quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Cacareco Político

Depois do meu Desabafo Político no outro post, segue mais um desabafo texto sobre política. Dessa vez com mais fatos e menos suposições.

Votar nulo é desperdício de voto?

Outro dia, conversando com meu pai sobre política, eu estava tentando tirar uma conclusão sobre o poder dos votos nulos. Pois eu me lembro da corrente em e-mails pregando que o voto nulo era a melhor opção para substituir os políticos, e ao mesmo tempo, vários sites sérios dizendo que o voto nulo não mudaria em nada, a não ser que desperdiçaria um importante direito seu.

Como toda desilusão que se preze, ela começa com uma dúvida. Pois ao olhar para o quadro dos candiatos disponíveis para votar, eu me sentia sem opções, obrigado a escolher alguma coisa pelos quesitos mais deploráveis: quem é menos corrupto? quem tem menor chance de estragar tudo?

Então, foi através de uma conversa sobre política que meu pai me contou sobre o caso de Cacareco, dizendo que certa vez aconteceu das pessoas elegerem um candidato, no mínimo inusitado.

Fiquei curioso sobre esse assunto, e saí pesquisando mais a respeito do mesmo. E veja só o que mais descobri sobre essa prova final sobre o poder (ou não) do voto.


Vote no Cacareco

Já faz uns cinqueta anos, e pelos detalhes memoráveis que obtive de meus pais, pareceu que foi algo bem recente. O fato é que surgiu um candidato na eleição chamado Cacareco, e as pessoas emendavam bordões nas ruas de "Vote no Cacareco" o tempo todo. Ricos, pobres, os mais novos e os mais velhos... todos depositaram a confiança nesse candidato. Isso seria apenas mais uma prova de minha teoria sobre manobra de massa se não fosse um detalhe: Cacareco não existia.

Motivados por uma corrente inexplicável, as pessoas saíram votando em um tal de Cacareco, que nada mais era do que um Rinoceronte em um zoológico do estado. O animal ganhou a eleição, e embora muitos soubessem que se tratava de uma forma de "anular" o voto e protestar, aposto como teve muita gente indo na onda da maioria e votando por votar.

Você pode ler mais sobre o assunto nessa matéria que saiu no jornal "O Cruzeiro" em 1959 clicando aqui.

Agora, já interado ao assunto, dê uma lida nessa matéria da Veja e, desconsiderando a parte mais "sensacionalista" da matéria, atente a única verdade atual: Não despedície seu voto.


Desperdiçando um Voto

Ok, cada partido tem uma ideia de como vai governar o país, e cabe as pessoas votarem em um deles ponderando a cartilha das propostas e fazendo uma avalição sábia e correta sobre tudo. Tirando essa parte utópica, você também tem a opção de votar em branco ou anular seu voto.

Votar em branco é novamente fazer parte da boiada e ir nas costas da maioria, já que será um voto indiferente e que, certamente só beneficiará quem já está ganhando. Por isso o dito é completamente válido: "Se você votar em branco vai dar o voto ao candidato que está ganhando". Pensando dessa forma, se o governo for bom você poderá dizer que foi graças a seu voto, e se for ruim você poderá reclamar também, porque afinal, jogou seu voto ali na confiança da maioria.

As pessoas que entendem bem sobre política não falam muito sobre essa possibilidade de voto porque ela é, em termos práticos, um desperdício de direito. E sobre o voto nulo então... não há cacareco algum que dê jeito...

Votar no perdedor ou no ganhador?

Às vezes você tem a idéia de votar num candidato que visivelmente vai perder. Você obviamente quer que seu candidato vença, e naturalmente vai sentir um motivo para criticar o governo atual com uma justificativa tola: "Se não tivessem eleito fulano, tudo estaria diferente".

Mas é lógico que estaria diferente; se fosse pra ficar igual não haveria motivo algum para se criar uma votação. E mesmo assim é ineficaz comparar com coisas que não podem ser comprovadas; o candidato pelo qual você votou poderia estar sendo tão pior quanto o atual.

Debates políticos são uma porcaria por causa disso; embora muitos assistam querendo ver o momento em que eles vão se degladiar até a morte, todo o teatro de críticas ao passado e ao suposto futuro continua vívido. E nessa encenação trágica, nenhuma informação muito útil que apresente suas qualidades e defeitos é mostrada. Tudo é apenas um jogo de máscara sobre máscara.

Voto secreto ou Voto tabu?

Graças a essa ganância doentia pelo poder o voto precisa ser secreto. Se o voto não fosse secreto haveria intimidação e medo rondando você o tempo inteiro para que votasse nesse ou naquele candidato. O correto, caso não existisse essa violência mórbida, seria que as pessoas entendessem que o direito de voto é um direito de expôr sua opnião perante uma ideologia de governo.

Como estamos falando de democracia, esse direito vale para todos e, por isso seu canditado pode perder ou ganhar. Mas se ele perde, é estupidez vestir bandeiras de oposição só para criticar tudo o que o eleito fará. Afinal de contas, ele agora é o escolhido (pokemón?) para representá-lo e protegê-lo.

Claro que existem limites. Não é porque a maioria elegeu um cacareco (da-lhe macaco Tião), que sua posse ao cargo precisa ser assistida de cabeça baixa com o ar de perdedor. A primeira etapa é a tolerância, e naturalmente, se for o caso, a maioria automaticamente se mobiliza para a agressão. Até porque, infelizmente a sociedade é assim, movida a vácuo.

Mas não adianta inventar xingamentos baratos e nem transformar tudo em piada e levá-la (ou ouví-la) num stand-up. Uma parte coerente precisa se manter firme, a ponto de entender onde está um limite seu e de outrém.

Para finalizar:

Uma vez, ainda bem na época do governo Lula, eu escutei de um professor o seguinte:

_Eu não votei não Lula mas ele ganhou. Não é por isso que deixei de ser brasileiro, e por isso vou apoiá-lo a partir de agora. Afinal de contas, ele é o meu (O.õ') presidente. E justamente por eu não ter votado, então agora é que tenho um motivo maior para olhá-lo com mais cuidado e ficar atento a tudo o que fará pelo país.

Nada mais a declarar. Escolha seus pokémons candidatos mas não se feche demais à eles. Eles podem des-evoluir.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Desabafo Político

Eu relutei em fazer um post sobre política, porque é assunto que particularmente me revolta. E qualquer coisa que sai com revolta tende a perder um pouco de seu lado justo e racional para abrir espaço à uma expulsão de sentimentos avulsos.



Florentina, Floretina, vote em mim.

Sempre em época de eleições, o freak show ao vivo direto dos carros de sons tenta tratar a todos como imbecis, como se alguma musiquinha estúpida fosse capaz de nos influenciar a votar. Se bem que deve funcionar, porque a repetição de uma idéia pode plantar uma nova idéia, mesmo que errônea.

A falta de opção (ou demasiada opção inútil) acaba fazendo com que as pessoas votem no mais corrupto ou no mais engraçado. Aliás, textos engraçados vendem mais, e isso é um fato. Num mundo envolto por altas cargas de stress, um pouco de humor parece servir como válvula de escape da realidade. Ou em outras palavras, é uma forma de se criar uma proteção contra a parte mais feia das coisas.

Rir é o melhor remédio, mas desde que não se ria de tudo, por aí já é insanidade.

Tampe os olhos

Bateram aqui na porta de onde trabalho (e na porta de casa) perguntando se podiam instalar um banner gigante de apoio a um candidato a deputado estadual. Quando perguntei as propostas daquele candidato, ele só foi capaz de responder:

_Ele vai melhorar as coisas aí. Saúde pro povo, Emprego. E então, pode por?

Aquele cidadão visivelmente nem sabia quem era o candidato pelo qual trabalhava. Apenas estava ali ganhando seu dinheiro para disseminar uma idéia que desconhecia.

As ruas se transformaram em verdadeiras feiras urbanas, e andar no centro da cidade é um ataque de informação inútil. Bandeiras, músicas e rostos desconhecidos estampados para todo o lugar. A idéia é simples, e em teoria realmente funciona: "Quando maior a repetição do nome, mais você tende a achar que o candidato é bom. Muitos indecisos acabam votando assim, levados por aquilo que mais viu, e não pelo que mais avaliou.

Pessoas votando às cegas estão por aí. Mas não estão nem aí.

Pode chutar um número?

Esses dias, lendo sobre nossa forma de tomar decisões, descobri que somos incapazes de lidar com uma escolha inteligente quando se está cercado de opções. Dizem que o cérebro acaba optando pelo que parece ser mais "bonitinho" ou aquilo que causa uma melhor primeira impressão. Isso funciona com qualquer coisa, desde escolher um par de sapatos a um presidente.

No cenário político, nossas opções são os candidatos e, quanto maior o número de opções disponíveis, mais fácil é escolher algo errado. Na maioria das vezes, acontece aquele "efeito de boiada", que faz com que quem tenha mais votos agregue mais votos dos indecisos. Na minha opnião, os indecisos nesse cenário político acabam sendo os piores eleitores porque eles vão seguir a maioria, mesmo se a maioria estiver errada.

Massa de Manobra

Não, isso não é mais uma daquelas teorias de conspiração falando que querem manipular o mundo ao custo de seitas esquisitas. Massa de manobra é esse efeito que acontece no dia a dia, quando alguém segue uma escolha só porque muita gente segue ela também.

Naturalmente os primeiros seguidores da idéia são aqueles que realmente fizeram uma decisão com sua base sólida e bem formada. E aí tudo começa quando os primeiros seguidores indicam seus amigos e parentes, e os mesmos, devido àquela concepção de "vamos dar uma força", acabam apoiando coisas que não conhecem muito bem.

Junta-se uma pequena multidão e a turma de curiosos aparece. Curioso é um imã magnético para mais curioso e, quando se dá conta, formou-se uma mentalidade única, onde se o primeiro pensar algo e seus descentes próximos aceitarem, então todo o resto pensará igual, já que eles são influenciados com a mesma facilidade que foram quando levaram aquela causa.

Se você vota sem saber as propostas de seu candidato, e o mais importante, sem concordar com toda ideologia, então você está nessa massa de manobra. Naturalmente pode pensar ter uma decisão que é sua, mas infelizmente é apenas uma escolha que seu cérebro tomou para você porque ele não é bom em questões de múltipla-escolha. Nesse caso, chute os números no dia da eleição; não fará a menor diferença.

Finalizando

Ainda queria continuar minha revolta falando da educação furada que se tem na escola, mas isso seria tema para um outro assunto bem conspiratório sobre "O Sistema". O sistema que está em nossas vidas e roda num Windows 98 é culpado por grande parte das maiores desilusões humanas.

Enfim, esse não será o último post sobre política, pois infelizmente ela é um mal necessário. Ou um bem que nas mãos erradas se torna um mal. Não sei ainda ao certo o que é a política, embora seja algo que muito me deixa desiludido.

Se você corcorda de algo ou discorda de tudo, deixe um comentário.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A Benevolência do Amor

Se você já leu meu primeiro post sobre a Malevolência do Amor, então viu como é fácil encontrar motivos para depreciá-lo. E agora, falar aqui sobre sua parte boa também é incrivelmente fácil, pois o amor é realmente uma coisa contraditória. Ele depende, acima de tudo, do ponto de vista.

Pois então, como pode, algo tão simples gerar uma complexidade imensa de opniões? É como o bem e o mal, ou o dia e a noite; conflitantes entre análises, mas inseparáveis em discussões. É sem dúvida, um dos principais motivos das desilusões das pessoas. E tudo isso sem ao menos poder de fato compreendê-lo.

A única pergunta que se mantém é simples e direta é: o que raios é o amor?

Definindo o Abstrato

Nem o dicionário sabe. Se procurar no dicionário ele já lhe dá uma lista com diversos sinônimos que formam uma mistureba de sentimentos. Fiz uma busca por definição no google e aprendi que pode signicar: "Kizola (Nkenda = Kikongo)" WTF? O.o' Ou seja, não tem jeito, amor é o famoso "você que sabe não" do Azaghal.

Então, estando diante dessa palavra abstrata e sem significado mensurável, eu sempre acabo me lembrando daquela música da Rita Lee tentando dizer as diferenças entre o Amor e o Sexo, como se ambos tivessem alguma ligação. Não, eles não tem. Sexo é um método de procriação e amor é um sentimento indefinido.

Com toda a quase nula pretensão de definir o indefinível (trocadilho poético irrelevante), acredito que existem dois tipos de amor: falso e verdadeiro Egoísta e Platônico.

Eu já falei bastante do amor egoísta no outro post, que é aquele que faz você se tornar um idiota em função de alguma coisa ou alguma pessoa e esquece que na verdade o idiota é você. Em resumo é isso. Então, dessa vez vou deixar todas as atrocidades do amor de lado e falar seu lado belo, puritano, meigo e... inexistente, invisível e imaginário legal.


O Amor Platônico

Esse, em teoria, seria o mocinho de toda a história, e quem sempre deveria levar a fama por trás da maioria das melosas histórias existentes.

Esse tal de amor platônico, tem esse nome devido à uma definição de Platão sobre o amor. Ou em outras palavras, ele chegou lá em sua academia de sábios e falou o que ele achava que era e pronto, passou a significar isso. Em resumo, amor platônico seria aquele sentimento de afeto tão verdadeiro e puro que os filmes mais comportados ressaltam o tempo todo, mas que na prática é algo mais raro, como "amor de mãe". (se bem que não são todas as mães que tem esse suposto amor maternal, mas enfim...)

Seria esse o ápice daquele herói que entrega sua vida em nome da pessoa amada, ou do covarde que se enche de coragem ao lado de quem ama. Mais ainda, poderia ser, porque não, aquela espécie de leitura por telepatia que o faz acertar de modo instintivo o que a outra pessoa está pensando.

Esse tipo de amor, diferente daquele mais egoísta, não é temporário e nem se acaba com o tempo. O papinho de que os casamentos precisam se reinventar para não se acabarem é como querer obrigar o amor a continuar, e só isso já faz com que ele não seja mais verdadeiro.

Aparência

Isso me fez lembrar, embora num contexto diferente, de um filme que assisti recentemente chamado Vanilla Sky. Filme até razoavelmente conhecido, com Tom Cruise interpretando um drama que fala, sobre tudo, do amor e da loucura. Mas o ponto que quero resaltar, é que em certo ponto ele tem o rosto desfigurado devido a um acidente e basta isso acontecer para que o amor esvaeça de um modo muito rápido. A pergunta que sobra é: Até onde a aparência tem haver com amor?

Em termos biológicos, pelo que sei, a aparência é o primeiro fator da atração porque é o único ponto de partida que você tem para conhecer alguém antes de conhecê-la de verdade. E a definição do que é belo engloba muitas variáveis, como a influência que recebe da midia, a imagem que faz de seus pais, simetria facial, saúde, etc.

Mas não vou abranger esse assunto, já que acredito que isso começa a distanciar muito do tópico central. E já que começei a falar de filmes, existe outro que trata bem o tema, que se chama "Lição de Amor". Ou, se estiver querendo algo mais hardcore, existe a mini-série japonesa, em 13 episódios chamada "Ichi Rittoru no Nonamida", cuja tradução literal seria "Um litro de lágrimas". E realmente é bem isso mesmo que você fará ao assistí-lo.

5 Provas de sua Benevolência

Então, depois dos argumentos convincentes sobre o porque o amor é ruim do outro post, agora vem alguns argumentos sobre quando ele pode ser bom:

  • Ele não é egoísta
    Ele não é egoísta, pois não pertence só a você. Você não pode ficar feliz quando a outra pessoa está triste, e se isso é possível, então existe o primeiro ponto de que o amor realmente existe e é bom, já que é solidário.
  • Motivador
    A confiança em quem se ama é absoluta e vice-versa. Essa confiança é capaz de gerar motivações para seus objetivos, e isso é outro fator claro de sua benevolência. Entretanto... Esse fator de motivação precisa ser, durante todo o tempo, recíproco por todas as partes que amam, mesmo que isso signifique ceder algumas vezes e, confiar cegamente em outras.
  • Cego?
    Depositar toda a confiança em troca de reter toda a confiança parecem encaixar perfeitamente naquela velha verdade: "O amor é cego". Considerando que a ignorância é uma benção, então isso é mais um ponto positivo. Ao nos tornar cegos ele faz com que deixamos de lado a parte mais desditosa
  • Eterno
    Já dizia Vinícios de Moraes: "(...) que seja infinito enquanto dure". Isso significa que ele é eterno, e mesmo diante de todas as variações que existem, ele aumenta ou diminui, mas não se extingue. Caso isso aconteça, então é porque nunca existiu, e tudo foi apenas uma grande ilusão.
  • Analgésico
    E de modo mais científico, amar funciona como um analgésico do corpo. Ele libera endorfina e faz com que seu organismo trabalhe em seu favor. Nem é preciso mais nada, essa é sem dúvidas, a grande prova de sua benevolência e a prova de que precisamos amar. Amar a todos, independente de quem, pois focar o amor só o fará cair na segunda definição dele, que é a parte egoísta desse sentimento tão puro e renovador.

Puro e Inocente?

Imagine uma pessoa que ama um animal de estimação. Ali, naquele caso eu consigo ver o amor em sua plenitude funcionando. O animal não guarda mágoas com ele, e a pessoa que trata o animal com todo o carinho o faz sem nenhum outro interesse que não seja o de prolongar o carinho, e a união. Existe algum outro lugar em que esse "amor verdadeiro" pode ser visto?

Sim, diante de uma mãe e seu filho recém-nascido, por exemplo. Claro que não todas as mães, já que infelizmente existem algumas que vêem o filho como objeto (como aquelas que os jogam no lixo). Mas no geral (ainda bem), o amor que uma mãe presta a seu filho também é puro. Ela ama com seu coração, e não espera nada em troca por isso, a não ser a certeza de que também continuará cultivando esse sentimento maravilhoso enquanto puder.

Eu não me referi a figura do pai por uma questão de esteriótipo, mas claro que muitos se incluem. A beleza do amor está na pureza que ele pode emanar de si, e, és enfim benevolente em todo estupor.

Conclusão

Finalizo com uma frase sensacional que vi no twitter:

Porque nos apaixonamos por uma pessoa mesmo sabendo que ela é errada?
— Porque você espera estar enganado, e sempre que ela faz uma coisa que mostra que ela não é boa, você ignora, e sempre que ela age bem e te surpreende, ela te reconquista. E aí você esquece a idéia de que ela não serve pra você.

Pois é. Se você já leu meu primeiro post sobre a Malevolência do Amor, então deve saber que eu ainda não descobri que raios é o amor, já que ele não tem definição e muitos o usam sem saber porquê. Mas, minha conclusão sobre isso tudo é muito simples: O amor é uma contradição em todos os sentidos, e é muito mais fácil definí-lo com oposições do que encarando a verdade: Amar é manter-se desiludido.

Você leu o texto acima e tem alguma coisa complementar sobre o bendito Kizola (Nkenda = Kikongo), então deixe abaixo seu comentário. E se discorda de alguma coisa, também não tem problema: Leia sobre o post anterior e continue ainda mais desiludido sobre o assunto.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Malevolência do Amor

Segundo o Google:
Amor tem aproximadamente 137 milhões de resultados.
Ódio tem aproximadamente 25,600 milhões de resultados.
Com tanta gente falando sobre o Amor, então teoricamente ele venceu. Mas se ele venceu, então porque é mais fácil encontrar ódio e violência no mundo, do que o semblante de paz ortogado pelo suposto e inocente desejo de amar?

Quando amor é idiotice

Eu nunca fui capaz de entender as palavras sábias de Raul Seixas, ao dizer em uma de suas músicas: "Ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez". Eu escutava em todo lugar o mesmo que via nas novelas: "O amor é a plenitude de tudo". Mas aí eu olhava ao meu redor, e via que muitas pessoas são infelizes ao lado de quem "supostamente" ama, e outras que vivem na solidão também espalmam um sentimento de ódio no lugar de onde era para ser somente a pureza ínfima do amor.

Meses atrás, naquela época deprimente que rege o dia dos namorados, eu fiquei impressionado com a quantidade de gente falando mal desse dia no twitter, facebook e outras redes sociais. Alguns diziam que o amor da vida delas/deles só demonstrava o amor nesse dia. Outros participantes do sistema idiocrata em torno dessa data relatavam a chatisse que era comprar um presente para seu par. E isso sem falar dos solteiros de plantão que pareciam motivados a fazer protestos pelas ruas em torno do fim dessa data.

"Ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez", repito a frase aqui, e junto dela também aproveito para dizer que hoje consegui entendê-la. Relembrando um pouco da minha vida patética, eu consigo perceber a diferença da época em que eu era criança e não me preocupava com nada fora de minha época. Depois veio a adolescência, e todo meu desejo era aquela vontade de descobrir meus potenciais e crescimento intelectual. Ao fim da adolescência eu comecei a trabalhar e pensar na faculdade e no futuro. Até ali eu era alguém complemente feliz sem saber. E no entando, agora no início da fase adulta, foi a primeira vez que percebi a existência poética do amor, assim como a podridão de sua ausência.

7 Motivos da Malevolência do Amor

Minha reflexão aqui é entorno do amor em si, e não dele existir ou deixar de existir. E considerando-o isoladamente, então não é algo bom, e veja meus argumentos em torno disso:

  • Confuso
    Se você diz que ama uma pessoa, ela provavelmente não vai entender se a ama de modo "platônico" ou com requintes de paixão. Ou seja, como o entendimento dessa palavra é confuso, você não pode dizer para ninguém que a ama porque só irá gerar mais dúvidas e provavelmente ficará longe de uma explicação sensata sobre o que realmente quis dizer.
  • Egoísta
    O Amor consegue gerar a existência de muitos novos sentimentos, incluindo os bons como "compaixão", "pena" e "companheirismo'... Ah, mas esquece: Compaixão e pena não são bons sentimentos, e de que vale um companheirismo que só funciona enquanto o amor existir? Ele é egoísta, porque quer que tudo mais seja ruim quando não puder possuí-lo.
  • Uma Droga
    O comportamento do amor é típico das drogas, visto que ele é lindo e incrível enquanto se está sobre sua posse. Ao perdê-lo, quanto mais abrupto for a perda, mais terrível e angustiante será a crise de abstinência à seguir.
  • Pai da Ignorância
    Já que o amor é cego e isso é um fato, então como pode alguém depositar confiança naquele que te deixa cego? É como depositar confiança em um torturador que brinca com teus sentimentos. Ele o faz se tornar ignorante, arriscar a vida a outrém e ainda assim acreditar que está certo quanto a tudo. Ele lhe cega não apenas pela beleza alheia, mas lhe cega intelectualmente. Faz você ser um medíocre e o torna tão ignorante quanto ele.
  • Injusto
    O amor é belo e louvável quando atinge duas pessoas, mas é um demônio mascarado quando atinge apenas um, ou então quando atinge mais de dois. Não há culpas entre esse ou aquele, porque esse sentimento não faz planejamentos para escolher ninguém. E infelizmente, às vezes escolhe errado, e aí que começa a torrente dos problemas. Por isso ele é injusto, já que faz o que quer sem planejamento algum.
  • Ciumento
    Eu já disse que o amor era egoísta porque não suportava compartilhar outros sentimentos diferentes dele. Mas o pior, sem dúvidas, é o ciumes que é capaz de causar. Duas pessoas que se amam e compartilham o cíumes porque esse não confia naquele, e aquele de fato não se contenta com esse. E ainda existe a turma que diz que "um pouco de ciúmes é bom". Que seja, mas se há ciúmes então há um desejo de posse, e isso já contraria aquela balela de que o amor é pleno, solidário e blá-blá-blá.
  • Ele faz o bem.
    Quando você ajuda uma pessoa necessitada, envia mantimentos a quem precisa ou qualquer coisa assim, você está sendo solidário, e não que esteja cheio de amor em si. Essa confusão típica do que é de fato o amor parece nunca se encaixar em contexto algum. E aí alguém vai dizer "Ah, mas a solidariedade só existe por causa do amor". Novamente errado! Quando existe o amor por trás da solidariedade, o nome disso é pena, e ter pena de alguém é mais despresível em você do que naquele por quem está com pena. Resumindo: Solidariedade é querer ajudar o próximo, fazer o bem sem olhar a quem. Agora Solidariedade + Amor = Sentir Pena e se motivar a ajudar só por causa disso.

Outro lado da Moeda

E isso porque eu ainda não citei o fato das guerras que acontecem do outro lado do mundo ou no noticiário fixo que passa em telejornais sensacionalistas. No caso daquelas "gerras santas", os povos se matam por um suposto amor à Deus. Por outro lado, é fácil para qualquer um dizer que "falta amor no coração deles", mas e se for o amor o culpado de tal cegueira entre eles, como pode-se dizer que falta amor em quem alega tê-lo em abundância?

Não vou extender muito sobre o que é ou não o amor, simplesmente porque ele não existe. É apenas um nome genérico dado a um sentimento qualquer na hora que se está fazendo algo que lhe faz bem. Essa definição abstrata é o verdadeiro motivo por eu discordar de tudo que falam sobre o amor, embora alegue que possa haver algo de bom nele, do mesmo modo que pode haver algo bom em tudo.

Nem que seja para virar hippie, falar devagar e fazer um sinal de "v" nos dedos. Alegar ao mundo "Paz e Amor" como desejo universal, mas sem conseguir dar uma explicação sensata do que realmente é o Amor me faz essa frase perder todo o sentido.

Para que toda essa desilusão em torno dessa palavra tão pequena possa ser concluído, será que alguém me explica, por favor, o que raios é o amor? Ah, e claro... se te faltar material para isso, pegue algumas idéias no meu post sobre a "Benevolência do Amor" e fique ainda mais confuso. Afinal, esse também é outro mal do amor: Contradição.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Tutorial da Imortalidade

Segundo a Wikipédia:
"Há cem anos descobriu-se o primeiro Radical Livre. Cinquenta anos depois descobriu-se toda a sua estrura molecular, e quatro anos depois relacionou-se a uma doença inexorável, o envelhecimento".

A partir do momento que eu li que velhice era considerada uma doença, então várias piadas prontas dizendo que a humanidade é doente ficaram coerentes. Está aí uma desilusão incontestável que me fez analisar melhor o quão doente o mundo é. E doentes terminais ainda por cima, já que a velhice é "incurável".

6 dicas para se tornar um imortal

Pessoas nascem, crescem, ficam bobas e morrem. O processo natural do ciclo de vida não precisa necessariamente contar com o fator de ficar mais velho; pelo menos não na teoria.

Seguindo a lição básica ante qualquer situação nova, eles dizem: "Respire fundo e vá lá". Respirar fundo, principalmente nas cidades cinzas que vivemos é tão ineficaz quanto tampar a respiração para sobreviver a um afogamento no meio do oceano.

Mas considerando o fato de que o enfraquecimento de nossas células é causada por diversos fatores (e todos eles envolvendo os benditos Radicais Livres) então para se ter a imortalidade a teoria seria simples:

  • Somente respirar ar puro.
    O fato de você respirar já desgasta as células, já que consome energia do corpo. Mas, respirar o ar poluído da cidade com certeza o faz desgastar tudo com uma rapidez incrível. Só como anotação rápida, esse dia li numa revista que a respiração normal de uma pessoa em São Paulo, por exemplo, equivale a fumar dois cigarros todo dia. Aí, alavancando essa pesquisa com uma outra que dizia que cada cigarro equivale a 11 minutos de vida perdidos, então é fácil fazer as contas: Um ano na cidade equivalem a pouco mais de 5 dias jogados fora. Parece pouco? Pois para mim cinco dias em uma viagem para outro estado parecem mais bem aproveitados.
    Analisando tudo isso, o primeiro passo para imortalidade é deixar de respirar, ou se isso não for algo muito fácil, pelo menos tente respirar o ar mais puro que puder. Uma dica? Amazônia ainda é considerada o pulmão do mundo, e mesmo com o desmatamento absurdo tentando mudar esse posto, ainda dá tempo para comprovar a diferença.



  • Não fique no sol.
    Raios ultra violetas fazem radicais livres aumentarem no seu corpo. Sol quente trás câncer de pele. Mas certos filtros solares também fazem o mesmo. Oras, então como você pode ver, basta simplesmente fugir do sol e com isso evita todos os problemas de uma vez, certo? Mas também é sábio que o sol ajuda a produzir vitamina D e certos hormônios que o fazem ter uma sensação de felicidade. Seguir a recomendação de ficar no sol da manhã e fugir do sol da tarde acho que é o único jeito de ficar no meio termo. Mas eu não tenho tempo para fazer isso, e você?
    Por isso, nada mais legal do que acreditar vividamente que ficar longe do sol vai lhe trazer a imortalidade. Os vampiros já sabiam disso muito bem.



  • Saia da Internet.
    Isso mesmo. Saia da internet. Mas não agora, ao menos termine de ler esse post =)
    Na verdade você precisa conseguir fugir de toda essa tecnologia eletrônica que o cerca, já que a radicação eletromagnética vinda desses aparelhos também é prejudicial. Se você conseguir fugir de toda tecnologia existente ao seu redor, há uma chance grande de se tornar imortal. O único lado ruim é que o próprio planeta gera esse tipo de radiação em maior ou menor escala em diversos lugares... ou seja, comprar uma passagem para outro planeta pode ser o mais indicado.



  • Não bêba
    Brincadeirinha, pode beber sim. Mas apenas água. Mas nem todo tipo de água, pois se você observar nos galões de água, uma informação importíssima é a radioatividade na fonte. Só para resumir, radioatividade também não é legal, embora as quantidades que ela gera são praticamente insignificantes para o corpo. Por isso á água é liberada. Mas só a água.

    Mesmo que um consumo mínimo de álcool faça bem a saúde, todas as organizações de saúde advertem que se deve fugir dele. Eles devem estar advertindo o certo, já que "beber pouco" não é uma medida de quantidade mensurável.



  • Não coma.
    Se você foi mais radical que os radicais livres (trocadilho infâme) e parou de beber tudo, até água, então o próximo passo é não comer nada. Assim você evita de comer gordura animal, frituras, conservantes e aquele monte de tranqueira que existe na alimentação diária. Se não quiser ser tão exagerado e fugir um pouco dessa dieta faquiriana, então parta para o consumo das coisas naturais. Frutas, verduras e afins. Mas apenas naturais, daquelas que você mesmo planta e colhe, já que as que estão à venda nos supermercados tem grandes chances de estarem mais tóxicas do que um lanche do Mc Donald's.



  • Vire Hippie.
    Estenda bandeiras de paz e amor, ignore o sistema que lhe obriga a viver por dinheiro e com isso há muitas chances de se estressar menos. Com o stress praticamente extinto, todo seu corpo agradece e fica mais saudável. Então, o segredo é virar Hippie, se bem que... eu não me lembro de ver um hippie imortal também.

Aqui jaz um Imortal

Só relembrando os pontos desse tutorial de vivência eterna: Tome sol pela manhã e fuja do sol durante a tarde. Fuja da tecnologia e venda todos os celulares, computadores, televisores e tudo o que está na sua casa. Com isso você vai arrecadar um bom dinheiro e poderá fazer uma viagem para o meio da natureza, onde de quebra ainda sobra um dinheiro para construir uma casinha lá e coisas assim.

Só com esses pontos acima você está respirando ar puro, e livre de radiações eletromagnéticas. Longe do trabalho e da correria mundana você também consegue eliminar o stress. Depois disso, você passa a comer apenas do que plantar, e beber apenas água próximas à nascentes.

Com tudo isso em prática, aqui jaz um imortal. Está aí as civilizações indígenas de mil anos atrás que não me deixam mentir. Reza o mito que se não fosse o crescimento desregrado das metrópoles estariam vivos até hoje. =P

Conclusão:

Os Radicais Livres são os culpados definitivos para que o corpo envelheça. Eles são os vilões da história, mas mesmo assim costumam dar uma de mocinhos, às vezes. Eles podem ajudar a combater alguma bacteria aqui e outra ali, e assim vai te ajudando ao custo de ir lhe consumindo. Achou que seria fácil se tornar um imortal?
Pois é, mais uma desilusão pra você.

Em resumo, para ser um imortal basta deixar de viver.