quarta-feira, 25 de abril de 2012

Dança de Salão! E então... [6]


E eu achando que já tinha dito tudo o que poderia dizer sobre essa saga da Dança de Salão, que depois de seis partes, acho que já estão longe de serem sobre a dança em si. Você pode tentar acompanhar essa sequência gigante de posts começando por aqui. De lá para cá eu já vislumbrei sobre proporção áurea, superações, rivalidades e até alavancas motivacionais. Ou seja, é quase uma novela, exceto pelo fato de que numa novela há melosidade e romance por trás das histórias. Mas aqui não, é apenas um cara se desiludindo até onde não tem como se desiludir, e agora estamos na parte 6, para tentar finalizar essa novela no provável último post da saga.

Paralisia Mental

E como toda novela, você não precisa ter acompanhado nenhum capítulo anterior porque a história permanece a mesma. E para resumir: Eu era um sujeito tão tímido e fisicamente travado que já escutei alguém dizer assim - ou algo assim - para mim:

_Você já parou para pensar que nem todo tetraplégico pode ter sofrido um acidente? A mente também pode paralisar o corpo, e se sua timidez continuar assim, não me parece nenhuma surpresa vê-lo numa cadeira de rodas pelo simples fato de que seu cérebro atrofiou seu corpo por simplesmente não encontrar motivos para usá-lo.

Talvez, e aqui vou ser enfático nesse talvez; mas talvez aquelas palavras não sejam assim tão exageradas quanto parecem, mas nem vou entrar nos detalhes de como ouvi isso aqui, pois não é disso o que quero tratar nesse post. Mas o ponto principal onde queria chegar com isso, era apenas para contextualizar que eu não estava ali na camada dos simples tímidos que são tímidos e evitam todo convívio social; eu estava na camada dos tímidos problemáticos, daqueles que não só evitam, mas que travam ao pensar na ideia - e o pior - realmente se travam tanto ao ponto de todos olharem para você e lhe virem como alguém sem nenhuma expressão corporal.

Mas antes que o caso se agravasse, fazer aulas de dança foi apenas uma atividade física aleatória - e desesperada - para tentar resolver esse problema. Foi quase uma terapia, e que mesmo assim iria ser completamente inútil se eu não tivesse feito minha parte e enfrentado o monstro da mudança. Foi ali que eu realmente consegui mudar um pouco meu futuro, e por isso preciso compartilhar isso aqui. Eu preciso provar que tudo se é passível de mudança. E o retorno de saturno, como falam por aí, é você quem faz na hora que quer. Paralisia Mental é algo que só depende de você para fazer uma forcinha na busca da cura.


Explosão Mental

Depois da alavanca motivacional, comecei a sentir mais força de vontade para fazer as coisas que queria, e principalmente, ter mais amor próprio e elevar um pouco minha morta baixa auto-estima. E com a renovação da coragem dentro de mim, eu me meti a fazer academia, voltei a reencontrar com velhos ciclos de amizade, comecei a sair mais para ir em bailes e até consegui dizer que gostava de uma pessoa que realmente gostava. Foi tudo uma fase que realmente mudou drasticamente minha vida, e hoje eu consigo apenas ver um ponto de mutação da qual ainda faço parte. Mas o importante aqui não é mutação em si, e sim as tentações que acontecem durante essa fase importante de evolução pessoal.

Tentações essas que incluem os dias em que acorda desmotivado, ou os dias em que sente que está fazendo algo que não compete a si mesmo fazer. E muita coisa se passa pela cabeça de alguém que luta pela mudança, pois é como se todas as suas crenças e certezas destrutivas lhe atacassem constantemente tentando lhe mostrar que aquele caminho é o errado, embora não seja. Mas, tudo o que posso dizer aqui é que a teoria sobre a Alavanca Motivacional realmente funciona. Quando você tem algo - ou alguém - que lhe motiva e lhe puxa para que você mude, então ali não é mais uma luta solitária de você contra você mesmo e seus pensamentos malignos. Seus pensamentos malignos perdem força a partir do momento em que alguém lhe puxa para cima.


Para acompanhar a saga completa:

Dança de Salão! Oh, não! [1] →Porque tive essa idéia?
Dança de Salão? Oh, não! [2] →E a primeira aula?
Dança de Salão. Ou não. [3] →E as mudanças que ocorreram?
Dança de Salão? Eu não! [4] →E se tudo terminasse?
Dança de Salão? Eu então? [5] → A alavanca da mudança.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Contradição do Amor [4] - Um ou Dois

Lá vou eu em mais uma saga nesse blog, dessa vez para maquiar mais um paradoxo insano afirmando e contradizendo as coisas ao mesmo tempo. A primeira parte foca a contradição verbal da coisa, a segunda parte coloca em pauta as analogias baratas com sua decisão de amar ou ignorar aquilo que tem pouco valor, seja por dó ou frieza. A terceira parte é só uma analogia animalesca para falar sobre o egocentrismo dessa palavra e a última parte é uma conclusão abstrata disso tudo. Let's go.

Parte 1: Ame ou Mate
Parte 2: Sinta ou Suma
Parte 3: Meu ou Seu
Parte 4: Um ou Dois

Amando Bebes ou Crianças

Primeiramente, eu queria começar com um exemplo, para tentar encontrar um ponto de partida.
Imagine um bebê, ou uma criança que aparece de modo inesperado na sua vida, seja encontrado em uma cesta, fruto de acidentes irracionais ou baixada pela internet. Essa criatura, com suas feições indefesas, olhos grandes e chamativos, vão contribuir para que por instinto, a sua escolha de amá-la aconteça mais fácil, geralmente de modo inconsciente.

Então, querendo ou não, você decide amá-la, e exatamente como um animal de estimação, essa criança irá crescer. Dará trabalho, te fará passar raiva e ainda conseguirá mostrar defeitos que você juraria serem impossíveis de existir. Pois é, mas uma vez que a escolha de amar está feita e ela não foi mudada por você, então amar torna-se fácil, e principalmente para a criança, que também escolherá ter seu amor e lhe amará de volta.

Lógico que na prática podem existir muitos "depende" pelo caminho, mas a essência onde quero chegar é na importância dessa escolha consciente. Uma mãe faz isso por um filho de modo inconsciente, mas é quase a mesma coisa no final das contas. Então, quando essa criança cresce, ela também fará muitas escolhas - e acreditará que muitas não foram escolhas - amando e odiando pessoas pelos mais diversos motivos. Mas o detalhe que eu quero colocar aqui é apenas o fato de que são escolhas.

Tudo bem que é mais fácil jogar a culpa toda para os sentimentos, e dizer que amar ou deixar de amar são coisas muito distantes de você e seu processo arbitrário. Eu não gosto de demagogia, por isso vou ser obrigado a admitir que já passei por situações em que joguei a culpa nos sentimentos e sentia pena de mim mesmo quando não conseguia dominá-los. E é justamente nesse ponto onde quero chegar agora: dominar sentimentos.

Amando Adolescentes ou Adultos


Quando os hormônios começam a explodir no início da adolescência, ninguém parece ter controle dos próprios sentimentos. E de fato, não tem. A reação química que acontece no cérebro é muito mais espontânea que seus atos, principalmente quando se fala de casais adolescentes, por exemplo. No entanto, eu não disse aqui que esses sentimentos tem controle, e sim que o sentimento de amor tem controle.

Você pode não escolher por quem vai se apaixonar, e nem criar padrões cerebrais que o façam produzir mais ou menos doses de dopamina para controlar o que sente. A paixão é só um recurso completamente desesperado para você fazer coisas ilegais ficar com alguém.

Só que por algum motivo, a paixão acaba. Dizem por aí que ela se renova, mas não é exatamente isso que os estudos dizem por aí. Mas quem pode dar bola para os estudos, quando aquilo que se nota na prática muitas vezes é diferente? Só que ao mesmo tempo, muitas vezes é exatamente isso que parece acontecer também. Quantos casais não se separam depois de um tempo pelos mais diversos motivos? Acredite ou não, mas certamente a maioria estraçalhadora desses motivos é culpa do fim da paixão. Afinal de contas, é só depois que ela se vai que você realmente vai ter tempo para ser racional e voltar a pensar em você em primeiro lugar.


Sendo assim, acredito que a paixão é algo que não temos controle, e ela vai embora cedo ou tarde. Felizmente, podemos ter controle do amor, e quando isso acontece, deixamos de ser simples adolescentes brincando de conhecer os sentimentos na mesma proporção que conhecem o corpo. Quando essa fase passa, podemos então falar sobre o ponto principal desse post: amor.

Amando Adultos ou Idosos

Eu estou a quatro posts gigantes como esse colocando as razões pelas quais acredito que o amor é realmente uma escolha pessoal. O contrário do amor, é simplesmente a indiferença, e todo mundo consegue ficar indiferente à outra pessoa caso esqueça dela. Esquecer alguém é uma forma de buscar a indiferença e anular o amor, apenas isso. Ou seja, vai me dizer que tentar esquecer não é uma forma de controlar o sentimento?

Imagine um jovem, de sei lá quantos anos, que acaba de tomar um fora de uma menina que ele gostava muito. Os sentimentos que ele tinham por ela sempre foram mais fortes, mas a partir do momento que ela lhe deu um fora, o jovem - e infeliz - rapaz foi obrigado a controlar seu sentimento pela menina. E ele poderia ter escolhido ficar olhando as cartas de amor que fez ou escolhido atear fogo em tudo. Ele poderia ter escolhido continuar ouvindo uma música que fazia lembrar da menina, ou simplesmente deletar da coleção do mp3. Percebe onde quero chegar? Assim como esse jovem desiludido, as pessoas buscam controlar seus sentimentos fazendo coisas que estão ao redor delas. Algumas são mais radicais e vão beber, outras procurando voltar a velhos amigos de balada... sei lá, cada um sabe uma forma para controlar um sentimento. Então vai me dizer que eles são incontroláveis?

Se esse exemplo ainda não ficou claro, então tem muitos outros. Mas já disse muita coisa repetitiva nos posts anteriores e não vou voltar a falar nada disso nesse. Só para relembrar, leia aqui a primeira parte, a segunda parte e a terceira parte, caso ainda não tenha feito.

Posso até aconselhar a leitura de um livro muito bom, chamado "O Maior Vendedor do Mundo", que ao contrário do que parece, não é focado para vendedores, embora eu tenha tomado conhecimento dele através de um vendedor. Devo já até ter comentado sobre ele, mas a causa é boa quando nos deparamos com uma frase do tipo: "Todos nós somos vendedores de uma forma ou de outra. Vendemos nossa imagem, nosso melhor. Vendemos algo, e por mais estranho que seja, vendemos e nossos compradores não precisam nos dar um único centavo para que seja a melhor venda de nossas vidas".

Amando Um ou Dois

Um outro exemplo claro para imaginar tudo isso, são os fãs de alguma banda musical ou seriado televisivo. Evidentemente, eles recebem um sentimento bom por estarem em contato com aquilo que gostam, e quanto mais esse sentimento bom perdura, maior é sua ação de amar aquilo. Surgem fanboys por causa disso, e com um álibi semelhante, certas religiões cegam pessoas às fazendo escolher devotar o amor de modo incondicional, incentivados a alimentar a emoção e fazer dessas coisas uma necessidade.

Aí não tem como escapar: se uma coisa é necessária, essa coisa vai influenciar nas suas emoções; Muitas pessoas ficam mais bravas quando estão com fome, e outras, mais sentimentais quando estão sonolentas. Isso é uma prova de que uma necessidade, mesmo fisiológica, influi em uma emoção rápida daquele momento.

O prazer de qualquer coisa alimenta as necessidades. E existe apenas uma coisa mais forte do que o prazer, que é o medo. Mesmo que medo seja muitas vezes ilusório, ainda assim ele consegue ser mais forte do que um sentimento real, que é o de prazer. E é aí que mora o perigo em toda essa história; muitos deixam de encontrar a felicidade simplesmente porque tem medo de buscá-la. Ou até buscam, mas fogem quando o caminho se torna mais difícil.

E a explicação biológica para tudo isso até que é completamente compreensível. Todos nós vivemos pela e para sobrevivência, e diante disso, encontramos prazer para que seja incentivado a fazer aquilo mais vezes, e sentimos medo para que tenhamos cautela naquilo que fazemos. Como pode parecer, é o prazer que impulsiona qualquer caminhada, e é o medo que paralisa o corpo. A única pergunta a ser feita, é sobre o qual real o fator causador do medo é.

Conclusão


Vários casos estudados sobre a loucura mostraram duas coisas: as pessoas fazem coisas insanas sempre que são dominadas por uma emoção, e essa emoção veio porque a necessidade de racionalizar dada situação simplesmente deixou de existir, por  algum motivo qualquer. E uma segunda coisa interessante, é que se fosse dada liberdade em demasia para alguma pessoa, ou seja, se a sociedade e o mundo não colocasse regras para nada, então a loucura também aconteceria justamente pelo oposto: Sem necessidades, objetivos, emoções e sentimentos, o lado humano morre, ao posto que o monstro da insanidade toma conta.

Para resumir, é só levar em consideração que se você não racionalizar algo, estará se deixando levar pela emoção. A emoção é meio burra, e vai te deixar fazer coisas que farão se arrepender depois. Raiva, paixão e medo são exemplos claros disso, onde um faz com que você ataque outros, outro faz com que ame outros e outro que paralise-se outros. Mas a inversão do ônus também é válida, pois a racionalização em demasia também é burra, uma vez que ninguém é capaz de racionalizar tudo ao redor onde vive, e tão pouco encontrar a explicação para tudo.

O interessante, e lado bom nessa história toda, é que o amor não é mais uma emoção como as demais. Amor é um estado de espírito pessoal, que não depende de químicas condicionando seu cérebro a fazer coisas estúpidas (exceto a oxitocina?). Ele é você agindo por você mesmo. E não depende de mais ninguém.

Ou seja, ame. Aumente o poder dessa palavra e raio de pessoas atingidas com a mesma. Faça coisas sem pensar em recompensas, pelo simples prazer de amar. Não importa que ninguém irá te valorizar ou jamais te reconhecer por isso, como eu mesmo já aprendi. O que vale não é a troca em si, apenas a certeza de que fez a escolha certa. Até porque, não faz a menor diferença se o outro lhe ama de volta ou não, pois viver esperando que te alimentem o ego é uma das coisas que mais podem te machucar na vida. Inverta os papéis e alimente a si próprio o ego com o estado de espírito tranquilo que pode conseguir dentro de si mesmo.

Como uma vez eu li, de um amigo no msn:

"Duvido da recíproca do amor, mas não de sua existência" (Thales Vianna)

Veja todas as outras partes dessa saga sobre A Contradição do Amor:

Talvez já tenha divagado sobre esse tema do Amor aqui no blog, mas de outras formas. Agora estou tentando entender suas contradições e semelhanças, nos mais diversos aspectos. Se você acha que ele não precisa de comparação alguma, então esqueça isso e veja outros posts perdidos por aqui.

Viagens no tempo sem Rpg →  Post anterior à essa saga melosa.
De onde vem a Angústia → Um post angustiante sobre... er, a agústia
A Corrida dos Ratos [1] → Quer ficar rico? Pergunte-me como...
Amor Escalável Reflexão sobre como passar de nível no amor.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Contradição do Amor [3] - Meu ou Seu

Lá vou eu em mais uma saga nesse blog, dessa vez para maquiar mais um paradoxo insano afirmando e contradizendo as coisas ao mesmo tempo. A primeira parte foca a contradição verbal da coisa, a segunda parte coloca em pauta as analogias baratas com sua decisão de amar ou ignorar aquilo que tem pouco valor, seja por dó ou frieza. A terceira parte é só uma analogia animalesca para falar sobre o egocentrismo dessa palavra e a última parte é uma conclusão abstrata disso tudo. Let's go.

Parte 1: Ame ou Mate
Parte 2: Sinta ou Suma
Parte 3: Meu ou Seu
Parte 4: Um ou Dois

Eros, tu eras (egoismo do amor)

No último post, fui enfático ao criar analogias baratas com perfumes e animais de estimação. Tudo muito belo e agradável, por mais loucura que a princípio possa parecer. Você pode escolher amar uma música, um livro, um filhote de leopardo que caiu no seu quintal. (O.o'?) Enfim, esse poder de escolha é fácil, porque a complexidade é pequena e não evolve a coisa mais estranha do mundo: Fator Humano.

O ser humano, por sua natureza, tende a ser egoísta, preocupado com a sombra do próprio nariz, solidário consigo mesmo e amigo e amante de qualquer coisa que seja de seu próprio interesse. Claro, não vou generalizar tudo, mas já generalizando, o Fator Humano representa muitos defeitos inconcebíveis. E por isso, a escolha é mais difícil do que você falar: "'Eu decido amar minha cama."

Quando você ama uma cama, você ama e pronto. A cama nunca vai te trair. Bom, ela pode até lhe derrubar no chão alguma noite, resmungar, torcer seu pescoço ou coisas assim, mas você pode perdoar a cama e amá-la da mesma forma, afinal de contas, você possui controle pleno sobre ela e assumirá toda a culpa por qualquer traição de um simples móvel do seu quarto. Porém, as pessoas não são como camas, tão pouco representam um ponto de segurança ou vivem para você. Por isso decidir amar alguma pessoa qualquer nem sempre é fácil. Cada pessoa é uma caixinha de surpresas, pronta para te surpreender ou te decepcionar a qualquer segundo. Agora apenas me responda uma coisa, caso um pedacinho da mente ainda esteja fechado: Porque você acha que é muito mais fácil declarar que ama (e realmente amar) qualquer pessoa que possui algum tipo de deficiência ou doença terminal?

 Pois é, o ser humano é um completo imbecil nesse ponto. Amar é uma ação tão simples quanto decidir que vai escovar os dentes, mas mesmo assim, você só a faz se isso não tiver a menor possibilidade de ferir seu egocentrismo inflado. Quanto mais complexa uma pessoa parecer, menor será a sua confiança cedida, e maior a dificuldade em simplesmente decidir que amará e pronto. Agora basta entrar em um hospital de crianças com câncer e pronto, você declara todo o amor por elas que julgou que ninguém mais nesse mundo merecia. Nesse caso, és mais doente do que quem julga estar doente: E o nome dessa doença maldita é Egoísmo Terminal. #Prontofalei.

Ah, claro: Não posso me esquecer da grandiosa diferença que existe entre amar e ter compaixão. Ter compaixão é um sinônimo barato para "ter pena", e por isso, é apenas um sintoma grave dessa doença do Egoísmo. Você pode ter pena de algum animal indefeso, pode ter pena ao assistir um vídeo de alguém sendo bullynado no colégio, mas pronto. Isso acaba aí. Ter dó de uma formiguinha é uma coisa, mas decidir amar algo ou alguém por dó, então isso é deprimente. Quando você sente dó, tudo o que você está fazendo é dizendo a si mesmo de que é melhor e mais capaz do aquilo pelo qual você está com dó. É exatamente como encontrar um tipo de droga que alimente o ego e te puxe para a malevolência do amor.

Não é um mero acaso que faz o amor ser assim tão questionável. Você pode declarar que irá amar alguma coisa porque ela precisa ser amada. Nesse caso, vamos dizer que você resolveu amar por dó. Se essa dó alheia te faz bem, então é natural você achar que tudo está ótimo, e quem te vê de longe talvez pense o mesmo. Quanta desilusão... Se você realmente amasse seu objeto de pena, então seu objetivo seria contribuir para que aquele objeto fosse melhor e evoluísse, ao ponto de dar-lhe tudo o que ela precisa para viver bem e feliz. Afinal de contas, se você apenas demonstra que ama com carinho, mas nada faz para alimentar a evolução das coisas, então eu sinto muito: é um amor tão falso e traiçoeiro quanto o que tem de si próprio.

Leão, pra que te quero

É complicado. Você pode pegar um filhote de leão e cuidar dele com todo seu amor, e com isso, fazer aquele animal crescer forte e saudável. Quando ele crescer, ainda assim será um leão, ainda assim poderá sentir forme, ainda assim poderá estar num dia de mal humor e querer brigar com você; afinal de contas, quando se ama as brigas são inevitáveis (discordo, mas dizem que são, então vamos considerar que são). O aprendiz supera seu mestre, e o leão, mesmo não querendo brigar contigo, ou mesmo que ele tente fazer isso do modo mais sútil possível, a falta de controle dele poderá te matar. E aí, quem arriscará dizer que o leão estava errado em brigar, se desde o começo todos sabiam que ele é um leão, e que ele poderia fazer isso um dia? Quem poderá dizer que nunca existiu amor entre eles, só por serem tão diferentes?

Vou dar minha resposta de livre interpretação: A culpa foi do leão. Quem criou o leão realmente declarou todo o seu amor e fez a coisa certa, pois cedeu inteiramente em pról de tornar o outro melhor do que ele e mais capaz. E como o amor é uma ação, pouco importaria se fosse recíproco, afinal de contas, amar é uma decisão sua. Então por isso o leão foi o culpado? Ele nem queria aquilo, pra falar a verdade... Pois é, o leão foi o culpado não porque matou quem tanto amava, e tão pouco porque deixou-se guiar pelo instinto; O leão foi culpado porque ele não compreendeu a sua posição diante do outro. Se ele tivesse compreendido a sua posição, então ele saberia que se um dia ficasse nervoso e seguisse um instinto, então poderia matar aquele que o amava, mesmo sem querer. Caberia ao leão saber disso e se afastar justamente porque amava.

Por outro lado, também é fácil inocentar o leão se considerar que todo amor pleno exige sacrifícios. O leão poderia querer ter ido embora para evitar uma tragédia que talvez nunca ocorresse, mas o homem que lhe cuidou desde filhote poderia ficar tão deprimido com isso que morresse de tristeza. Num jogo cruel de decisões imutáveis, não se pode simplesmente jogar a culpa para o alto e esperar ela cair sobre alguém. Amar é exatamente isso: você declara que não há culpados para as suas ou pelas decisões alheias. Nada é meu ou seu, é nosso.

Nessa fábula simples, estamos considerando espécies muito diferentes entre si. Um leão não teria toda a complexidade de pensamentos de um homem, e por isso, caberia ao homem uma parcela maior da responsabilidade em sua decisão de amar. Pois é, você pode decidir que amará qualquer coisa, mas tenha em mente de que essa é uma responsabilidade só sua. É exatamente a mesma coisa que já disse lá atrás de abraçar sua cama e colocá-la num altar dourado; a responsabilidade é sua se a cama te trair, o que evidentemente será difícil de acontecer. E então, caso decida amar alguém parecido com você, um ser humano que tem muitas coisas em comum contigo, então a responsabilidade em relevar defeitos e encontrar os melhores caminhos na construção dessa história também são apenas suas. Se decidir amar um leão, a responsabilidade continua sendo exclusivamente sua. Afinal de contas, como é muito óbvio, tudo o que é feito gera consequências, e aceitar as consequências faz parte da evolução pessoal de todos nós. Para dar um outro salto ainda maior nessa evolução, então tente elevar as doses de compreensão sobre tudo; coloque-se no lugar do outro e busque o lado positivo da compreensão.

Não será fácil buscar a compreensão alheia, simplesmente porque ninguém é capaz de compreender alguém como se compreende uma pintura de Picasso. Na falta de respostas é muito mais fácil sua compreensão falhar e você imaginar coisas erradas e distorcer a realidade de modo negativo. Aliás, por experiência própria, sempre temos a tendência a distorcer a realidade para o pior modo possível, mesmo quando somos otimistas.

Um otimista diria: "vamos ressuscitar o homem morto pelos leões, pois agora o leão foi embora". Um pessimista diria: "o amor é uma droga mesmo. Que o leão ame uma leoa manca e morra de fome". Não importa o que se pense sobre o assunto, você apenas está inventando motivos que muitas vezes são completamente ilusórios. E quando digo que isso tenderá a seguir o pior modo possível, é porque muitas vezes acreditamos nessa falsa ideia que plantamos na própria cabeça. Ou seja, fingimos que acreditamos no que parece ser o mais certo com base em nossa própria experiência. Tomamos decisões que achamos valer para outra pessoa, quando na verdade só valem para nós mesmos em nossa ignorância de achar que compreendemos um palmo além do nariz.

Como era aquela música mesmo? Ah claro, lembrei-me: "E assim caminha a humanidade". O que resta agora é dançar.

Conclusão

Essa é a parte três, de um total de quatros partes envolvendo esse paradoxo sobre o amor. Já andei propondo na primeira parte o porque amar é algo simples, uma vez que parte de nós mesmos em uma essência mais pura e verdadeira.  Na segunda parte eu tentei encontrar um espaço para encaixar o sentimento em analogias simples. Mas precisava dessa parte para colocar em pauta a grande diferença do fator humano na história. E finalmente, a conclusão dessa saga fica por conta da parte 4.


Veja todas as outras partes dessa saga sobre A Contradição do Amor:

Talvez já tenha divagado sobre esse tema do Amor aqui no blog, mas de outras formas. Agora estou tentando entender suas contradições e semelhanças, nos mais diversos aspectos. Se você acha que ele não precisa de comparação alguma, então esqueça isso e veja outros posts perdidos por aqui.

Viagens no tempo sem Rpg →  Post anterior à essa saga melosa.
De onde vem a Angústia → Um post angustiante sobre... er, a agústia
A Corrida dos Ratos [1] → Quer ficar rico? Pergunte-me como...
Amor Escalável Reflexão sobre como passar de nível no amor.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Contradição do Amor [2] - Sinta ou Suma

Lá vou eu em mais uma saga nesse blog, dessa vez para maquiar mais um paradoxo insano afirmando e contradizendo as coisas ao mesmo tempo. A primeira parte foca a contradição verbal da coisa, a segunda parte coloca em pauta as analogias baratas com sua decisão de amar ou ignorar aquilo que tem pouco valor, seja por dó ou frieza. A terceira parte é só uma analogia animalesca para falar sobre o egocentrismo dessa palavra e a última parte é uma conclusão abstrata disso tudo. Let's go.

Parte 1: Ame ou Mate
Parte 2: Sinta ou Suma
Parte 3: Meu ou Seu
Parte 4: Um ou Dois


Eu escolhi não respirar.

Vamos supor que você não gosta de um tipo de perfume, pois o cheiro te trás alergias e você começa a passar mal sempre que sente aquele cheiro. Se pensarmos na ideia do amor como verbo, então a escolha de amar é possível, embora ela encontre com muitas variáveis em seu caminho. Talvez, ao aceitar que você amará aquele tipo de cheiro, isso assume que você precisará refletir as consequências do que aquele cheiro te causa. Eu poderia usar uma máscara de gás em tempo integral, mas isso anularia o cheiro e então eu o amaria sendo indiferente à sua principal característica. Isso não faz sentido.

Mesmo assim, vou considerar que amar é realmente uma escolha, e que como qualquer escolha, ela nem sempre é imutável, e existem chances de que os problemas coloquem sua decisão em cheque. "Será que eu escolhi errado? Escolhi amar esse perfume, mas eu não gosto dele porque me faz mal".

Consegue perceber o problema dessa afirmação? Você escolheu amar um perfume, cuja característica principal, que era o cheiro, você não pode ignorar. Existem chances de que você aprenda a se acostumar com o cheiro, até de perceber que não era tão ruim assim, mas as alergias, que não são escolhas suas - e sim de seu corpo - continuarão iguais para sempre.

Compreendendo o espaço do ambiente, talvez viver em um lugar mais amplo e ventilado melhore a questão do cheiro e até mesmo diminua um pouco sua alergia. E nesse jogo de escolhas, talvez espirrar ou tossir de vez em quando não seja um fator que prejudique a sua vida, e com isso, a escolha de amar fica incrivelmente mais fácil.

Mas é claro: aqui eu disse sobre amar alguma coisa que não é capaz de te amar de volta. Embora o exemplo de um simples "perfume" possa ser aplicado em várias escalas de nossas vidas, o fato é que se existisse uma possibilidade do amor ser retribuído, então sua escolha ficaria mais fácil. Percebe onde eu quero chegar com isso? Somos capazes de amar, condicional ou incondicionalmente, desde que estejamos dispostos à isso, pois como todo verbo, sua conjugação pode ser feita por qualquer pessoa.

Seria mais fácil, a princípio, escolher não respirar aquele perfume incômodo, eu concordo. Mas, minha reflexão aqui vem para mostrar que diante das coisas que nós temos agora, a escolha de amar pode ser realmente uma questão de escolha, e muito mais fácil do que imagina, já que na maioria das vezes, nem existem alergias e doenças erradicando para dentro de si.


Tá, mas e o sentimento?

Isso é outra coisa, de certa forma diferente mas que caminha lado a lado com essa coisa das escolhas, afinal de contas, mesmo que digam que ninguém escolhe o que quer sentir, muitas pesquisas feitas por aí provam o contrário.

Vou dar um exemplo prático: Certas pessoas, quando estão tristes, acabam procurando se aprofundar em músicas depressivas e racionalizar o quanto tudo é cruel para com elas. Vai me dizer que usar a tristeza para encontrar mais tristeza não foi uma escolha? E os exemplos poderiam ir muito mais além: Sentimos dor diante da perca de um ente querido, e com isso dizemos para nós mesmos que estamos em luto, porque escolhemos reviver a tristeza de modo a nos provar um respeito para aquela situação.

Você sentiria raiva quando alguém te ligasse no meio da noite para te passar um trote? Sim, porque é um estímulo natural, tal qual a dor, mas você escolhe prolongar a raiva quando vai discutir com o infeliz que te passou o trote. Você sente compaixão quando vê alguém indefeso sendo agredido? Talvez sim, mas a escolha de ter compaixão ou se manter frio e ignorar são suas, mesmo que a decisão final te deixe mal depois. São tantos exemplos, mas alguns geralmente parecem estar fora dessa regra. Pois é, parecem.

Já foi comprovado por exemplo, que as pessoas podem bloquear um sentimento aparentemente forte demais quanto a paixão, apenas racionalizando demais sobre ele. Do mesmo modo, podemos ter sentimentos indescritíveis de alegria, como uma piada lembrada no meio de um velório (sabe se lá porque), e rapidamente escolher bloquear isso colocando alguma memória triste no caminho.

Nossa mente lida com todas as emoções e sentimentos que temos em um mesmo pedacinho dentro do cérebro, e é por isso que acredito que todos os sentimentos podem ser controlados, ao menos que você se julgue não ter controle sobre si. Isso é uma questão de treino, de disciplina e a velha palavra mágica: "querer".


Unindo o útil ao agradável


Ao amar alguma coisa, você está deixando um sentimento agradável tomar conta de você, e quanto mais é correspondido, melhor se sente e mais felicidade se agrega em torno de algo ou alguém. Agora o ódio, justamente por ser algo que nos faz mal, dificilmente será duradouro, ao menos que não haja outra escolha. Quando não gostamos de alguma coisa, a tendência posterior ao ódio não é continuar exercendo o ato de odiar, e sim o de abandonar. Por isso dizem que o contrário do amor não é o ódio, e sim o esquecimento. Enquanto você se lembra, você ama. Mas só para deixar claro: estou falando das coisas que você se lembra naturalmente, e não daquelas que precisa forçar a mente para buscar na massa cinzenta perdida as informações daquilo.

Mesmo para coisas inanimadas, como objetos, não é difícil pensar em alguma coisa que você não gostou, e por isso, ao invés de simplesmente ficar se remoendo de desgosto, simplesmente deixou aquilo de lado. Em uma escala muito mais abrangente, o mesmo vale para animais, pessoas e qualquer outro ser vivo.

Você escolhe amar, quer tenha consciência disso ou não. Por exemplo, você  adota um animal de estimação, e logo nos primeiros dias, percebe que ele tem algumas qualidades boas, mas seus defeitos são terríveis. Se você decide que vai amar aquele ser vivo, é porque você está disposto a contornar seus defeitos. Por outro lado, como minha mãe já me disse várias vezes: "Não pense demais, porque depois que se pegar amor ao bichano, nunca mais se volta atrás".

E então, quando você decide amar um cãozinho, por exemplo, ele vai corresponder e te amar de volta, e você sentirá isso, mesmo que nunca troquem uma única palavra ou discussão à respeito. Daí a escolha se renova sempre, e o ciclo torna-se infinito. Claro, claro... novamente é fácil aplicar o conceito de "amor" para um animal ou um objeto, porque a complexidade dos pensamentos envolvidos não se comparam a de um ser humano para outro.

E aqui vamos nós novamente, tentando compreender se amar uma pessoa, seja ela algum familiar, um conhecido ou um bebum passando na rua. Mas isso fica para o próximo post dessa saga, tentando unir o útil ao agradável do que já propus até agora.

Conclusão

Essa é a parte dois, de mais quatros partes envolvendo esse paradoxo sobre o amor. Já falei na parte um sobre a importância de se declarar amar algo ou não. E o pacto mais complexo da vida só pode ser feito se considerarmos os sentimentos. Graças à eles a vida segue em toda sua naturalidade, e graças a eles, naturalmente estamos felizes ou tristes. Em suma, é tentar sentir ou sumir para não mais sentir.


Veja todas as outras partes dessa saga sobre A Contradição do Amor:

Talvez já tenha divagado sobre esse tema do Amor aqui no blog, mas de outras formas. Agora estou tentando entender suas contradições e semelhanças, nos mais diversos aspectos. Se você acha que ele não precisa de comparação alguma, então esqueça isso e veja outros posts perdidos por aqui.

Viagens no tempo sem Rpg →  Post anterior à essa saga melosa.
De onde vem a Angústia → Um post angustiante sobre... er, a agústia
A Corrida dos Ratos [1] → Quer ficar rico? Pergunte-me como...
Amor Escalável Reflexão sobre como passar de nível no amor.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Contradição do Amor [1] - Ame ou Mate


Lá vou eu em mais uma saga nesse blog, dessa vez para maquiar mais um paradoxo insano afirmando e contradizendo as coisas ao mesmo tempo. Eu já fiz isso uma vez ao falar sobre a malevolência e benevolência do amor, mas agora a coisa é mais séria. Agora não é para dizer o lado bom ou ruim. É para dizer ame ou mate.

A primeira parte foca a contradição verbal da coisa, a segunda parte coloca em pauta as analogias baratas com sua decisão de amar ou ignorar aquilo que tem pouco valor, seja por dó ou frieza. A terceira parte é só uma analogia animalesca para falar sobre o egocentrismo dessa palavra e a última parte é uma conclusão abstrata disso tudo. Let's go.

Parte 1: Ame ou Mate
Parte 2: Sinta ou Suma
Parte 3: Meu ou Seu
Parte 4: Um ou Dois

Contradição Verbal

Não existe meio termo, porque entre o amor e o ódio, não há um "mais ou menos". Amar é uma escolha, é um tipo de ação que é feita, assim como odiar. Não existe um meio termo nisso, porque é algo tão sólido quanto um tijolo: Você escolhe amar, aprendendo ou relevando isso ou aquilo. Você escolhe odiar, usando o mesmo tijolo que constrói, para também atacar na cabeça de alguém.

Mas não é porque é fácil, que isso é simples. A essência desse sentimento é complexa, simplesmente por ser um sentimento. Nós tentamos simplificar as coisas dizendo que temos amor ou ódio, como se houvesse uma escala de medição onde uma luz verde acende quando amamos, e fica vermelha quando odiamos. Na prática, essa escala de medição é mais parecida com uma balança, que aumenta ou diminui o tempo inteiro, de acordo com a intensidade das coisas.

Pensando dessa forma, ninguém ama algo ou alguém. Apenas colocamos um peso maior ou menor nessa balança, de modo que certas coisas que acontecem aumentam ou diminuem o peso. E assim, quando o amor perde peso, ele vai se tornando indiferente. Chega um momento em que ele perde tanto peso que começa a flutuar com sua leveza. É nessa hora que parecemos usar a indiferença para sinalizar quando não há mais amor.

E assim, o contrário do amor não tem como ser o ódio. Porque odiar significa se importar com o peso que é modificado nessa balança. A raiva vem quando você compra 200 gramas de presunto, e chega em casa com apenas 100 gramas. Isso gera o ódio. O ódio é só uma desilusão sua sobre algum valor errado na própria balança. Mas, se o amor deixa de existir, então é porque ele perdeu seu peso e sumiu.

É fácil, e se isso pareceu claro o bastante, então nem recomendo continuar a leitura, pois a ideia e o texto gigante da vez engloba justamente esse tipo de desilusão muito comum sobre quando escolhemos alguma coisa tão solida quanto pedra, e quando alguma coisa feita de pedra nos escolhe.


Amai-vos

Essa palavrinha é pequena e ainda assim é imensamente confusa, desde seu significado até sua colocação. Quando eu fiz um texto falando sobre o lado bom e ruim do amor, a única certeza que eu tive é que ele não é um sentimento, e sim uma ação. Sentimento é a dor, a raiva, a gratidão, a cumplicidade, etc. Até porque, você pode conjugar um verbo pelo fato dele representar uma ação, mas não pode conjugar um sentimento.

Dito isso, então a gente escolhe, sim, quem ou o que a gente quer amar. Uma vez, li num livro despretensioso sobre vendas (tudo a ver com o tema, né?) que dizia que um bom vendedor é aquele que oferece não só alguma coisa para que o outro compre, mas ele oferece junto o amor para com aquilo que ele está ofertando, tentando persuadir tornar mais fácil a negociação.

Nesse tal livro "O Maior Vendedor do Mundo" de Og Mandino, ele coloca algumas receitas que, se seguidas à risca, fariam uma pessoa adquirir uma vida tão boa, capaz de viver um conto de fadas cujo final é a felicidade por toda eternidade. E uma dessas receitas, se não me engano a primeira, era amar à si próprio e aos outros. E parecia tão simples e fácil... Claro que a prática, e os desníveis do mundo real não são assim. Amar continua sendo uma ação, mas são poucos que conseguem praticar esse ato pelo simples ato que é.

Ame seu corpo, diga "bom dia", "por favor" e "obrigado" para expressar uma retribuição, diga que ama as pessoas mais próximas, mas não pelo simples dizer, e sim porque você decidiu exercer essa ação continuamente. Como toda disciplina, você treina ela declarando que vai amar as pessoas que estiverem no ponto de ônibus compartilhando da mesma espera que você. Amará o motorista e o cobrador, enfim... Embora isso possa soar como um ato retardado, não foi só esse livro (e outros assim) que disseram isso, tal como estudos mais concentrados envolvendo psicologia (ou psico-alguma-coisa, desculpe minha ignorância). O fato é que esse tipo de atitude é a forma mais fácil de se provar como somos capazes de escolher sentir aquilo que quisermos, na hora em que quisermos.

O melhor de tudo é que talvez nem tenha efeitos colaterais. Você ama e pronto, o sentimento se reproduz em si próprio, é transmitido naturalmente para os outros e por consequência, atrairá mais pessoas com o mesmo espírito para perto de si. E tudo isso dentro de qualquer lógica racional, sem muito esforço de análise.


Matai-vos

Muitas pessoas dizem que o contrário do amor é o ódio, como eu mesmo já propus aqui no meu post sobre a malevolência do amor. No entanto, se nós aceitarmos o fato de que amar é uma ação, então o ódio também é, e a única diferença entre esses dois atos é a forma de como percebemos seus efeitos.

Você pode escolher amar alguma coisa ou não, e isso está longe de ser demagogia barata, como a princípio pode parecer. Nem vou entrar no mérito de hipinose e lavagem cerebral, pois quero manter o foco apenas no que é mais palpável ao senso comum e majoritário. Você pode escolher uma roupa para vestir ali do seu guarda-roupas, da mesma forma que pode escolher ter um sentimento.

Nessa ideia bizarra, preciso apenas esclarecer uma coisa: Quando você escolhe uma roupa, na verdade essa escolha já foi feita bem antes do que você imagina, onde seu subconsciente trabalhou e lhe deu a impressão de livre arbítrio. A discussão é complicada, e eu nem entendi a justificativa dos cientistas quanto a essa ilusão de que podemos escolher alguma coisa, mas acho que esse vídeo pode ser um bom começo para abrir a mente:










Ou seja, apenas para contribuir à desilusão do dia, nenhuma escolha que toma, parte diretamente de você, ao menos é claro, que na sua vida não exista nada de errado ou contra sua vontade acontecendo nunca. Se você é humano o bastante para já ter se sentido mal por algo que fez, arrependido por alguma decisão, então sinta-se melhor porque você realmente não teve culpa. A escolha não foi diretamente sua.

Vamos supor que alguém sente raiva do mundo, porque tudo na sua vida parece ir contra seus planos. Ele lentamente, e naturalmente, deixará de sentir amor pelas coisas, e passará a sentir ódio, pois é isso que tudo parece exalar para essa pessoa. Note que o ódio realmente aconteceu de modo inconsciente, e a escolha de cultivá-lo geralmente também é, embora não precisasse ser. A pessoa podia simplesmente tentar encontrar as pequenas coisas pelas quais pudesse escolher amar, e ao treinar isso, ela cultivaria sentimentos e desejos que certamente nunca culminariam em uma escolha do tipo: "Matai-vos à todos ou a mim mesmo".

É algo complicado, porque é abstrato, mas a ideia proposta não tem nada de espetacular; simplesmente experimentar exercer controle dos sentimentos, e ver como é simples. Novamente, vamos entender que sentimento, emoção e necessidade podem ser confundidos, mas suas aplicações são diferentes: Por mais racional que alguém seja, ela não controla uma emoção, que por sua vez desequilibra uma necessidade, mas nem uma e nem a outra interfere no sentimento, pois mesmo que a emoção tenha um ápice exagerado, ela é passageira e sumirá quando menos se espera.

Conclusão

Essa é apenas a parte um, de mais quatros partes envolvendo esse paradoxo sobre o amor. Em resumo, considero aqui que é possível domar um sentimento, ao ponto de tê-lo quando e como bem entender. Mas é lógico que não é fácil; eu não disse que é fácil, e sim que é possível. E justamente para mostrar como é possível, e para propor ideias de como fazer para tentar adestrar essa criatura indomada, falarei diretamente sobre o ato de sentir na parte dois.

Veja todas as outras partes dessa saga sobre A Contradição do Amor:

Talvez já tenha divagado sobre esse tema do Amor aqui no blog, mas de outras formas. Agora estou tentando entender suas contradições e semelhanças, nos mais diversos aspectos. Se você acha que ele não precisa de comparação alguma, então esqueça isso e veja outros posts perdidos por aqui.

Viagens no tempo sem Rpg →  Post anterior à essa saga melosa.
De onde vem a Angústia → Um post angustiante sobre... er, a agústia
A Corrida dos Ratos [1] → Quer ficar rico? Pergunte-me como...
Amor Escalável Reflexão sobre como passar de nível no amor.

domingo, 15 de abril de 2012

Os 8 tipos de relações

Uma das coisas que eu nunca era capaz de entender, por mais que eu esforça-se até o último de meus neurônios, era o motivo bizarro pelo qual o amor, em sua pureza de estado, era capaz de gerar tanto sofrimento em algumas pessoas. Eu olhava pelo lado bom, e não obstante, olhava pelo lado mau. E os dois lados nunca me trouxeram respostas, simplesmente porque eu não sabia qual linha lógica de raciocínio devesse seguir. Até porque, na verdade não existe lógica alguma. Renato Russo já dizia: "E quem pode dizer que há razão, nas coisas feitas pelo coração?".  Mas, em minha eloquência natural, já propus muitas reflexões aqui, considerando pontos isolados como paradoxos de escolhas, prisões mentais e até me arrisquei a ser pretensioso em arriscar uma explicação para tudo e deixar fluir um conto belo que colocasse em pauta o amor e a paixão.

Tudo sempre girando em cima de explicações que muito dizem, e ao mesmo tempo, nada dizem. E aí, finalmente resolvi considerar minha própria experiência nisso tudo, indo atrás de todos os sites e textos que já li sobre o assunto, a fim de unir a ideia e conceito de vários autores, relatores e depoimentos para criar uma espécie de teoria universal mais abrangente em que eu pudesse seguir depois.

A primeira coisa óbvia, é que muitas pessoas tem um conceito muito pessoal sobre o que é o amor, e por esse motivo, vários livros contam com versões bem diferentes para o mesmo assunto. Sendo assim, se eu tenho uma opinião sobre o amor e você tem outra diferente, já encontramos o primeiro ponto de solidificação dessa substância abstrata. Nesse caso, a pergunta certa seria: quantos tipos diferentes de pontos de vista sobre o amor existem?

Bom, vou colocar aqui os oito principais que encontrei e que divaguei mas com certeza existem outros. Bom, vejamos:

1) Personagens de Conto de Fadas
Durante a infância, aprendemos que existem contos de fadas, e acreditamos nesses contos. Depois crescemos, e aprendemos que os contos são falsos, embora para algumas pessoas, não sejam. Seja porque viveram tempo demais na infância ou porque conhecem casos reais de contos de fadas e acreditam que a felicidade delas está emplacada naquela história. Eu já fui desse tipo, e sei muito bem como funciona. Já fui do tipo de pensar que guardar o primeiro beijo para alguém especial fosse o mérito de encontrar princesas e, transformar-se de um sapo herói em um príncipe condecorado. Mas, viver no conto de fadas é tão perigoso quanto descobrir quem é o papai noel.

2) Piratas de Rios ou Oceanos
As pessoas piratas são aquelas que vivem navegando em um oceano de sentimentos, procurando pela terra firme a todo custo. E aí, quando elas encontram uma pessoa e acreditam que aquela pessoa é a terra firme, então ali depositam seu amor. E amam. Mas esquecem que são piratas, e que tudo o que realmente sentiam era apenas a paixão, ou seja, apenas o êxtase de uma conquista; Depois que conquistaram, sentem a paixão diminuir, e aí voltam para o alto-mar abandonando o que já não tem mais proveito naquela terra conquistada. Piratas vivem em si, viciados em paixão, e talvez algum dia encontrarão uma terra tão grande e misteriosa que resolvam fincar raízes, mas esqueça as garantias e seguranças de um amor de pirata. Ou sirva-se de rum e vá morar num navio também.

3) Mestres ou Jogadores do Destino
Esse tipo de pessoa, segue aquela seguinte filosofia de vida: "Amo a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres. Se elas voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as possuí." Não sei ao certo o autor dessa frase, mas sei que ela parece muito bonita e agradável de ser dita quando você encara a "liberdade" como destino, deixando que tudo flua naturalmente. Não se importa em mover-se para ajudar o destino, por acreditar que o mesmo é fruto apenas dos próprios méritos. Um jogador apenas, um fanfarrão. Talvez tenha sorte. E se não tiver sorte, aí você entende o porque realmente são jogadores: Azar no amor, sorte no jogo. Não é o que dizem?

4) Crianças Inocentes
Muitas pessoas adultas mantém o comportamento de crianças quando estão amando. Não estou dizendo fazer aquelas imitações e vozes infantis. Estou dizendo no comportamento carregado de ingenuidade e desconhecimento de tudo. Graças a isso, cada um consegue encontrar um caminho muito obscuro pela frente, porque não sabem bem ao certo o que estão fazendo; apenas vivem o momento, como que brincando com o jogo novo que ganharam no natal. Essas pessoas são aquelas que fazem de tudo em nome do amor, e como crianças, mimam e são mimadas o tempo inteiro. Nada errado aqui, exceto pelo simples adentro do perigo: Deixe que um dia um dos dois pare o mimo e sabe o que acontece? Pois é, exatamente o que crianças fazem nessa situação: "belém, belém, nunca mais fico de bem". E corta aqui.

5) Atores num Teatro de Máscaras
Eu iria dizer que existem pessoas que atuam o tempo todo, parecendo nunca serem elas mesmas, nem mesmo quando são elas mesmas. Não estou dizendo que elas são mentirosas ou que fingem coisas o tempo todo, porque elas apenas interpretam um papel que lhes é dado, e quando esse papel é de romance, elas nunca sabem como interpretar ao certo. Por isso, para facilitar as coisas, vivem em um backstage do teatro, e ali pegam uma máscara e vão para o palco munidas de sentimentos. Ficam com medo de errarem na atuação, porque não há ensaio algum antes, e não querem se permitir errar. Daí ficam com medo de improvisar, de dizer o que acham que é a fala certa para o momento, de realmente atuar. Adoradores da tragédia grega ou dos livros de Shakespeare. Esses atores são assim, tão amantes da arte que provavelmente usam alguma filosofia ensaiada do tipo: "Dói amar alguém e não ser amado em retorno, mas o que é mais doloroso é amar alguém e nunca encontrar a coragem para deixar esta pessoa saber como você se sente."

6) Metódicos, Frios e Calculistas
Tenho medo desse tipo de gente. Até porque, sou um deles. Essas pessoas que são metódicas carregam uma caderneta no bolso, e sempre que um sentimento surge dizendo: "olá, eu sou o Goku Amor", elas anotam isso na caderneta e vão para a faculdade pessoal, onde lá elas mesmas estão na posição de aluno e professor. Criam cálculos do porquê a relação dará certo, fazem algumas somas e olham para a caderneta pensando: "hmm, então aqui é o valor de x, que somo com y+2 e vejamos... opa, e o resultado dessa raiz quadrada, será que está certa?". Então, só nesses casos, elas consultam a quem amam perguntando se um número da equação está certo ou não. Se estiver certo, tudo bem, voltam para a faculdade e entregam o trabalho para o professor. Se estiver errado, refazem os cálculos. As vezes, refazem várias e várias vezes porque teimam que a resposta é outra. O problema todo aqui é simples, não é? Pessoas assim estão de fato em uma relação, mas às vezes estão sozinhas, porque todo o padrão de racionalização parte dela para ela mesma. Não preciso nem explicar o porque se tornam pessoas frias, não é?

7) Impulsivos, Compulsivos e Outros-ivos.
Dificilmente uma pessoa que tem um problemivo, tem só um. Por isso, são vários "ivos" numa única personalidade. E como essas pessoas vivem tudo de modo tão intensivo... Elas se apaixonam e doam o mundo delas, sofrem por elas e por milhares de pessoas em nome de um amor que beira à loucura. Realmente correm atrás, criam nós em cordas resistentes para prender a pessoa e passam horas trocando um minuto de pensamento por horas de ação. É o tipo de pessoa que faz coisas pelo espírito obsessivo, decisivo, ativo... Comumente é o ponto forte de quem é, desculpe a repetição da palavra, possessivo. Bom, acho que deu para entender. Mas só um cuidado para não confundir um detalhe: todo mundo tem seu lado de posse, porque faz parte do instinto humano: no entanto, toda posse que ultrapassa um limite transforma um humano nesse tipo de humano.Principal filosofia que esse tipo de pessoa segue: "Você se importa? Demonstre. Ainda não aprendi a ler pensamentos."

8) Primatas pela naturalidade
A lei da natureza está presente em muitas coisas que fazemos, mas em algumas, isso se torna o fator principal de um relacionamento. Então, posso dizer que existem pessoas que fazem aquilo que a natureza pede, seguindo apenas um instinto primitivo que está presente em todos os animais: um macho-alfa procura pela fêmea que poderá continuar a espécie, gerando descendentes saudáveis e assim cuidar deles. A fêmea, em uma réplica do que acontece em seu ovário, age exatamente assim fora dele: vai deixar milhares de amores surgirem, e somente aqueles que forem fortes e não morrerem, serão considerados. Por um instante, isso parece bem comum para muitas pessoas, mas o que difere esse tipo de gente é o consenso biológico apurado: Elas não perdem tempo refletindo todas as camadas do amor, tão pouco ficam em dúvidas quando tem escolhas de se aproximarem de alguém, simplesmente porque o instinto é simples, objetivo e direto. Elas simplesmente vão, olham o que acontece ao redor delas e avaliam as escolhas. Daí escolhem e pronto, fim do assunto. Seja uma paixão rápida ou um amor duradouro, só a natureza vai decidir. Nem queria comentar nada, mas é bem provável que na pré-história ou se amava assim, ou você não estaria aí vivo para contar sua história nos dias de hoje.


Transcrição de Realidades

Ok, já propus os 8 principais tipos de relacionamentos que lembrei creio dividir bem os tipos de pensamentos mais comuns em que esse assunto se agrupa. Talvez existam outros, mas minhas pesquisas e conhecimentos limitados não conseguiram ir muito além, por isso, novamente peço ajuda para quem puder explanar outras ideias por aqui.

Independente disso, não vou fechar esse post sem tentar concluir o que me propus ao início, que era tentar definir o porque o amor é sempre tão contraditório assim. O primeiro passo, como já propus, é que ele se apresenta de formas diferentes baseados nas crenças das pessoas. O segundo passo, é que muitas vezes as suas crenças são diferentes das crenças alheias. E note um importante detalhe: Às vezes temos um pouco de cada tipo de crença, o que torna tudo ainda mais difícil. E nessa eloquência de ideologias, eu continuei procurando por um lado mais coeso de acompanhar... E como procurei...

Até que eu encontrei um dos textos que mais me abriram a mente e me ajudaram a trazer uma nova resposta. Esse aqui vale o clique: O que difere a amizade do amor? O post desse blog é um pouco extenso, mas ajuda a trazer alguns conceitos para toda essa teoria já formada. Ajuda a refletir sobre o porque tanta gente sofre nesse assunto, porque muitos acabam ficando sozinhos quando não enxergam as oportunidades, e até mesmo o porque existe a conhecida e odiada FriendZone.

Foi desse texto que me veio a explicação mais simples para tudo, dizendo que o amor e amizade são iguais em muitos pontos, mas a principal diferença, é que no amor você quer trazer a realidade de outra pessoa para junto da sua realidade. Talvez mesclar as realidades e criar uma nova. Pessoas possessivas podem querer impor sua realidade à alguém, e se esse alguém for submisso, parabéns: está aí uma relação que todo mundo ao redor dirá: "Nossa, como eles se dão bem", mas entre eles mesmos, o vazio de tristeza é tão grande e incompreensível que pelo menos um dos dois (se não os dois) sofrerão calados. Pessoas submissas vão querer encontrar uma realidade parecida com a delas, para que agregue, e se tiver que modificar alguma coisa, que modifique apenas o necessário. Daí a relação irá bem, exceto que se as diferenças não forem aceitas, a pessoa submissa vai sofrer, e nunca será capaz de responder o porque ela sente um vazio no peito durante certas noites de inverno.

Ou seja, tendo em mente esse conceito de que amar é uma transcrição de realidades, tente reavaliar os tipos de relacionamento que propus no início, e talvez fique mais claro o porquê de certas coisas: Será que todo amor não é apenas lidar com realidades diferentes, e por isso, para muitas pessoas elas tanto iludem e desiludem com grande força, enquanto para outras, parecem unha e carne?

Conclusão

Talvez você, assim como eu, não consiga ainda compreender muitas coisas, e por isso, também vale a pena considerar a explicação científica de como o amor funciona nos níveis biológicos além de nosso controle. Existem até certos experimentos científicos dizendo que nosso cérebro, independente de sua orientação sexual, pode apresentar mais traços femininos ou masculinos, mesmo contrariando a verdade biológica de seu corpo. Tem até um teste, lá da revista época para responder essa pergunta: Qual é o sexo de seu cérebro?

Acho que já me estendi demais aqui, e juro que não era esse meu objetivo. Mas, antes de fechar o assunto, vou colocar aqui só mais duas leituras muito recomendadas para dar uma outra ignição à todas essas dúvidas e certezas incertas do amor: Uma é sobre o Namoro prematuro e relações pré-matrimoniais, que acontece principalmente quando o amor alavanca entre um casal que não entende muito bem o que estão sentindo e vão se deixando levar pelo momento. É muito bom para refletir, como o autor propõe, a principal causa de tantos relacionamentos duradouros quebrar e principalmente o porque o conceito sobre "achei o amor da minha vida" é completamente errôneo e perigoso.

A outra leitura é bem curta, e na verdade apenas reforça a pergunta que já fiz aqui no meio desse post sobre a ponte ou barreira entre amor e amizade. O post apenas coloca a dúvida em pauta, e ali nos comentários é que a história se desenrola, porque dá para ver várias opiniões sobre o assunto, que complementam, contradizem e podem ajudar a reforçar ou piorar aquilo que você já acreditava saber sobre o assunto.

Por enquanto, não tenho mais nada a declarar. Só que sinto dizer, mas Camões sempre esteve certo desde o início: "(...) Mas como causar pode seu favor, nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor?"

As vezes compreendo como o amor é algo muito complexo quando me vejo falando sobre ele diversas vezes por aqui. Mas esse post específico, eu confesso que já estava escrito fazia um bom tempo, mas sempre ficava esperando encontrar outros tipos de relações para aumentar ou rever minha lista. Já que o tempo passou e não obtive nenhuma variação de filosofia, então resolvi publicar.

Contradições do Amor →  Uma saga em 4 partes falando sobre... amor?
O Paradoxo da Confiança → Até onde vai sua confiança em alguém?
Amor Escalável Reflexão sobre como passar de nível no amor.
Partículas de Energia → Um hoax interessante, sobre o nosso DNA

Se alguém souber o autor dessas frases, que ocasionalmente esbarro com elas pelo twitter ou facebook, por favor me avise. Já encontrei tantas fontes, que nem faço ideia quem é o autor original para assim creditá-las corretamente.

sábado, 14 de abril de 2012

Viagens no Tempo sem Rpg

Está aí uma coisa legal para discutir, que é tão legal que não leva a lugar nenhum. Falar de viagens no tempo é uma forma de usar a imaginação para especular ideias incríveis que certamente tem poucas chances de ocorrer. Eu já falei das Viagens no Tempo com Rpg no ano passado, e agora volto para falar delas de modo mais conciso. O primeiro ponto, antes de mais nada, é que eu sei que existem outros tipos de viagens, e o link com todos os 22 tipos de paradoxos podem ser lidos aqui. Mas, mesmo assim, nunca me enjoo de falar sobre essa máxima da Ficção Científica, e como eu sempre posso voltar no tempo para vislumbrar sobre isso, então cá aqui mais uma oportunidade.

Viagem Dimensional

Esse é o tipo de viagem que citei no meu exemplo com o Rpg. A Viagem Dimensional ainda é uma das mais aceitas pela ciência, caso algum dia desses construam uma máquina do tempo. Nesse tipo de viagem, cada vez que volta para o passado ou vai para o futuro você cria uma linha do tempo diferente, de modo que isso tire todas as preocupações sobre porquê aconteceu isso lá e não acontece aqui. Em outras palavras, esse é o estilo mais fácil para se criar uma história de ficção coerente, já que não há como se preocupar com nada. Um filme que usa esse tipo de conceito aliado a teoria do caos é "Lola Rennt", (ou no Brasil "Corre, Lola"), em que as viagens no tempo tem aquele jeito de ser dimensional.


Viagem Paradoxal

Acho essa uma das mais legais, embora seja a mais difícil de ser resolvida. Aqui você volta para o passado e tem que lidar com todos os paradoxos envolvendo a mesma linha de tempo que levou você até lá. Se morre no passado, então como explicar o fato de que no futuro você tem que estar vivo para construir a máquina do tempo?

Sinceramente eu sempre tenho medo de qualquer história que envolva esse tipo de viagem, simplesmente porque as chances de se criar furos de roteiro aqui são gigantescas. Basta você esquecer um detalhe bobo, do tipo: "eu fui pro futuro levando uma caneta comigo, mas cinco minutos depois eu voltei para o passado e destruí essa caneta antes de eu levar ela pra lá". Pronto, você criou um erro e nunca mais sua história será a mesma. Nunca será possível responder todas as perguntas e qualquer um que tente te ajudar a pensar no assunto ficará com os miolos cheirando queimado.

O inesquecível "De Volta para o Futuro" tenta lidar com isso construindo um roteiro que responda essas perguntas e crie respostas que funcionem naquele mundo. Não deixa de ser uma viagem em que você lida com paradoxos, mas pelo menos eles tem uma resolução aceitável. Isso é, se você não muda nada de modo muito forte, então você está lidando com a mesma linha do tempo, e caso a mudança seja impactante demais, então a linha se quebra em uma outra dimensão.



Viagem Mental

Quando Lost se atreveu a mexer com viagens no tempo, eu fiquei com medo de ver uma das minhas séries prediletas entrar em ruína. Contar uma história que tenha viagens no tempo é tão arriscado que tem o poder de tornar tudo muito legal ou muito ruim. E Lost foi ainda mais além, misturando vários conceitos sobre o assunto num lugar só. E como ela tratava com todo respeito a comunidade científica e religiosa, então era óbvio que aquilo só terminaria bem se tivesse sido muito bem conectado.

E no meio de tantas ideias novas e bizarras, eles apresentaram uma particularmente interessante, que é a de projeção de consciência. A projeção de consciência, seria como se você pudesse recordar do passado, mas recordasse dele tão bem que pudesse criar interações e essas interações tivessem impacto depois que você voltasse para o presente. Isso é interessante porque pode ser explorado de muitas maneiras, desde sonhos, alucinações, doenças, etc. O excelente filme de 2011 Source Code (Contra o Tempo) é um desses filmes que explora a projeção de um modo fantástico.

Uma história que tenha como foco a viagem mental pode até ser encaixado dentro das viagens inúteis, já que você pode conseguir mudar as coisas e depois alegar que não conseguiu porque estava sonhando. O final tem grandes chances de ser muito frustrante, mas com certeza ficará bem explicado.


Viagem Inútil

Eu chamo de Viagem Inútil por falta melhor de nomear aquele tipo de viagem no tempo em que você não pode fazer nada lá porque o que foi feito já foi feito. Não importa quantas vezes se tente matar seu avô, ele sempre vai se safar para que você possa nascer no futuro e construir uma máquina do tempo que crie esse hábito em looping. Normalmente, esse tipo de viagem geralmente envolve algum fator maior do que tudo e inexplicável, como o destino. Quando se acredita no destino as coisas também ficam fáceis, já que você pode dizer que tudo aconteceu porque tinha que acontecer, e se tiver que ser, será. Ou seja, não há muita preocupação com a interação da máquina do tempo, e sim com o desfecho. Muitos filmes usam esse conceito, e a mensagem no fim é sempre a mesma: "foi tudo inútil".


Conclusão

Pois é, de novo. Na verdade é segunda vez que eu posto sobre isso, mas pode ser a primeira que você lê sobre isso aqui no blog, principalmente se leu tudo até aqui, mas não leu o post anterior. E quando se fala sobre o tempo, as viagens sobre o assunto são tão grandes que dificilmente algo será encerrado. Pois é, de novo. Na verdade você pode ler isso aqui infinitas vezes, e no fim das contas fez uma viagem no tempo: perdeu tempo. Pois é, de novo.

Depois de uma chuva de posts abordando mais o aspecto comportamental, eis que surge um tão desnecessário quanto os demais, mas serve para dar uma quebra nas desilusões envolvendo pessoas. Se bem que ainda acredito que inventarão uma máquina do tempo, e enquanto não inventam, tudo o que me resta é continuar desiludindo em mais posts como esse.

Extremamente Simples →  Post anterior sobre a mente descontínua.
Viagens no tempo com Rpg → A origem do do post atual
Ano Novo? → Você voltaria no tempo para ter um novo ano novo?
Desilusões do Tempo Porque o importante é desiludir com o tempo.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Extremamente Simples

Se o mundo é tão complexo, e se as pessoas são tão complexas quanto o mundo em que elas vivem, então porque existe a tendência de tentarmos simplificar tanto as coisas? Ou melhor, porque será que damos preferência àquilo que é mais simples? Graças à simplificação de tudo é que surgem os extremos. O bem e o mal. O certo e o errado. E é isso que não consigo compreender; afinal de contas, não é estranho tentar simplificar o complexo só para compreendê-lo? Ninguém pode ser 100% bom ou 100% mau. Nem um psicopata e nem um santo são capazes de ficar entre essas linhas extremistas, mas mesmo assim, nossa visualização do mundo parece capaz de só compreender o ponto A e o ponto B, ignorando qualquer coisa entre eles.

Essa deveria ser só mais uma desilusão comum para entrar na coleção desse blog, mas aí então eu vi um vídeo aqui que me fez abrir a mente para esse assunto. Não vou entrar nos detalhes do vídeo, porque ele é totalmente explicativo e bem feito, dispensando comentários. Trata-se da chamada mente descontínua, que em resumo, diz que o ser humano tem uma séria dificuldade em enxergar um processo de mudança. Ele capaz de ver a mudança depois que a mesma aconteceu, mas nunca durante o processamento da mesma.

Simplificando...

Antes eu era perito em me perder em qualquer lugar, em andar em círculos e não conseguir memorizar um caminho novo. Quando eu ia para São Paulo, meu senso de direção parecia perder todo o conceito lógico e me fazer agir como um retardado que olha para todas as placas e vê apenas textos árabes querendo me dizer algo. Foi então que meu pai me deu uma dica muito simples e valiosa: pegue referências.

A partir de então, o mais importante para mim não era mais tentar compreender a minha localização em si, e tão pouco tentar decorar um guia ou as direções que via em um mapa qualquer. Apliquei a técnica de usar os pontos de referência por onde eu passava, e alguns distantes para saber onde eu ia. Confesso que colocar essa ideia em prática parecia fácil, mas não via resultado algum, simplesmente porque eu me esquecia das referências logo depois.

O que quero dizer com isso, é que até mesmo uma simples mudança de conceito não é tão simples assim. A mente leva um tempo para colocar tudo o que sabe na teoria em prática, e muita vezes ela é preguiçosa em fazer isso e acaba se pondo à deixar sempre para depois. Mas um tempo depois, que não tem como você calcular exatamente o quanto, você usa um referencial de uma época antiga de sua vida para declarar uma clara mudança. O processo de mudança parece não existir, mas de fato, ele foi o mais importante para que você partisse do ponto A para o B.

É a mesma coisa que acontece com o aprendizado de um novo idioma. Você começa a pegar os primeiros conceitos que até então não fazem sentido algum, e meses depois, mesmo sabendo alguma coisa, é pouco. Dá impressão que será impossível falar outro idioma como um nativo, até que o tempo avança cada vez mais, e sua persistência cria a diferença. Novamente você usa como referência para saber o quanto mudou olhando para aquele ponto do passado em que iniciou o aprendizado. Você de fato aprendeu, mas não sabe dizer exatamente o dia em que aprendeu. E não houve um dia em que aprendeu, houve um tempo. E o ser humano não tem (infelizmente?) a capacidade de enxergar tão bem essa quarta dimensão.


Gameficando...

Confesso que já tentei aplicar a regra da simplificação máxima na minha vida, e falhei magistralmente. Pensei em usar regras vistas em jogos de RPG que tornam a evolução de seu personagem lenta, mas ao mesmo tempo visível. Por exemplo, tudo o que você fizer na sua vida irá gerar pontos de experiência. Então você decide viajar para um outro estado, e quanto maior a dificuldade em fazer isso, maior a experiência adquirida. Mas só funciona pela primeira vez, porque se viajar para o mesmo estado novamente, sua experiência será reduzida.

A ideia em si seria imaginar que tudo o que você está fazendo diferente está gerando pontos de experiência, e quando acumular uma quantidade X de pontos, então você passa de nível e evolui. Daí as dificuldades viram desafios, que por sua vez viram diversão. Seus problemas passam a se tornar os inimigos que deve vencer para ganhar mais e mais experiência.

Eventualmente um mesmo inimigo poderá aparecer novamente, mas aí você já sabe como vencê-lo, e muitas vezes nem vale a pena perder mais tempo com ele, já que para continuar seu processo de evolução, é necessário encontrar novos inimigos. Fazer grinding na vida real serve apenas para deixar o tempo passar. Mas na vida real o tempo sempre será seu único referencial, onde ficar parado esperando por mudanças sem lutar com novos inimigos é inutilidade.

Conclusão

O ser humano deve ser o único animal capaz de ter uma urgência em complicar a vida. Parte dessa complicação é o desejo de criar conceitos inexistentes sobre o tempo. Acreditamos que o tempo sempre estará lá nos evoluindo, mas esquecemos que o processo de evolução não é causado pelo tempo, e sim por nossa atuação no tempo.

Nesse exato segundo, você pode olhar para o passado e fazer uma breve reflexão sobre onde estava há 5 anos atrás e onde está hoje. Se de repente estiver no mesmo lugar (não no aspecto físico, mas evolutivo) então saiba que está fazendo tudo errado. Cinco anos é uma média de tempo razoável para que possamos passar de nível na vida, então se parte de seus sonhos, ideais e objetivos não aconteceram nesses últimos cinco anos, reveja-os. E para passar de nível, nada melhor do que encontrar o caminho que lhe coloque mais desafios, e com isso, traga mais experiência e permita fazê-lo olhar para daqui exatos 5 anos e dizer que está em um nível diferente.

Para ajudar: Criar hábitos mudam a forma de pensamento, que por sua vez irão mudar suas emoções sobre aquilo que esta pensando de forma diferente. Essas emoções obrigarão você a fazer ações diferentes das atuais. Agora sabendo que as ações criam resultados diferentes, creio que todo o processo complexo da vida pode ficar extremamente simples a partir de agora.


Que tal fazer uma mini-cápsula do tempo aqui? Diga seu nível atual, e onde planeja estar daqui a cinco anos. Evoluir é bom, mas com alguma fonte de motivação, isso nem se compara. Vou deixar alguns posts antigos aqui, para provar como eu fui na contramão do que disse e consegui perder níveis ao longo dos anos.


Acaso vs. Destino →  Post anterior para analisar dois conceitos.
Dança de Salão [5] → O dia em que comecei minha evolução.
Escolhas Um desincentivo a fazer sua escolha nesse instante.
Jaskon Meu herói de quanto tinha 6 anos, e estava no nível -5