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Queria apenas compartilhar uma idéia. Uma visão um pouco diferente de nós mesmos, e que como tenho certeza, é a relação mais forte e importante que temos ao longo da vida. Conhecemos pessoas, aprendemos habilidades novas e até mudamos nossa personalidade com o passar dos anos. Mas, o que é a tal "essência" que dizem nunca mudar? Como mais uma analogia perdida no mundo, queria separar a nossa consciência e a nossa inconsciência para entender algumas coisas.
Então, vamos considerar que você é um cidadão, que desde quando veio ao mundo, é formado apenas por uma consciência que deseja fazer aquilo que quer, ou que nem sabe ao certo o que quer. Você sozinho não poderia ir muito longe, e por isso vive em algum meio social. Mas, se não houvesse ninguém ao seu redor, ainda assim estaria vivendo?
A resposta não é simples, pois a solidão pode ser encarada de muitas formas, seja por nós mesmos, por pesquisas isoladas ou a ciência de um modo geral. Afinal de contas, não podemos nascer sozinhos, mas experimentamos a solidão em muitos momentos. Alguns sentem-se mal quando sós, e outros, mesmo entre multidões continuam se sentindo sós.
Mas esse não é exatamente o ponto que quero abranger aqui. O meu ponto, como disse no início, é sobre a nossa "essência". Uma parte dentro de cada um nós que sempre vive sozinha, e que é responsável por determinar cada passo de como é o presente e como será no futuro. Estou falando, obviamente, da
Ela é toda confusa, e até a hoje ninguém conseguiu extrair todas as respostas dela. Hormônios e substâncias malucas que deixam alguém assim ou assado? Doses descontroladas de estrogênio ou testosterona que fazem transversões naturais de sexualidade? Pois é, para mim tudo isso seria muito mais simples se a teoria da estante das emoções fosse verdadeira.
Para exemplificar, vamos partir de uma idéia muito simples: Como eu disse, você é você. (dã?) Mas seu subconsciênte é algo totalmente separado, que inclusive mora na sua própria casa e paga as próprias contas e tem suas crises e necessidades específicas. A única diferença para as demais pessoas desse mundo, é que ele é um grande amigo bibliotecário que trabalha só para você. E não, ele não se chama kindle, ibooks, e nem google, ainda. Por enquanto ele vive somente para atender exclusivamente, e em tempo integral, sua pessoa. Uma espécie de
O Dono da Biblioteca
Esse bibliotecário não tem poderes de previsão de futuro, e por isso ele tenta lhe dar conselhos com base nos livros que você mais lê e gosta.
Vamos só fazer um parenteses: Para ficar claro, por mais metalinguístico que seja explicar a metáfora dentro da metáfora, todo o material literário equivale a soma de suas experiências. Tudo o que vê, sente, cheira, escuta e intui se tranformam em uma coisa sólida e material que, naturalmente, são os tais livros que se adquire (ou compra?) pelas ruas, pelo caminho que é mais longe e menos familiar do que o próprio lar. Pode até demorar um pouco para somar os primeiros materiais, mas eles somam, ainda bem cedo, e quase sempre pela chuva de influências nas mãos que te levam fora do berçário.
Até agora nenhuma novidade, afinal de contas, quando você ainda é criança isso é natural. Todo mundo tenta impor coisas àquela mente inocente, e até seu amigo - tão inocente e ignorante quanto tu - também fica lhe impondo idéias do que fazer. Na minha teoria, ele não suporta olhar ao redor e ver a estante pegando pó, e por isso, sai fazendo milhares de perguntas e gritando para você puxar um bloquinho de anotações e explorar tudo onde puder.
Quanto mais coisa se aprende, mais rápido e poderosa fica a estante, e já que tudo em excesso é ruim, isso também não deixa de ser diferente: Seu bibliotecário pessoal que encher a biblioteca de coisas legais pra você, mas ele mesmo não tem muito tempo pra ficar aprendendo com tudo aquilo, já que por desconhecer muita coisa, é mais fácil ele fazer uma cara de zé ninguém e ir deixando tudo lá no fundo. Eu espero, sinceramente, que exista muita sorte para que pelo menos ele seja bem organizado e seletivo quando precisar achar algo lá. No começo, só com historinhas da Turma da Mônica é fácil e divertido criar uma coleção com todos os exemplares.
Mas ninguém está parado no tempo, e o tempo, passa. As brincadeiras e todas as coisas que você ganhou e levou para a biblioteca já começam a pegar pó, e pouco a pouco são encaixotadas, as vezes até escaneadas e amazenadas na internet para uma busca rápida posterior, mas na maioria das vezes, o tal bibliotecário é que fica com o trabalho pesado. Enquanto ainda não há muito sobre o que refletir da vida, cabe ao bibliotecário ficar levando caixas de um lado pra outro, fazendo uma limpeza rápida para jogar alguma coisinha fora, e enfim... Na fase da adolescência você está muito mais por conta própria, jogando todas as porcarias de livros que acha pelo caminho e dando pro coitado do bibliotecário.
Sabe de uma coisa, acho que na adolescência o mais fácil mesmo é ir pegando as coisas e depois montar um pacote e despachar nos correios. Hoje em dia a gente ainda envia um email pra ele, cheio de links pra download, e o coitado lá que se vire para organizar tudo depois. Ele é eficiente e bondoso até demais, na minha opinião. O problema é quando você tropeça e volta lá pra dar um oi ao seu velho e inseparável amigo.
Não é atoa que depois de atingir a vida adulta as mudanças se tornam mais difíceis. Nesse ponto, sua estante já está bem abarrotada de coisas, e seu bibliotecário pessoal começa a ter dificuldades para organizar tudo. Milhares de aprendizados, enciclopédias e anotações soltas no meio de páginas avulsas. Sabe o que é mais grave, principalmente ao entrar na fase adulta? É que quando você traz um livro novo para ele, seu humor está sempre diferente. Às vezes você acha um papelzinho na rua e entrega pro bibliotecário com um sorriso bobo no rosto. Às vezes, aparece com uma cara de nojo, em outras, vêm com umas revistinhas de piadas toscas que tem vergonha de mostrar pra ele. Isso quando são só revistinhas de piadas. No meio de tanta coisa legal e inútil que você vai acumulando, tem vezes que o livro que traz nas mãos vem junto de tristeza ou raiva.
Ah, as emoções. Uma criaturinha tão fofa quando nasce que no dia-a-dia age como santo. Então um pouco de paixão e aquela criatura, já crescida, volta pra infância. Se engasga com pouco de ganância e cria arrogância. Essa criatura estranha, que ao ter o ego amaciado vira uma heroína ou vilã. E quando chega a fúria? Dúvido ser capaz de pensar que algum dia ela foi boazinha; parece que nasceu pelo orifício errado. As emoções, mesmo que passageiras, são capazes de mudar tanto alguém, que gera surpresa àqueles ao seu redor. Ou, não necessariamente só àqueles ao seu redor...
Óbviamente, o tal bibliotecário, que é muito seu amigo, se assusta. Ele vê você chorando, e não entende ao certo o porque de tantas lágrimas, mas então, ali ele nota o livro que deixou para ele em cima do balcão. Se esse bibliotecário fosse mais esperto, ele poderia jogar o tal livro ruim fora e pegar um daqueles de piadinhas pra tentar te animar. Mas ele não faz isso, e sabe porquê? Porque ele também quer ler o conteúdo daquele livro com muito mais afinco que você, pois ele acha que somente assim pode te ajudar. Somente sabendo o que causa uma doença é que ele imagina ser capaz de propor a cura. Ele quer dar uma de sabichão e pesquisar os sintomas no Google. E sabe onde raios tem algo errado nisso? ELE NÃO É MÉDICO!
Esse seu amigo, pode ser o mais inteligente de todos, pode até ter lido vários livros de medicina, mas ele é um bibliotecário e não um médico. Ele pode tentar enfiar doses de remédio placebo na sua veia enquanto fica lá olhando nos catálogos e procurando por motivos que ele acha que são os responsáveis por tal coisa. Ele acha que sempre vai ter um conselho pronto para resolver todos seus problemas.
Mas o maledito não consegue. E pior do que isso, ele fica com receios de que você traga novos livros ruins para sua biblioteca, e os começa a empurrar para ler novamente, como que se dissesse: "Já tenho esse aqui, não precisa me trazer outro parecido". Um dos dois, certamente ainda preso na parábola do tempo, não compreende que algo que aconteceu uma vez não necessariamente vai acontecer denovo. Falando nisso, acho que os dois são incoerentes nesse ponto: Porque um quer empurrar a história fracassada para que tal erro cometido sirva como aprendizado, mas o outro, mais inconsequente que o primeiro, quer provar para si mesmo que a história fracassada do momento é mais importante do que aquela já lida. E aí sofre-se tudo novamente. Lá se vãos os dois discutir a teoria a derrota, embora - felizmente - ainda acredito que grande maioria consiga discutir os assuntos lidos sem necessariamente revivê-los novamente. Reviver um sentimento bom é uma coisa, mas reviver um sentimento ruim? Sinceramente isso é próximo demais da loucura doentia e destrutiva.
Bom, onde estávamos? Ah, sim, eu dizia que às vezes seu amiguinho, mesmo querendo seu bem, acaba piorando as coisas, e até baixando sua confiança. Chega um momento a la Tyler Durden, que um vira para o outro e diz: "Belém, belém, nunca mais fico de bem. E corta aqui".
E como é de se esperar, cada bibliotecário pessoal tem sua personalidade própria. Geralmente, por alguma coincidência, sei lá, ele se parece muito com você. Mas, mesmo com gostos parecidos (e alguns bem questionáveis) ele pode ser mais agressivo, mais submisso, mais tolerante... enfim, ele tem lá suas variações de humor também.
Mas atenção: Não confunda a mudança de humor com a mudança de emoção. O seu humor pode mudar para um estado odioso, mas o combustível acaba tão rápido quanto começou. Agora uma emoção de ódio, por se alimentar dela mesma e de uma situação ao redor, não se extingue tão fácil. O mesmo vale para emoções boas; alguém que acordou apaixonado fica bobo num dia, mas quem está apaixonado fica bobo todos os dias.
Como eu dizia, os bibliotecários acordam bobos... na verdade, eles tem um humor bem variável de acordo com o seu, mas não necessariamente uma personalidade parecida. Eles podem, como eu já havia dito, serem eternamente brincalhões, medrosos, compreensíveis... enfim, isso não é exatamente você que escolhe. Até tenho uma teoria sobre isso, mas deixamos para outra hora para não deixar esse post ainda mais confuso e longo do que já está.
Acho - com alguns entretantos - que o melhor tipo de bibliotecário é aquele mais tranquilo e tolerante, pois ele confia mais em você e não se importa muito em ficar relendo cada livro que tráz para bisbilhotar tudo o que anda aprendendo. Ouvi dizer que alguns até saem junto contigo para aprenderem experiências ao mesmo tempo, embora isso seja raridade.
A maioria
Agora as pessoas mais cuidadosas também são um problema muito sério. Elas andam um pouco, geralmente não muito longe, e voltam várias vezes por dia para ver como está o bibliotecário. Na verdade, elas voltam mesmo para pedir conselhos, pois confiam mais nele do que nelas mesmas. Esse tipo de gente, que por fora parece normal, por dentro é um novelo de lã completamente emaranhado. Elas buscam tantas visitas à biblioteca que enlouquecem com tanta informação, e muitas vezes, informação velha e ultrapassada, já que só se coloca livro novo na biblioteca quando se traz de longe. Mas elas não vão longe, e esse é o problema...
Será que todo mundo sabe como anda prestando as contas com seu bibliotecário? Será que ele, depois de tanto tempo de convívio, realmente gosta de você? Eu posso dizer que para algumas pessoas, ele já desistiu de ser prestativo faz tempo. Para outras, ele se esconde quando vê você chegar, e quando vê que não tem jeito, solta um resmungo baixo: "Lá vem ele denovo! Aff!"
E então, como acha que está indo a sua amizade com o bibliotecário? Ah, e nem adianta perguntar pra ele, porque o coitado já vive ocupado demais em organizar todos seus livros e ainda te conselhar quando está sozinho. Então tente avaliar por si só, longe dele, como está esse "relacionamento". Só se lembre de uma coisa: Faça o que fazer, ou pense o que estiver pensando, jamais, e em hipótese alguma, o tenha como seu inimigo. Ele é o único que sabe verdadeiramente como te destruir para sempre.
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Esse post, na verade não era para ser tão gigante. Ele faz parte de um texto antigo que eu tinha escrito intitulado "estante de emoções", que é beem mais curto do que esse. Outro dia, quem sabe, eu posto aqui. E só um detalhe sobre o texto: A teoria do bibliotecário não tem nada a ver com problemas de múltipla personalidade, como por um instante pode parecer. Por mais maluco que seja, toda essa idéia seria referente à uma pessoa "normal".
Se discorda de algo - eu espero que sim - por favor, comente. Ou, caso concorde com alguma coisa, então diga como acredita que seja sua relação com o subconsciente, ou mesmo se já parou para pensar nisso. Aliás, se você leu esse texto extremamente grande e cansativo, por favor me diga, para que possa agradecê-lo (ou desculpá-lo) pelo tempo postergado.
Complicado isso de "bibliotecário", aposto que esse cara vem me trollando sem eu perceber há muito tempo Oo'
ResponderExcluirHoje em dia, seria muito mais fácil todos os "bibliotecários" fazerem algum curso de atualização, pesquisarem coisas pela internet, baixarem aplicativos para otimizar tarefas, ou até mesmo entrarem nessa onde de E-Books. Já imaginou o quanto de stress e dor de cabeça poderia ser evitado? Alguém precisa avisá-los de que as coisa hoje são diferentes de antigamente! rs
ResponderExcluirAhh, e muito obrigado pelo comentário!
Huahauhauah...Poxa, meu tiozinho da biblioteca tá vacilando, ele tem economizar minha memória, usar formatos de armazenamento um pouco mais econômicos xD Mas fica a dica, quem sabe mais tarde, quando eu estiver dormindo e tal, ele fique mais espertinho lendo o livro de hoje e aproveita a ideia, né?! xD
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