domingo, 1 de janeiro de 2012

Ano Novo, e agora?

E daí que tiveram 365 dias que você juntou tudo em um pacote, colocou uma etiqueta escrito "2011" e jogou dentro do armário? Quem se importa se você disser que esse ano "velho" foi bom ou ruim, mas que o ano seguinte fará de tudo para ser melhor? Tudo isso é apenas uma atadura temporal. A etiquetinha lá que ficou no pacote à ser jogado às traças é na verdade um band-aid servindo de consolo para que nenhum machucado aconteça novamente. Que bom quem não se machucou, que bom quem viveu um conto de fadas, que bom que é capaz de esquecer na mesma facilidade que tem de ignorar.

Mas é sempre exatamente isso o que todos fazem quando o ano termina, como se o dia 1º fosse um dia com poderes mágicos de real confraterniazação universal. Poderia ser qualquer outro dia do ano, ou mesmo no seu aniversário, não importa. O que importa é que se existe uma data certa para todos recomeçarem do zero, essa data é exatamente a partir do reveillon. Afinal de contas, é uma tradição cultural, e seguir as massas para se elevar pelo espírito da época não é nada demais.

O problema é quando você se dá conta, daqui uns três ou quatro meses, de que realmente mentiu feio para si mesmo. O problema não é hoje, porque é muito fácil dizer que fará um milhão de coisas diferentes; o problema é com a instabilidade do tempo, que vai te colocar coisas que nem passa pela sua cabeça nesse exato minuto, mas que fará seus planos mudarem de rumo de uma forma ou de outra. E aí, quando você estiver lá no meio do deserto só com um guarda-chuva furado tapando a cabeça, pereceberá que o sol já não faz a menor diferença, porque ninguém está preparado para o calor rebatido na areia ou os calçados desgastados pela caminhada mal planejada.

Ano novo é simplesmente o exato momento em que você para tudo o que está fazendo e faz alguma coisa bizarra. Não estou falando de supertições malucas ou de jogar coisas velhas e aposentar coisas semi-novas. Estou falando de colocar na cabeça um monte de promessas incríveis, realmente acreditando que o ano novo é uma corrente da motivação. De fato ele é, mas só dura um dia, ou no máximo alguns dias, mas depois acaba. E você nunca se frustra disso, porque é uma frustração da qual já está acostumado. Afinal de contas, se não for esse ano, ainda tem o próximo, não é?

E lá se aproximam mais 365 dias que vão entrar no seu pacotinho de experiências. Ah, desculpe-me, quase me esqueço que são 366 dias na verdade. Que bom, tem um dia a mais que certamente ninguém nunca esquece dele... Mas e agora? Será que o sol que nascia no ano passado é dferente do sol que nasce hoje? Será que sua maturidade mudou de um dia para o outro? É lógico que não. Mas é para isso que existe o pacotinho, onde cada dia é colocado dentro dele, e somente assim você consegue declarar o real aproveito da passagem do tempo. Do contrário, ele não muda. Nada muda sem esforço, nada muda sem empenho. Ninguém se torna melhor dormindo na rede ou compartilhando piadas em redes sociais. A mudança vem exatamente quando você faz algo diferente enquanto todos estão lá fazendo as mesmas coisas de sempre. A mudança vem das horas que dedicou para si mesmo, para que em momentos oportunos mostre aos outros o investimento que fez para se tornar melhor para eles. Isso mesmo. Invista em si, mas não torne apenas melhor por si próprio; torne-se melhor e mais útil aos demais.

Não tem problema que o ano novo seja o marco para definir que hoje foi o dia exato da mudança, até porque eu também prefiro assim, já que fica mais fácil fazer as contas depois (o.-'). O que importa na verdade, tão pouco é essa obsessão por mudar, até porque, muitas vezes isso não depende apenas de você, e sim de vários processos inconscientes e subconscientes que não é capaz de ter controle. Por tanto, a disciplina e o esforço são os atos que fazem tanto os grandes mestres quanto os grandes discípulos, e não há vergonha alguma de se declarar um aprendiz da vida. Aprender com a vida é ter um pouco de humildade para aceitar como todos são humanos iguais ou melhores que você. É ter um pouco de tolerância para aceitar erros e não crucificar tudo sem tentar entendê-los. Bom, vou parar por aqui porque já estou entrando no mérito das filosofias baratas. Tudo o que disse não é nenhuma novidade, mas mesmo assim, a novidade não está em quantas vezes algo é dito, e sim em quantas vezes foi praticado.

Pois daí repete-se novamente a mesma pergunta: Finalmente, cá está o ano novo. Um ano inteirinho pela frente como se fosse um caderno cheio de folhas em branco. O cheiro do papel novo dá essa aturdição pelo recomeço mágico do mundo. Mas pense um pouco: Não é apenas um dia continuando o anterior? Pois é, a resposta depende de cada um. Para quem vê o ano novo como só mais um dia, tudo bem, ele será apenas mais um dia. Para quem o vê como a oportunidade de que tudo irá mudar, então tudo bem também, tem aí a oportunidade. Para quem está colocando algo em prática hoje, então parabéns, pois realmente está fazendo algo certo. Para quem conseguir colocar algo em prática, hoje e amanhã, parabéns novamente. O espírito é esse, e espero que já saiba exatamente o que fazer agora. E amanhã. E depois. E continuamente até que seu peito se estufe no fim de mais um ciclo terrestre e você possa gritar: "Eu fiz acontecer."

Bom, e para finalizar aqui vale um ensinamento visto pelo Caoísmo, que foi perfeitamente bem aplicado dentro do magnífico jogo Assassin's Creed: "Nada é real. Tudo é permitido".

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