nesses dias, mas gosto de pensar na ideia de como parece haver uma falsa felicidade provida justamente por essa mesma libertinagem. Também não gosto de assistir nenhum desfile das escolas de samba, mas não nego que admiro aquelas construções gigantescas se passar perto de alguma. Enfim, sou apenas um ser medíocre que observa o carnaval com a passagem natural que vem dele. No fundo, torço para que passe logo, mas bem que o feriado poderia ser mais longo...


Esse será um post mais curto que os tradicionais, até porque não tenho muito o que dizer sobre o Carnaval. É possível ler a história dele em um milhão de sites diferentes, é possível esperar os "escândalos" envolvendo alguma celebridade para ter o que comentar com seus amigos, ou simplesmente esquecer desse feriado.


Me lembro que minha grande revolta pelo carnaval começou durante a infância, onde eu não entendia o porquê paravam de passar meus desenhos favoritos durante uma semana. Eu querendo saber se o cavaleiro Pégasus iria conseguir salvar Saori, e de repente colocavam um monte de gente usando armaduras mínimas para tapar seus sexos enquanto sambavam sem ao menos cantar a música que tocava de fundo. E se Saori não fosse salva? Como poderia o carnaval ser mais importante que os cavaleiros lutando para salvar o mundo!?

Hoje em dia não sou mais escravo da TV, e mesmo assim parece que meu ódio pelo carnaval vem dessa parte que não consegui perdoar. Hoje em dia me vingo vendo dezenas de filmes, desenhos ou animes na hora que quiser, mas não consigo captar nada de bom no carnaval. Eu deveria até ser capaz de ceder a minha parte masculina que quer ver as mulheres desfilando nuas, mas isso parece ferir tanto a moralidade que simplesmente não consigo esboçar um sorriso, mas sim vergonha. E em cada carnaval é a mesma coisa: dias marcados no calendário para se quebrar o pudor, em troca dos próximos 40 dias pedindo perdão aos pecados.

Não quero entrar no mérito religioso, e nem supor que a quaresma seja usada como rendição pelas pessoas. Até porque, se isso acontecesse, então entraríamos em erros estratosféricos.

Carnaval é isso. Não consigo falar bem dele, nem quando me proponho a falar bem dele. Eu já tive uma época que consolava que o carnaval era bom porque nele todos pareciam esquecer todos os problemas e saírem para festejar. Hoje em dia já nem consigo mais usar esse apelo, visto que é justamente no carnaval onde aumenta o índice de violência, abortos, acidentes no trânsito devido a bebida... enfim, definitivamente não consigo falar bem dele. Mas mesmo assim, nas palavras desse ser hipócrita que escreve, um feliz carnaval à todos.


Eu disse que seria um post curto. E de fato, foi curto. Se você não acredita, eu lhe desafio a conhecer alguns posts que eu considero um "pouquinho" maiores clicando nos links abaixo:


A primeira impressão →  Nem é tão longo, mas foi o post anterior.
O único cúmplice →  Spoiler: é você mesmo. Desculpe. =)
A Corrida dos Ratos Tem duas partes, então é algo longo.
Dança de Salão  Tem cinco partes, então ganhou da corrida acima.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

A Primeira impressão

Um número infinito de possibilidades de coisas para se fazer na vida, incluindo as que não são mais possíveis, as que estão por aí nesse instante e aquelas possibilidades que ainda nem existem. É tanta coisa para se fazer que, infelizmente não se faz nada.


Não é nenhuma novidade que nosso cérebro tenha muitas características similares ao de um processador não-pensante. Por exemplo, quando você fica repetindo um número de telefone várias vezes para não esquecer, tudo o que você está fazendo é forçando a memória a não te deixar na mão, não importa o quanto aquele telefone seja importante pra você. Um outro exemplo, e onde quero chegar nesse post, é sobre a primeira experiência que temos de qualquer coisa. A primeira experiência é quando o processador usa toda sua carga para instalar um programa, acessar os hardwares e instalar os plugins dependentes do funcionamento. Se instalar um outro programa similar, os plugins já estão lá e nem precisam mais ser requisitados, mesmo que a versão esteja desatualizada.

Todas as novidades que chegam até nós tem mais força de serem memorizadas do que qualquer outra, e por isso, se a primeira experiência é desagradável, certamente haverá muitas relutas ao tentar repeti-la novamente. Claro que existe vários tipos diferentes de experiências. Então vou tentar enumerar aqui as que eu considero mais importantes, baseadas aleatóriamente sem nenhum tipo de pesquisa aprofundada à respeito:


Experiências com Adrenalina

Queria resumir aqui vários tipos de experiências consideradas radicais, como um salto de Bungee jumping, voo de paraquedas, tirolesa, e outras mais que podem desencadear a boa adrenalina no corpo. Nesses casos, como a duração dessa primeira experiência geralmente é curta, então a consideração final de que ela foi boa ou ruim é decisiva para que você queira repeti-la novamente ou não. Vamos supor que você é um padre que deseja voar com balões. Se a experiência for boa e conseguir fama e repercussão com isso, certamente irá planejar outras viagens no futuro. Mas e se for ruim, então nunca mais tentará isso novamente. E sim, isso foi humor negro.






Experiências com Viagens

Eu sei que a primeira experiência em uma viagem não pode ser tida como ponto de análise para  tantas outras experiências da vida, mas existe um pequeno ponto que queria compartilhar: Uma viagem pode ser completamente desastrosa por vários motivos, mas mesmo assim, uma primeira experiência negativa não invalida na possibilidade de novas viagens. Acho que isso acontece porque é mais fácil analisar o que aconteceu de errado, e o que poderia ter sido feito para evitar aquilo. Ou seja, caso você tente viajar para a estratosfera e esqueça de levar uma máscara de oxigênio, certamente pensará em repetir a viagem levando uma consigo da próxima vez.







Experiências com Romances

Não estou falando do primeiro beijo, ou da primeira relação sexual. Estou tentando resumir a primeira experiência em um relacionamento, já que nos dias de hoje existem muitas chances de ser a primeira de muitas, ou a primeira de infinitas. Acredito que a primeira experiência, por mais desagradável que possa ser, jamais chegará ao ponto de ser traumática de modo a nunca mais querer se relacionar novamente. E o motivo disso, talvez seja porque o primeiro vem realmente em primeiro. Como assim?

A primeira experiência de um relacionamento não é quando ela termina, e sim como ela começa. Ou seja, a parte boa se preserva por mais tempo, e quando acontece algum tipo de rompimento, basta considerar o que levou ao término para que uma nova experiência aconteça sem muitos receios. Ou seja, a primeira experiência, pelo que tudo indica, acontece nos primeiros instantes e depois disso, já se torna consequência de ações.

Talvez, em uma nova reflexão barata, seja esse o motivo que levaria o mais desastroso casamento se repetir novamente na vida de uma pessoa. A experiência do término pode ser ruim e traumática, mas a do início não é, e isso pode ser o estopim para que as portas não fiquem fechadas.






Experiências com Filhos

Vou tentar propor uma teoria (aff, mais uma?), com base em pouquíssimas observações, de que a primeira experiência com um filho é sempre a mais incrível de todas. Obviamente pode ser traumática, principalmente se houverem complicações durante e após o parto; mas vou propor que tudo tenha sido conforme o esperado e dentro do mais perfeito e consciente controle do futuro.

Diante disso, muitas vezes a criança já nasce como cobaia para experimentos educacionais, onde os pais farão de tudo o que achavam que não foi feito por eles em sua criação. Vou apenas considerar mais uma condição para continuar minha teoria: esse primeiro filho teve seu desenvolvimento muito bem acompanhado pelos pais, e não pelos avós ou donas de creche.

A família nova e feliz está ali, diante de uma experiência incrível que vai render muitas e muitas memórias (e histórias) para o futuro. O tempo vai parecer passar rápido, mas mais rápido do que essa passagem do tempo, será a conduta quanto ao aumento da espécie.

Se depois de algumas discussões, a experiência se mostra mais agradável do que traumática, então a possibilidade de repeti-la é grande, e daí uma segunda criatura criança nasce.Vamos supor que, devido a diferença não tão grande de idade dessas duas crianças, exista várias complicações adicionais que suguem toda vida social e afetiva do casal. Daí a experiência estará negativa, mas já que a primeira foi boa, então um terceiro irmãozinho ou irmãzinha poderá surgir mais tarde. Bem mais tarde. Tarde o suficiente para que, julgando já ter experiência e maturidade o suficiente na criação de filhos, o último integrante da família seja criado com dificuldades menores.

Ou seja, pressuponho que a primeira experiência é a mais importante porque ela pode definir muito bem se haverá ou não novas experiências. Talvez por esse motivo, a maioria das coisas que nos dão prazer acontecem no intuito de que iremos repetir aquilo mais e mais vezes de modo completamente natural.






Experiências com Emprego

Continuando essa filosofia imbecil sobre experiências, quero tentar aplicar isso para os pontos que nem sempre são bem observados, como por exemplo, no aspecto profissional. É que nesse aspecto, às vezes fico em dúvida se não acontece uma grande inversão de conceitos: Considerando que a experiência e salário são baixos no primeiro emprego e a concorrência é desleal, acredito que as experiências do primeiro emprego nem sempre são agradáveis.

Oras, vamos pensar nas ansiedades iniciais pelas entrevistas, pela rotina forçada que está presente em muitos escraviários, e caso haja estudos em andamento, então o cansaço ganha um bom agravante inicial. Ainda assim, por mais desagradável que aquilo possa parecer, por mais forte que seja o soco da realidade, geralmente a primeira experiência de um emprego não é algo desencorajador para todas as demais.

Será que então, o fator da primeira experiência influenciar o futuro não tenha fundamento nenhum?

Acho que na verdade, isso ajuda a compreender (ou tentar compreender) muita coisa: A primeira experiência precisa ser boa para incentivar as demais, só que quando a necessidade é maior do que o simples fato de querer repetir ou não a experiência, então isso abre a regra à essa exceção. Já que para fugir da corrida dos ratos nós temos que trabalhar, então a experiência - mesmo que negativa - se torna uma forma de nós mesmos tentarmos melhorar aquilo que está ruim, e acredito que nesse aspecto, por mais que seja um trabalho desmotivacional, , ainda assim é o que mais contribui com nossa experiência de vida.






Experiências com Morte

A primeira vez que você morre é sempre muito import... ops, acho que não era bem isso. Não é a primeira experiência com sua morte ou com a morte de pessoas próximas que quero propor aqui, porque isso é um fator tão natural na vida que não importa o tempo do luto, a angústia causada pela dor ou a depressão recaída em consequência. A morte é uma entidade que nos visita ocasionalmente para nos relembrar o quanto precisamos dar mais valor a nossa vida.

Mas o que acontece quando a morte deixa de ser uma entidade de reflexão e passa a ser uma entidade de aviso? Por exemplo, uma primeira experiência em um acidente, em um assalto violento ou um desastre da natureza. Certamente nesses casos a morte parece ficar tão íntima que as chances de desencadear traumas é muito grande. E de todas as experiências que já citei aqui, a experiência com morte é a única que não tem como ser boa, exceto que você sobreviva de um modo épico.






Conclusão

Para tudo há uma primeira vez, e para muitos, a primeira vez de qualquer coisa é tão especial que  geralmente vira motivo de história nas rodas sociais. Para uma pessoa que teve poucas dessas experiências de "primeira vez", elas se tornam ainda mais significantes. Ao mesmo tempo, todo primeiro contato com algo novo tem o poder de trazer expectativas e ansiedade, e como todos já sabem: expectativa é o pai de todas as decepções. E isso leva a mais uma desilusão para contribuir nesse repertório pessoal blog de desilusões.

Já pensou em como pode ser interessante a primeira experiência em postar um comentário? Tudo bem, não tem nada de interessante nisso, mas só o fato de alguém ler isso já significa que minha primeira experiência em postar um texto longo e inútil não foi em vão.


Amizade Mutável  →  Meu post anterior, em brinde a inimizade.
Dança de Salão, oh não → primeira experiência com dança.
Efeito Placebo. - primeira experiência com show e friendzone
Boa divisão entre o bem e o mal - minha primeira desilusão humana

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Amizade Mutável



A grande maravilha e doença do novo milênio é a internet tal das redes sociais. Graças a ela, eu pude encontrar pessoas de eras bem antigas, e confirmar como tudo evoluiu. É sempre assim: Para que a gente tenha noção da mudança e do efeito violento do tempo, é necessário olhar para um ponto bem distante do atual, e ali ver claramente o que esse mesmo tempo não permitiu que ninguém visse.

E aí, percebi como certas pessoas mudaram, e como outras parecem ser exatamente as mesmas. Do ponto de vista genérico, ocorreu uma grande transformação, mas do ponto de vista de cada um, as coisas apenas seguiram sempre em frente. Mesmo assim, todos nós conseguimos dizer como éramos no passado, e as coisas que fazíamos antes e que não fazemos mais. Maturidade, experiência e compreensão só são adquiridos conforme se vive, e tirando o blá-blá-blá nostálgico sobre passado  e futuro, quero recorrer à apenas um ponto nessa história toda: x-man amizade mutável.



Experimentando o Fato

Pessoas entram em nossas vidas, e então, de repente somem. Às vezes cometemos erros que permitem que isso aconteça, e as vezes, isso acontece independente de nossa vontade.

Nem posso indagar o quão bizarro é você andar na rua, ver uma pessoa que era seu amigo, e ela não te reconhecer. Você até pensa em dizer que se lembra dela, mas por algum motivo, essa conversa acontece somente através do olhar. Alguns segundos de silêncio e o mundo se fecha novamente, selando a única oportunidade que se teria para obter uma resposta do porque isso aconteceu.

Já vi casos de pessoas que se odiavam amargamente, e tempos depois, casaram. Obviamente, a impressão que fica é que fizeram isso só para arrancar olhares surpresos e comentários de perplexidade de todos ao redor. Também vi coisas bem opostas, que numa equação inexplicável, havia uma pessoa que era igual a outra num dia, e rivais mortais no outro. Coisas de Naruto da vida.

Com tantos milhares de pessoas que estão por aí andando nas ruas todos os dias, porque será que escolhemos apenas um pequeno e seletivo grupo para estar ao nosso lado? Obviamente, não é bem nós que escolhemos, porque isso acontece de modo automático; não teríamos condições para ter o mesmo grau de amizade com milhares de pessoas, e nossa própria mente limitada não saberia lidar com tanta gente assim.

E novamente estamos no meio de uma estrada, andando de mãos dadas com algumas pessoas que atingiram altos degraus da amizade escalável e tudo indica que nem a ferocidade do tempo é capaz de separá-las. Mas então, se separam. Antigamente era mais fácil isso acontecer do que hoje, porque hoje em dia se tem mais facilidade de se manter contato do que antes. Mas mesmo assim, tudo é muito mutável. Porquê?

Analisando os Fatos

Essa mudança, e toda essa insegurança que o mundo nos permite ainda me é incompreensível demais. E aqui nem vou perder meu tempo gerando teorias e mais teorias sobre o porque isso acontece tantas vezes o tempo inteiro. Acredito que tem haver com aquela coisa de valores pessoais + oportunidades. Uma coisa está ligada a outra, porque nossos valores pessoais vão dizer o que (ou quem) deve estar mais próximo ou mais distante da gente, e mesmo que inconscientemente vamos nos aproximando ou nos afastando das pessoas mais diferentes de nós.

É aquela coisa dos bandos, que existe em várias espécies da natureza, onde todos procuram cercar-se de grupos com ideologias e costumes similares para fortalecer aqueles valores e fazerem os mesmos continuarem adiante. Como um amigo meu me disse outro dia quando lembrávamos de pessoas que nunca mais vimos; ele disse algo assim: "Pois é, mesmo que quiséssemos reunir todo mundo agora seria impossível, porque cada um criou seu próprio universo, e cada universo seguiu muito diferente do nosso, como se cada um desses universos tivesse as próprias regras".

Então é isso. Universos paralelos e dimensões incríveis englobando à todos de modo único e bem particular. As vezes você entra em um outro universo, mas como já vi em um livro de negócios, vou tentar parafrasear aqui:

"Nenhum funcionário vai entrar e agregar novos valores à sua empresa. A empresa é a entidade que define seus funcionários, dada a mente dos proprietários. Mas a princípio, caso um funcionário agregue coisas novas, certamente a empresa foi a primeira a agregar seus valores ao funcionário para que o mesmo contribuísse com os dele".

Especulando os Fatos

Como toda especulação, preciso iniciar com uma pergunta: Pode ser considerado uma amizade verdadeira uma amizade que mudou? Parte da especulação positiva diz que sim, porque a vida é feita de momentos, e enquanto existia a amizade, ela foi de fato verdadeira. Acabar não anula isso. Não é porque alguém morre que tudo o que ela fez enquanto viva foi falso.

Todavia, tem a especulação negativa da coisa. Nessa especulação negativa, podemos considerar que uma amizade bela e saudável mudou da água pro vinho porque desde o início havia algo errado. É como se houvesse uma tentativa de alinhar as realidades, mas as realidades se chocaram ao invés de se unirem. A parte complicada dessas especulações é que como toda especulação, não há como saber o quão verdadeiras podem ser.

E para citar os casos inversos? Pessoas que foram amigos de infância, depois sumiram e se tornaram desconhecidos na rua. Depois de anos, algum evento do destino coloca aquelas pessoas juntas novamente, como por exemplo, um emprego em uma mesma empresa. Como o sumiço de ambos não foi marcado por nenhuma revolta ou discussão amarga, então é provável que tudo volte ao mesmo degrau da escala em que pararam.

Acabo chegando a conclusão de que a mutação de toda amizade tem mais haver com a influência do tempo do que com a influência das pessoas. Porque se elas não se dão bem, não haverá uma mutação, e sim uma aceitação dos fatos. Mas se elas não se dão bem e ficam anos e anos sem se ver, há uma chance de que nem se reconheçam mais quando se verem novamente, e todos os valores e experiências diferentes adquiridos por ambos os transformem completamente em novas pessoas.

Conclusão

Toda amizade é escalável, e ao mesmo tempo, também pode ser mutável. Essa teoria entra em contradição com uma outra que já postei aqui, dizendo que tudo é uma cadeia de interesses. E nessa cadeia de interesses, queremos nos cercar de pessoas que agreguem valores à nós. Se desejamos ser amados, queremos pessoas que nos amem, e isso não deixa de ser um tipo de interesse. O problema é que amar, para citar apenas um exemplo, é condicionado com várias características e traços de personalidade nossos. Ou seja, se alguém é capaz de mudar esses traços de personalidade, então é óbvio que seus amigos também podem mudar. Tudo é mutável nessa vida, e a mágica dessa alquimia irreversível é o que nos torna especiais e poderosos.

Aproveitando a mutação das coisas, você pode mudar seu estado de espírito e xingar ou elogiar tudo nos comentários. Ou então, se tal desejo de procrastinar sua opinião for maior, experimente algum outro post relacionado à isso.

De onde ver a Angústia?  →  Meu post anterior, totalmente angustiante
(...) Escalável → os níveis escaláveis de interesse, amizade e amor.
Sempre ao Seu Lado. - Um post com esse filme e outros vídeos 
Karma, você tem Carma - Uma opinião avulsa sobre Carma.