domingo, 12 de fevereiro de 2012

A Primeira impressão

Um número infinito de possibilidades de coisas para se fazer na vida, incluindo as que não são mais possíveis, as que estão por aí nesse instante e aquelas possibilidades que ainda nem existem. É tanta coisa para se fazer que, infelizmente não se faz nada.


Não é nenhuma novidade que nosso cérebro tenha muitas características similares ao de um processador não-pensante. Por exemplo, quando você fica repetindo um número de telefone várias vezes para não esquecer, tudo o que você está fazendo é forçando a memória a não te deixar na mão, não importa o quanto aquele telefone seja importante pra você. Um outro exemplo, e onde quero chegar nesse post, é sobre a primeira experiência que temos de qualquer coisa. A primeira experiência é quando o processador usa toda sua carga para instalar um programa, acessar os hardwares e instalar os plugins dependentes do funcionamento. Se instalar um outro programa similar, os plugins já estão lá e nem precisam mais ser requisitados, mesmo que a versão esteja desatualizada.

Todas as novidades que chegam até nós tem mais força de serem memorizadas do que qualquer outra, e por isso, se a primeira experiência é desagradável, certamente haverá muitas relutas ao tentar repeti-la novamente. Claro que existe vários tipos diferentes de experiências. Então vou tentar enumerar aqui as que eu considero mais importantes, baseadas aleatóriamente sem nenhum tipo de pesquisa aprofundada à respeito:


Experiências com Adrenalina

Queria resumir aqui vários tipos de experiências consideradas radicais, como um salto de Bungee jumping, voo de paraquedas, tirolesa, e outras mais que podem desencadear a boa adrenalina no corpo. Nesses casos, como a duração dessa primeira experiência geralmente é curta, então a consideração final de que ela foi boa ou ruim é decisiva para que você queira repeti-la novamente ou não. Vamos supor que você é um padre que deseja voar com balões. Se a experiência for boa e conseguir fama e repercussão com isso, certamente irá planejar outras viagens no futuro. Mas e se for ruim, então nunca mais tentará isso novamente. E sim, isso foi humor negro.






Experiências com Viagens

Eu sei que a primeira experiência em uma viagem não pode ser tida como ponto de análise para  tantas outras experiências da vida, mas existe um pequeno ponto que queria compartilhar: Uma viagem pode ser completamente desastrosa por vários motivos, mas mesmo assim, uma primeira experiência negativa não invalida na possibilidade de novas viagens. Acho que isso acontece porque é mais fácil analisar o que aconteceu de errado, e o que poderia ter sido feito para evitar aquilo. Ou seja, caso você tente viajar para a estratosfera e esqueça de levar uma máscara de oxigênio, certamente pensará em repetir a viagem levando uma consigo da próxima vez.







Experiências com Romances

Não estou falando do primeiro beijo, ou da primeira relação sexual. Estou tentando resumir a primeira experiência em um relacionamento, já que nos dias de hoje existem muitas chances de ser a primeira de muitas, ou a primeira de infinitas. Acredito que a primeira experiência, por mais desagradável que possa ser, jamais chegará ao ponto de ser traumática de modo a nunca mais querer se relacionar novamente. E o motivo disso, talvez seja porque o primeiro vem realmente em primeiro. Como assim?

A primeira experiência de um relacionamento não é quando ela termina, e sim como ela começa. Ou seja, a parte boa se preserva por mais tempo, e quando acontece algum tipo de rompimento, basta considerar o que levou ao término para que uma nova experiência aconteça sem muitos receios. Ou seja, a primeira experiência, pelo que tudo indica, acontece nos primeiros instantes e depois disso, já se torna consequência de ações.

Talvez, em uma nova reflexão barata, seja esse o motivo que levaria o mais desastroso casamento se repetir novamente na vida de uma pessoa. A experiência do término pode ser ruim e traumática, mas a do início não é, e isso pode ser o estopim para que as portas não fiquem fechadas.






Experiências com Filhos

Vou tentar propor uma teoria (aff, mais uma?), com base em pouquíssimas observações, de que a primeira experiência com um filho é sempre a mais incrível de todas. Obviamente pode ser traumática, principalmente se houverem complicações durante e após o parto; mas vou propor que tudo tenha sido conforme o esperado e dentro do mais perfeito e consciente controle do futuro.

Diante disso, muitas vezes a criança já nasce como cobaia para experimentos educacionais, onde os pais farão de tudo o que achavam que não foi feito por eles em sua criação. Vou apenas considerar mais uma condição para continuar minha teoria: esse primeiro filho teve seu desenvolvimento muito bem acompanhado pelos pais, e não pelos avós ou donas de creche.

A família nova e feliz está ali, diante de uma experiência incrível que vai render muitas e muitas memórias (e histórias) para o futuro. O tempo vai parecer passar rápido, mas mais rápido do que essa passagem do tempo, será a conduta quanto ao aumento da espécie.

Se depois de algumas discussões, a experiência se mostra mais agradável do que traumática, então a possibilidade de repeti-la é grande, e daí uma segunda criatura criança nasce.Vamos supor que, devido a diferença não tão grande de idade dessas duas crianças, exista várias complicações adicionais que suguem toda vida social e afetiva do casal. Daí a experiência estará negativa, mas já que a primeira foi boa, então um terceiro irmãozinho ou irmãzinha poderá surgir mais tarde. Bem mais tarde. Tarde o suficiente para que, julgando já ter experiência e maturidade o suficiente na criação de filhos, o último integrante da família seja criado com dificuldades menores.

Ou seja, pressuponho que a primeira experiência é a mais importante porque ela pode definir muito bem se haverá ou não novas experiências. Talvez por esse motivo, a maioria das coisas que nos dão prazer acontecem no intuito de que iremos repetir aquilo mais e mais vezes de modo completamente natural.






Experiências com Emprego

Continuando essa filosofia imbecil sobre experiências, quero tentar aplicar isso para os pontos que nem sempre são bem observados, como por exemplo, no aspecto profissional. É que nesse aspecto, às vezes fico em dúvida se não acontece uma grande inversão de conceitos: Considerando que a experiência e salário são baixos no primeiro emprego e a concorrência é desleal, acredito que as experiências do primeiro emprego nem sempre são agradáveis.

Oras, vamos pensar nas ansiedades iniciais pelas entrevistas, pela rotina forçada que está presente em muitos escraviários, e caso haja estudos em andamento, então o cansaço ganha um bom agravante inicial. Ainda assim, por mais desagradável que aquilo possa parecer, por mais forte que seja o soco da realidade, geralmente a primeira experiência de um emprego não é algo desencorajador para todas as demais.

Será que então, o fator da primeira experiência influenciar o futuro não tenha fundamento nenhum?

Acho que na verdade, isso ajuda a compreender (ou tentar compreender) muita coisa: A primeira experiência precisa ser boa para incentivar as demais, só que quando a necessidade é maior do que o simples fato de querer repetir ou não a experiência, então isso abre a regra à essa exceção. Já que para fugir da corrida dos ratos nós temos que trabalhar, então a experiência - mesmo que negativa - se torna uma forma de nós mesmos tentarmos melhorar aquilo que está ruim, e acredito que nesse aspecto, por mais que seja um trabalho desmotivacional, , ainda assim é o que mais contribui com nossa experiência de vida.






Experiências com Morte

A primeira vez que você morre é sempre muito import... ops, acho que não era bem isso. Não é a primeira experiência com sua morte ou com a morte de pessoas próximas que quero propor aqui, porque isso é um fator tão natural na vida que não importa o tempo do luto, a angústia causada pela dor ou a depressão recaída em consequência. A morte é uma entidade que nos visita ocasionalmente para nos relembrar o quanto precisamos dar mais valor a nossa vida.

Mas o que acontece quando a morte deixa de ser uma entidade de reflexão e passa a ser uma entidade de aviso? Por exemplo, uma primeira experiência em um acidente, em um assalto violento ou um desastre da natureza. Certamente nesses casos a morte parece ficar tão íntima que as chances de desencadear traumas é muito grande. E de todas as experiências que já citei aqui, a experiência com morte é a única que não tem como ser boa, exceto que você sobreviva de um modo épico.






Conclusão

Para tudo há uma primeira vez, e para muitos, a primeira vez de qualquer coisa é tão especial que  geralmente vira motivo de história nas rodas sociais. Para uma pessoa que teve poucas dessas experiências de "primeira vez", elas se tornam ainda mais significantes. Ao mesmo tempo, todo primeiro contato com algo novo tem o poder de trazer expectativas e ansiedade, e como todos já sabem: expectativa é o pai de todas as decepções. E isso leva a mais uma desilusão para contribuir nesse repertório pessoal blog de desilusões.

Já pensou em como pode ser interessante a primeira experiência em postar um comentário? Tudo bem, não tem nada de interessante nisso, mas só o fato de alguém ler isso já significa que minha primeira experiência em postar um texto longo e inútil não foi em vão.


Amizade Mutável  →  Meu post anterior, em brinde a inimizade.
Dança de Salão, oh não → primeira experiência com dança.
Efeito Placebo. - primeira experiência com show e friendzone
Boa divisão entre o bem e o mal - minha primeira desilusão humana

2 comentários:

  1. Eu acho que depende muito de como foi cada experiência e não da experiência em si. Se a primeira experiência de qualquer situação foi tão ruim a ponto de traumatizar a pessoa, essa pessoa logicamente nunca mais vai querer passar pela mesma situação e toda vez que estiver perto de algo que causou sofrimento, vai recuar. É por isso que existe a Síndrome do Pânico, por exemplo. Muitas pessoas são assaltadas diária ou semanalmente, algumas depois desse episódio, talvez nem de casa mais sairão, outras apenas não passarão pelo mesmo local e outras continuarão a ir pelo mesmo caminho, só que com mais cautela.

    Quando eu tinha 15 anos, eu fui atropelada por uma moto. Eu apenas tinha acabado de sair da escola e estava muito feliz que eu ia ter duas semanas de folga, não era tempo de férias nem nada, era mais uma espécie de reunião que iam ter na escola. Estava um trânsito tremendo e estava tudo parado, e eu impaciente de esperar o farol fechar, fui atravessando e olhando pra ver se não vinha nenhuma moto, até que fiquei na frente de um caminhão. Esperei um pouco ali na frente dele e quando fui olhar pra ver se vinha alguma moto... ZAZ! O motoqueiro tentou desviar e bateu o guidom na minha sobrancelha. A minha sorte é que naquele dia eu não estava de óculos, porque senão o estrago seria maior. Conclusão: Bye, bye, semana feliz de folga! Fiquei com o olho inchado e verde que nem um ET durante uma semana. Na segunda semana não estava mais tão inchado, mas estava vermelho. Até hoje no canto do olho perto do nariz se nota algo escuro.

    Depois desse acidente eu passei a ter mais cautela na hora de atravessar uma rua, e procuro sempre atravessar no local certo e com o farol fechado para os carros de preferência. Mas apesar disso não tenho medo de motos. Mas pode haver pessoas que tenham passado pelo mesmo que eu e hoje em dia sentirem pavor de motos.

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  2. Eu já quase fui atropelado em uma situação parecida, que também foi ao sair da escola. Mas o "culpado" da vez foi um ônibus, que estava parado no ponto. Aí eu usei ele como escudo para ir até metade da rua, dei aquela olhada rápida para ver se estava livre, e fui... Tinha um carro vindo na outra faixa que eu não tinha visto, e quando eu vi ele, fiquei travado, parei no meio da rua, sem saber o que fazer.

    Bastaria eu correr um pouco para chegar do outro lado da rua, mas por algum motivo, minhas pernas não se moviam. O cara buzinando e fazendo sinal para eu sair da frente, e eu imóvel, agindo como um perfeito imbecil querendo fazer um suicídio estranho.

    O que me "acordou" desse transe foi um pessoal da turma passando do outro lado da rua e começando a me zuar. Nem preciso dizer que essa gozação durou por muitos anos seguintes, né? rs

    Agora eu já tenho mais cautela para atravessar ruas, e certamente esse evento me ajudou a ter mais segurança nisso, porque agora eu já sei que em qualquer situação parecida eu vou simplesmente ficar parado, ao invés de fazer o óbvio que qualquer um faria, que era correr.

    Valeu pelo Comentário!

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