sábado, 2 de novembro de 2013

Sobrevivência além da Morte


Somos reféns da sobrevivência. Na verdade, arrisco dizer que não há nada mais importante do que isso; E muitos poderão discordar de mim, dizendo que o mais importante é simplesmente viver. Assim queria apresentar um vídeo, que mostra uma palestra e que logo nos primeiros minutos já resume tudo o que eu quis dizer, mas não consegui. Depois disso, eu começo o post.




Cérebro Otimista ou Pessimista?


A proposta inicial é que nós temos uma necessidade de prestar mais atenção as coisas ruins do que as boas. As desgraças são potencialmente mais importantes pois ela podem ditar uma forma de nos guiar a sobrevivência. Até me lembrei do que meu professor na faculdade vivia repetindo em suas aulas: "Há duas maneiras de você aprender: Uma é quebrando a cara, e a outra é vendo os outros quebrarem a cara".

Só que pelo que eu já andei googleando, há controvérsias. Há uma boa série de artigos científicos que defendem a ideia de que nosso cérebro é naturalmente otimista. Ou seja, totalmente contraditório com a proposta daquele vídeo que diz que somos naturalmente atentos ao pessimismo. Um exemplo seria o fato de assistirmos uma história de superação e acreditarmos que aquela história pode ser aplicada para gente, mesmo que a história retrate uma exceção e não uma regra. Pelo outro lado da mesma moeda, notícias que falam sobre câncer, guerras, acidentes, miséria e etc parecem sempre apenas abater os outros e não nós. Um manto de proteção do otimismo nos deixa naturalmente intactos.

Causa Mortilis


E apesar de tudo, acho que dá para chegar numa conclusão saudável. Nós somos sim naturalmente otimistas, regados por uma esperança que faz o mover do dia-a-dia. Até porque, se não houver essa esperança e esse otimismo natural, então estamos diante de uma doença que precisa de tratamento e remédios. Eu já fiz um post superficial falando sobre a depressão e a angústia, que talvez até vale a pena um clique por lá.

Esses dias eu andei lendo sobre o quanto o número de casos de transtornos mentais vem aumentando, e o quanto a depressão vem se tornado uma doença padrão nos dias de hoje. Tem aqui um infográfico nesse link aqui do Terra, mostrando as doenças que mais matam no Brasil e no mundo. Eu tinha ficado surpreso por ver que nenhuma doença de cunho psíquico estava na lista, mas foi fácil entender o porquê: Um transtorno mental pode levar uma pessoa ao suicídio, mas a causa da morte será o suicídio e não o transtorno. Por isso fica mais difícil de se obter dados nesse sentido. Mas vamos supor que essa notícia aqui do G1 esteja certa, e que portanto está pareando ali com o câncer de pulmão, tuberculose e diabetes.

Causa Sofrelis


Mas até aí eu só falei da morte. O estado final e irreversível de uma doença. O problema é que quase não se fala da parte sobre o sofrimento causado. O sofrimento é incontestavelmente pior. Para alguns casos, dependendo de sua crença, a morte pode até ser um alívio. E então, falar sobre o sofrimento me esbarra dentro de dois tipos de sofrimento, que é o físico e o psicológico. O físico vem de uma dor, que como por exemplo, bater o dedinho do pé na quina da mesa. Isso dói muito, mas essa dor não tem potencial algum para gerar sofrimento. Uma dor de cabeça é algo tão terrível quanto cair da escada. Mas ali a gente fala da dor, e apenas isso.

Se a dor não passa, então aquilo deixa de ser dor e se transforma em sofrimento. Eu sei que estou sendo o sr. Óbvio nesses últimos parágrafos, mas é que eu quero construir uma linha de raciocínio simples para explicar um outro ponto mais complicado. Quando a gente lida com dores psicológicas, como traição, fim de um relacionamento, morte de algum familiar e outras coisas do tipo, eu também vejo que tudo isso gera dor. Essa dor você pode chamar de tristeza se quiser, só para diferenciar mais das dores físicas. Mas o processo é o mesmo; Quando um relacionamento termina, você está triste, e parece que está sofrendo simplesmente porque a tristeza continua dia após dias.

E o ponto onde quero diferenciar nessa história toda, é que o sofrimento ele só existe quando você não sabe quando a dor vai terminar. No caso de ter cálculo renal, e ficar lá com aquela dor insuportável de seu rim sendo dilacerado, aquilo não chega a ser necessariamente um caso de sofrimento se você souber que vai passar com o tratamento adequado. Claro que você sofre enquanto o tratamento não for feito, mas o simples fato da situação estar sobre controle faz com que tudo fique mais fácil de ser superado. E o caos todo só vem quando não há nenhum tipo de perspectiva de memória. Nesse caso, a única coisa que posso dizer para te animar vem da frase de um filme que nem lembro mais qual era, que dizia: "O tempo é a cura para tudo". E em fato, se sua vida era diferente à 15 anos atrás, daqui a 15 anos no futuro, tudo pode estar completamente diferente. Tudo isso pelo simples agir do passar do tempo.

Conclusão


Acho que esse post ficou tão prolixo quanto os demais. Tentei fazer uma diferenciação da dor, do sofrimento, e nem consegui. Mas como eu não sou muito eficiente nessa elaboração de ideias, vou colar aqui um pedaço de um artigo do dr. Drauzio Varella, que vala especificamente do sofrimento. No caso, ele aplica isso ao sofrimento físico, mas não é assim tão difícil para reler isso com uma abrangência maior:

"(...) Parece que enterraram uma faca na carne da gente. Depois de algumas horas com ela, a vida se transforma num vale de lágrimas. Às vezes, é pior do que a morte. (...)"


Nesse texto, o ponto principal diz que a morfina é a solução da medicina para a dor física. Para a dor mental já é mais complicado, pois existem vários tipos de anti-depressivos, mas assim como a morfina, o acesso não é tão fácil. Só que tem um agravante. Quando você vai no médico e está com dor, a morfina é uma solução de ouro para resolver o problema. Mas quando se está com um sofrimento, o diagnóstico não sai com uma conversa de 15 minutos.

Vou encerrar esse texto, que já ficou longo até demais com a sugestão de um link meio perdido aqui, do Izzy Nobre, que ele dá uma boa sugestão para conquistar a felicidade. Depois de ler esse texto fiquei até com vergonha de meus posts antigos em que eu falava sobre a busca pela felicidade, como por exemplo aqui e aqui. Definitivamente é uma busca infinita. E aí, nesse compêndio, vou deixar o link de um outro vídeo, falando um pouco sobre a Morte, particularmente coloca alguns dilemas e debates prontos para discussão.




O ideal era terminar um texto triste com algum tipo de palavra de consolo, ou de esperança. Mas eu não sei fazer isso. Não dá para dizer que a vida é um mar de rosas, quando muitas vezes, tudo o que sempre sobra são os espinhos. Então, em um blog que tem como propósito as desilusões, nada mais justo do que ser assim. Aproveite e deixe uma desilusão aleatória nos comentários :)

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