Que burro, dá zero pra ele!
De repente terá uma prova para o último semestre que você não tenha estudado nada. Você ficará angustiado por causa disso? Normalmente não, porque por mais apreensivo que você fique em torno do resultado daquela prova, sua mente é sagaz ao saber que as consequências de uma reprovação não representam risco de vida. Ou mesmo que representem, se você não estudou para aquela prova, é bem provável que você saiba que vai ser reprovado.
Agora vamos considerar algum risco de vida verdadeiro, como por exemplo o diagnóstico de uma doença terminal. Nesses casos, durante o momento em que você espera esse diagnóstico chegar, haverá pessoas que sofrerão com alguma espécie de crise de pânico (que é quando você não sabe o que fazer) e outras pessoas sofrerão da angústia (que é quando você sabe que não pode fazer nada). Bom, não tenho experiência de causa para me aprofundar tanto nessa questão, mas já li esse tipo de relato em algum fórum avulso por aí, então creio que seja válido de alguma forma.
Também existe a angústia relacionada a perda. Perder uma pessoa, seja por óbito ou por ócio, pode trazer a angústia, mesmo que não haja um risco de vida real. Talvez seja a mesma coisa causada em qualquer crise de abstinência, com a única diferença de que essa você não tem como ter o controle da situação. Daí surge novamente a apreensão do momento atual, e a angústia está lá.
Sabe o que há de comum nessas situações? A incapacidade de lidar com alguma coisa que estagna no tempo para sempre. Uma pessoa confiante tem mais facilidade para lidar com isso porque confia em alguma resolução próxima. Daí vem aquela velha questão do otimismo, que tenderá a deixar tudo mais fácil no futuro e agilizar o processo. Confiança é algo bem ligado com a coragem, uma vez que não importará a angústia, mas a coragem para saber o que fazer (e fazer) é quase automático.
Vai dizer que pessoas com pouca confiança e medrosas não são as que tem mais tendências de sofrer com isso? Não importa o que digam por aí, mas tem coisas que não importa a inteligência também: se não existe como controlar uma coisa causada por um padrão de pensamento, então isso é muito bem análogo a burrice. E sim, eu me incluo nesse tipo.
Doença?
A angústia é tratada por aí como doença, podendo durar pouco tempo ou muito tempo. O remédio pode ser um calmante ou um anti-depressivo como também apenas deixar o tempo agir sobre o presente. Agora o que mais me espanta é pensar que é uma doença provando mais uma vez na nossa total incapacidade de nos domar a si próprios.
Como a causa do problema é apenas psicológica? Como pode essa hipocondria mórbida se abater com tanto poder e, por mais bizarro que pareça, de deixar sem controle sobre alguma coisa que em teoria, você deveria ter facilidade em controlar. Porque a mente resolve logo travar suas vias respiratórias e causar a sensação de coração esmagado?
Eu tentei encontrar muitas respostas pela internet
Ah, e desse o artigo do site que citei, vou ter que copiar aqui um trecho muito condizente:
À luz do filósofo dinamarquês Soren
Kierkegaard (1813-1855), a psicóloga Marília Dantas, da Universidade
Estácio de Sá, em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro,
traduz o mal-estar: "O ser humano sente desamparo, incerteza, falta de
controle diante da liberdade de decidir. Optar por um caminho significa
correr riscos, abrir mão das alternativas. Isso é angustiante".
Ou seja, é como se a angústia tivesse tudo a ver com a tal necessidade de escolha que perambulei nos posts sobre dúvidas e certezas. Isso apenas reforçaria a necessidade das certezas, uma vez que algumas vezes a dúvida pode ser apenas uma dúvida, mas em outros casos, ela pode ser a patologia de uma doença. E isso é óbvio: quanto mais forte e impactante for a consequência dessa dúvida, maior será a angústia e todos os sintomas físicos já citados.
O cérebro tem uma maneira muito estranha de tentar nos avisar que tem algo errado com a gente. As vezes você pode ter uma dor de cabeça genérica, que na verdade é uma resposta da sua mente para dizer que há algo errado contigo. Muitos simplesmente podem ignorar isso e apenas tomar algum analgésico para dizer a si mesmo: "Não enche, se vira aí organismo, é cada um com seus problemas!".
De uma forma parecida está a angústia, que é quando o cérebro quer dizer: "Não vou deixar você fazer nada enquanto não resolver esse problema". E ele tenta travar seu corpo de uma forma diferente, não com a dor de cabeça, mas com dor no peito, querendo atrapalhar sua respiração. Em minha teoria besta, ele poderia fazer isso para privar a si próprio de mais oxigenação no cérebro, e assim fazer você parar de pensar muito e simplesmente decidir. Até que faz sentido, não?
Teorias à parte, em resumo não tenho muito mais o que dizer. A angústia tende a vir de um momento atual. Ela pode estar ali porque quer que você se decida o que fazer da vida diante de determinada situação. Porém, em alguns casos, ela pode simplesmente estar ali, sem realmente ter uma causa. Ou seja, ela pode ser o primeiro sinal para a depressão. Mas deixo para falar sobre a depressão em um post futuro, assim que tiver desilusões suficientes para recolher o material necessário para tal assunto.