sábado, 23 de março de 2013

Qual sua Personalidade?


Para quem já participou de sites de namoro, crê em astrologia ou participou de testes genéricos na internet sabe o quanto é alta a gama de personalidades que existem. Numa pesquisa rápida que fiz para esse post, encontrei sites dividindo toda a humanidade em 4 tipos, 9 tipos, e até (parece bizarro) em 56 tipos. Mas afinal de de contas, será que é possível classificar as personalidades que cada um possui?


Multiplas Personalidades em Uma

O primeiro ponto negativo para milhares de testes de personalidades, é a falhabilidade geral de todos eles. Se algum deles falar que você é perfeccionista, desleixado ou corajoso, pode ignorar o resultado. E vou tentar explicar o porquê.

A personalidade, como o próprio nome diz, é algo tão pessoal, que definir se alguém é desse jeito ou de outro jeito é muito difícil. Você pode considerar que conhece uma pessoa que é muito barraqueira, mas, se um dia tiver a oportunidade de conviver com ela mais tempo, talvez perceba que ela tem seus momentos mais pacíficos. E isso acontece porque nossas emoções não são estáticas; elas mudam de acordo com os acontecimentos do ambiente, e desse modo, nossa personalidade pode mudar de herói para vilão em um piscar de olhos.

Mas aí, você pode dizer que existe um tipo de personalidade que é dominante, que é aquela em que mais demonstramos, e por isso, essa é nossa personalidade real. Há de se concordar em termos, sabe por que? Porque muitas vezes o stress do cotidiano nos leva a ficarmos mais de um jeito do que de outro. E aí, basta a pessoa mudar de vida e destruir seu fator estressante para que uma outra personalidade seja a dominante. E aí novamente, quem tentou dar à você um pacote de características, errou.

Vou considerar aqui os tipos mais comuns de personalidade que existem, com base nesses testes genéricos que certamente você já fez para tentar entender como era. Talvez, a conclusão desses testes genéricos tenha sido um desses abaixo:

  • Você é uma pessoa calma, tranquila, compreensiva.
  • Você é uma pessoa perfeccionista, exigente, decidida.
  • Você é uma pessoa planejadora, perspicaz e estrategista
  • Você é uma pessoa aventureira, despojada, de certo modo às vezes radical
  • Você é uma pessoa caseira, ligada a família
  • Você é uma pessoa baladeira, agitada, muito ligada aos amigos

Eu poderia continuar essa lista por muito tempo, mas não quero deixar esse texto ainda mais gigante do que ele já está. Se você notar, é fácil pegar uma das linhas e dizer que você é desse jeito, e considerar que sua personalidade pode ser definida dessa forma para efeitos gerais. Se eu me pegasse como exemplo, eu me consideraria alguém calmo e compreensivo. E é nessas definições que mora perigo de tudo.

Personalidade do Momento

Vou pegar um dos exemplos mais gritantes, que acredito ser dos caseiros e baladeiros. A princípios são duas personalidades muito diferentes que não tem muita ligação entre si. Acontece que não existe nenhuma lei da vida que impede que uma pessoa que é "caseira" não possa se divertir caso ela esteja numa balada. E vice-versa. A questão ali é que talvez uma pessoa caseira não seja capaz de ver diversão em ficar dentro de uma danceteria, ao mesmo tempo que uma pessoa baladeira vai achar chato deixar seus amigos do barzinho de lado para ler um livro no quarto. Mas, sabe o mais legal disso tudo? É que a mesma pessoa que odeia baladas e prefira a calmaria de seu lar, talvez apenas assim seja porque suas experiências com baladas (se é que possuiu alguma) não foram agradáveis, e novamente, vice-versa.

O ponto onde eu quero chegar, é que aquilo que a gente gosta de fazer está muito ligado ao fato de termos feito e gostado de fazer, e isso inclui o momento em que fizemos. Porque talvez você estivesse em uma fase da vida que o stress do momento acabasse deixando uma descontração com bebida e amigos muito mais prazerosa do que ver um programa de tv legal. Ou ainda, talvez você estivesse em um momento que sua sede por conhecimento o fizesse pensar mais em devorar livros ao invés de ficar jogando conversa fora numa festa.

Personalidade Preferida

Só que quando você faz algo que lhe dá prazer mais vezes, acontece aquilo que acontece com tudo o que fazemos: zona de conforto. Tudo o que entra na zona de conforto é melhor, e obviamente vamos procurar fazer aquilo mais vezes. Depois de um tempo você vai se considerar mais baladeiro ou mais caseiro, simplesmente porque seus gostos se convergiram mais para um lado do que para o outro.

Mas isso não define sua personalidade, e sabe o porquê? Pelo simples fato de que o seus interesses foram criados graças à dois fatores: meio de convivência e oportunidades. O meio de convivência faz com que o modo de criação, sua família e amigos moldem grande parte do que você gosta de fazer. Ao mesmo tempo que as oportunidades pra fazer coisas diferentes também precisam estar ao seu lado para que alguém mude da água pro vinho. Eu já vi pessoas que mudaram, e eu sei que tudo isso funciona não só em teoria, como na prática.

Personalidade Única

Acho que no fundo não é errado dizer que sua personalidade é de um jeito ou de outro, mas o errado é acreditar que isso é imutável. Se você apenas ter em mente que o jeito como é hoje foi fruto de vários fatores e que você é confortável ser assim como é, então vamos convir que você não buscará nem ao menos ver oportunidades para sair dessa zona de conforto atual. Por outro lado, se o meio de convivência, incluindo todas as pessoas que conhece também o satisfazem pelo pacote de características que possuí, assim você ficará por muito tempo. Não vou dizer para sempre, porque a nossa mente é muito complexa para que alguém possa se dizer dona de seu controle absoluto.

Quando desenvolvemos nossa personalidade?

Nossa personalidade foi muito bem desenvolvida e pré-fixada durante a infância, e principalmente na escola e na educação que recebemos de nossos pais. Assim, o fato de como você é tem muito haver com o modo de como foi criado. Até aqui não há novidade nenhuma. Mas, tem aquele detalhe - e várias pesquisas por aí - que mostram como irmãos dentro de uma mesma criação podem ter personalidades tão diferentes.

As duas explicações mais interessantes que existem avaliam que em nosso DNA existem alguns genes que nos levam a tomar decisões que vão mais para um lado quanto para o outro. Nessa explicação, dizem que por exemplo, uma pessoa que tem em sua cadeia genética uma propensão a sofrer de doenças pulmonares, vão inicialmente, terem mais facilidade para que inconscientemente se sinta melhor em meio ao ar puro da natureza do que numa boate com muito calor humano. E sendo assim, essa pessoa vai acabar procurando viver seguindo por oportunidades que a levem a satisfazer melhor sua cadeia genética, seja procurando a calmaria, a violência, a dispersão, etc.

A outra explicação que tenta dizer o porque somos de um jeito ou de outro é a chamada "lei da vida". A lei da vida consiste em por a mão no fogo para saber que ele queima, e bater para saber quem pode derrubar, e apanhar para saber até onde consegue se manter de pé. Em resumo, desde a infância até o final da adolescência nós vamos tentar descobrir as coisas, e muitas vezes, vamos acabar diante de algumas situações que vãos moldar nossos pensamentos no futuro. Vou dar um exemplo:

A mãe diz para o filho não colocar a mão no fogo, e ele, pelo prazer da experiência, irá colocar mesmo assim. Uma vez que tenha queimado a mão, ele poderá resolver confiar mais no que a mãe diz ao invés de sair experimentando tudo por conta própria. Mas dependendo de como foi o resultado daquela queimadura no fogo, ele pode até tentar arriscar fazer de novo pelo simples prazer da experiência. Claro que isso é o exemplo de um caso metafórico e improvável, mas esse caso se repete para outras coisas da vida, e o acumulo dos resultados pode fazer com que essa pessoa no futuro seja mais desconfiada, medrosa ou corajosa.

Qual sua personalidade?

Depois de um texto gigante e confuso, fica até meio estranho eu querer propor tipos de personalidade existentes. Mas, se você levar em conta que sua personalidade é um acumulo de suas experiências de vida - e não uma carga acoplada no corpo - então sabemos que novas experiências podem ajudar a fazer com que você hoje seja diferente de você amanhã.

Eu estava quase a ponto de encerrar esse assunto simplesmente copiando e colando a lista com os 16 tipos de personalidades propostos por Carl Jung, mas achei injustiça, porque certamente você já os conhece. São aqueles tais de ISFJ, INTP, INTJ e etc. São bastante conhecidos por aí, e eles até ajudam a ressaltar parte do texto que escrevi, pois você pode fazer um teste desses e anotar o resultado no papel. Depois que passar alguns anos e tiver em um trabalho diferente, com pessoas diferentes e fazendo coisas diferentes, eu aconselho a voltar e repetir o teste, para ver como há grandes chances de ter um resultado diferente. E com base nisso é que eu tenho a resposta definitiva de qual é a sua personalidade: Mutável ou Imutável. E eu disse concordar que toda personalidade é mutável, mas aí entra outra personalidade: a que não se quer deixar mudar por estar muito bem presa em sua zona de conforto.


Que tal usar o espaço dos comentários para dizer qual sua personalidade? Mas se não quiser dizer nada e deixar sua personalidade subentendida, também entenderei...

Crenças Mutáveis ? Post anterior sobre a mutabilidade das crenças
8 tipos de relações ? Quão diferente é sua personalidade nos relacionamentos?
Amizade Mutável ? Porquê as amizades mudam?
Interesse Escalável ? Seríamos nós egoístas?

sábado, 9 de março de 2013

Conspirando contra RFIDs


E então, muito em breve, todas as pessoas serão obrigadas a ter um chip instalado em seu corpo para diversos fins de monitoramento. Para alguns religiosos, o prenúncio do apocalipse, para alguns curiosos, uma nova era da tecnologia, e para quem pesquisa um pouco, somente mais um hoax. Será?


A Mensagem Original



A mensagem original que eu vi foi essa, e aí que me deparo com a primeira incongruência sobre o uso de tal tecnologia RIFD, onde o autor queria provavelmente dizer RFID, ou seja, Identificação por Radio Frequência. Associar isso como se fosse algo completamente novo e assustador é um erro, visto que essa tecnologia é muito mais comum do que se parece. Já é utilizada por exemplo, para monitorar animais e obter informações de seus meios de vida para diversas utilidades e pesquisas científicas posteriores. Também é provável que muitas pessoas já carreguem consigo o mesmo tipo de sistema em alguns cartões de crédito, em certas peças de roupas e até em certos cigarros. Nem preciso comentar nada dos celulares, né? E também nem vou falar das vantagens, mas deixo um link aqui dentre muitos que existem em qualquer googlada sobre o assunto.

Eu me senti na obrigação de falar sobre o RFID porque eu mesmo já cogitei, em meu trabalho, da facilidade que se teria em conseguir dados estatísticos de usuários e clientes caso os mesmos tivessem um identificador, que dada a suas características e comportamentos, uma página fosse apresentada para melhorar sua experiência de navegação. Ops, eu acabo de me lembrar que isso não é nenhuma novidade, pois existem vários aplicativos para celular que já se baseiam nessa premissa. Mas antes de eu mencionar um pouco sobre essa realidade que já existe, eu preciso fazer mais alguns pequenos comentários sobre a tal conspiração envolvendo os chips.

O Lado Bíblico

Desde que eu me conheço por gente, o mundo parece viver em guerra com o polo científico e o polo religioso. E como é esperado de se notar, geralmente vemos que a religião presta apoio a ciência quando a mesma corrobora alguma informação bíblica, ou quando o número de evidências científicas se torna impossível de ser contestada. Mas, o foco desse post, é principalmente no que a mensagem falando sobre o implante dos chips tenta passar.

A conspiração surge porque, em alguma interpretação da bíblia, é dito que um sinal do fim dos tempos é o implante de chips. A primeira vez que escutei falar sobre isso, foi na época da faculdade, divagando sobre um site de um colega de classe. E aí, haveria uma crença de que a salvação estaria em quem não tivesse esses chips implantados. Basta apenas uma informação simples surgir para que toda conspiração, manifestos, falsas divulgações e intrigas acometam os mais fervorosos.

O Lado Científico

A tecnologia é uma das coisas que está presente em todas as ciências, de modo a automatizar e trazer progresso em muitos campos. Sendo assim, de um modo geral, a tecnologia é algo muito bom. É óbvio que coisas boas podem ser usadas tanto para o bem quanto para o mal, como equipamentos médicos de um lado e armamentos de guerra em outro. E o ponto que eu quero chegar aqui, é que um simples chip implantado no corpo é capaz de levar a mente humana para esses dois opostos de um segundo para o outro.

Vamos supor que a finalidade do RFID seja apenas monitorar hipertensão, batimentos cardíacos e o nível de glicose do sangue e avisar para o portador por meio de seu celular tais níveis. Isso seria algo útil, importante e certamente poderia ser considerado um avanço tecnológico bom, certo? Sim, mas aí vão surgir pessoas que, por desconhecerem o funcionamento daquele implante, vão levantar milhares de questionamentos. Questionarão se há conexão com a internet que leve seus dados para o governo, vão questionar se outras informações de privacidade estão sendo compartilhadas, e mais um monte de coisas. E aí, a tecnologia fica parada, mesmo que seja muito boa e apenas trará vantagens, há uma preocupação e medo que atrasam um pouco tudo isso.

Mas não estou dizendo que essas preocupações são ilegítimas, porque não são. Uma vez que o chip que está no seu corpo não foi criado por você, e seus conhecimentos atuais não permitem reconhecer a fundo o que está de fato programado ali, então o questionamento é muito importante. Só para lembrar, teve até o caso de algumas impressoras que registravam tudo aquilo que estava sendo impresso em uma espécie de cartão de memória interno, e com uma simples rede wifi ativada era possível recolher esses dados sem autorização do usuário. Mas aí a questão de privacidade já vai para outro lugar; defender o direito pela privacidade é muito diferente de criticar uma tecnologia alegando ela ser demoníaca.

Conclusão

Eu juro que quando comecei a escrever esse post, eu estava em mais uma daquelas desilusões envolvendo falácias da tecnologia. Mas acho que nada mais sútil do que terminar o texto com as três leis que Arthur Clarke disse, e que eu já postei em algum outro post perdido por aqui...
  1. Quando um cientista distinto e experiente diz que algo é possível, é quase certeza que tem razão. Quando ele diz que algo é impossível, ele está muito provavelmente errado.
  2. O único caminho para desvendar os limites do possível é aventurar-se um pouco além dele, adentrando o impossível.
  3. Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia.

Agora se depois depois de tudo, ainda houver medo sobre tudo isso, então pode se tranquilizar porque a mensagem é apenas um boato. Clique aqui se quiser poupar o trabalho de pesquisar, mas está em inglês. Ou seja, por favor, fique a vontade para pesquisar sobre o assunto e chegar as próprias conclusões.
Esse foi um post relativamente curto, pois quando eu pensei em escrevê-lo, eu juro que achei que iria ter muito o que falar sobre o RFID em si. Mas aí, descobri que é muito fácil uma pesquisa pelo google do que num artigo qualquer de um blog sobre desilusões. Então, para provar sua revolta sobre a superficialidade desse assunto, que tal deixar um comentário?

Inception → Post anterior onde eu apenas falo de um sonho que tive. Ou não.
Temperando Palavras → Será que podemos falar tudo o que queremos?
O cético crente [1] dividindo lados → Para falar algo de religião aqui
Conto: A Arca Perdida → Apenas um conto bem antigo de uma era desiludida
Repetindo: "Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia." - (Arthur Clarke)

sábado, 2 de março de 2013

Inception

Existem muitos tipos de sonhos. E por eles estarem dentro da esfera incompreensível de nossa mente, muitas vezes sonhamos com coisas malucas. Esse post é para falar de um desses sonhos malucos que tive. E antes de qualquer coisa, já deixo de sobreaviso que esse blog chegou no limite de sua baixaria. E depois de posts falando sobre sonhos, o que mais se pode esperar?

Primeiro Nível: A divagação

Ninguém jamais consegue se lembrar do começo exato do sonho. Isso porque nem ao menos sabemos da duração total dos nossos sonhos, já que nossa noção de tempo é bem distorcida enquanto dormimos. Mas é interessante que você se lembra dele exatamente como se lembra de qualquer momento passado de sua vida; ou seja, não é necessário se lembrar do início, porque embora ele exista, o momento mais marcante sempre vai começar daquele climax memorável.

Eu pretendia fazer umas reflexões nerds descontextualizadas para comentar todas as semelhanças que o mundo dos sonhos tem com o mundo real. Mas para não me perder nas ideias, vou apenas - prometo - relatar a experiência de um sonho qualquer, numa noite qualquer, aparentemente sem nenhuma premissa em mente.

Segundo Nível: O sonho

Eu lembro de estar dirigindo meu próprio carro. Eu lembro da cor de meu próprio carro. Eu lembro que estava numa estrada em um fim de tarde. No sonho aquela estrada era bem conhecida e eu a usava para vir para voltar para casa; no entanto, não faço a menor ideia de qual os motivos que me levavam a voltar para casa, e agora que me recordo melhor do sonho, se quer reconheço aquela estrada. Era um lugar completamente estranho, que se eu estivesse lá de verdade, certamente estaria em pânico devido, mas que naquela circunstância, era um trajeto normal e bem conhecido.

A estrada era tão estranha que tinha um circo no meio dela. E tudo bem, porque para a realidade existente dentro do meu sonho, deveria ser muito normal as pessoas construírem coisas no meio das ruas sem se preocupar com o trânsito. E nem havia tanto trânsito assim, o que é um alivio para quem tem que andar pelas ruas de São Paulo no dia-a-dia da normalidade.

E então, eis que sai um carro do meio de uma garagem praticamente inexistente e bate no meu carro. O estranho é que a batida ocorreu na porta lateral, mas quando eu saio para olhar o estrago, está na frente do carro. E novamente, naquela realidade maluca, essa lei da física era absurdamente normal e não havia como questioná-la. Lembro de ter ocorrido uma discussão e, a conclusão da história era que eu não sabia o que fazer, pois mesmo não sendo eu o causador da batida, aquela discussão fez com que eu me sentisse o culpado.

Não faço a menor ideia como que aconteceu uma reversão da culpa, mas quem sabe tem haver com a zona de destruição que foi modificada magicamente. Talvez o cara que bateu no carro era um ótimo ilusionista e inclusive me fez acreditar numa ilusão dele. Mas o fato é que eu comecei a ficar angustiado, em pânico e não sabia o que fazer para explicar aquele acidente. Não queria contar sobre isso para minha família - que me veria como irresponsável - e nem para minha noiva, que entraria em choque. E foi aí que o sonho ficou maluco...

Diante de minha busca por pensar numa solução para aquele problema, houve um questionamento de que aquilo tudo poderia não ser real. Aquela versão imbecil minha que achava normal algo bater em um lado e amassar outro, começou a questionar se aquilo tudo não poderia ser um sonho. Eu, dentro de um sonho, questionando se o mesmo era um sonho? Eu sei que isso não é tão anormal assim, eu mesmo já tive outros sonhos semelhantes, e talvez até você tenha tido.

Mas foi interessante o pensamento crítico que meu subconsciente (na hipótese de que os sonhos são gerado pela subconsciência) tentar encontrar uma resposta lógica. E Equando começou a existir essa possibilidade de eu estar sonhando - dentro daquele sonho - as coisas ficaram feias. Era como se eu estivesse pronto para compreender aquela bagunça toda, e foi aí que minha mente usou uma ótima saída de mestre: ele me fez acordar dentro do sonho.

Sonhar que que a gente acorda, e na verdade estar dentro de outro sonho, era para ser o suficiente para resolver tudo. Mas, por algum motivo, a invasão daquele meu lado racional ainda estava forte o bastante para continuar os questionamentos. Me sinto igualzinho àquele filme com Jim Carrey, o show de Truman; eu estava tentando acordar, e não conseguia, porque meus sonhos estavam presos dentro de outros sonhos.

Terceiro Nível: Inception

E aí, mesmo diante de tantas divagações, eu acordei. Meu lado racional ainda estava em um processo tão frenético, que eu sabia exatamente que iria esquecer todo aquele sonho bizarro se eu não o anotasse o mais breve possível. Por isso forcei minha mente a não se esquecer daquilo. E assim, fora de um inception, eu senti novamente medo dos meus sonhos. Na verdade, não medo deles, mas medo de uma versão minha que ficaria com medo daquele mundo de fantasia. Deveria sentir pena de mim mesmo; deveria sentir pena de uma versão que dentro de um sonho é completamente burra, até mesmo quando tenta ser racional.

Já tive sonhos em que eu me sentia inteligente dando aula para uma turma inteira, mas incapaz de questionar o porque as dimensões daquela sala de aula mudavam tanto a cada vez que eu olhava para ela; mesmo me sentindo inteligente, era burro o bastante para não perceber que aquela realidade não condizia com a a realidade. E essa é a pergunta e o motivo que me fez escrever todo esse post: O que lhe faz considerar com tanta convicção que sua vida é mesmo sua vida como pensa que ela é?

Último Nível: O despertar

No dia que eu lembrei desse sonho maluco, nada me fazia sentido. Até que eu fui escrever esse post, e agora, começo a entender alguns acontecimentos presentes naquele dia que convergiram a parte desse sonho. Dias atrás, eu havia assistido alguns vídeos no youtube falando sobre o que é realidade. Um dos que mais me fizeram pensar, foi esse:



E aí, parte do assunto pareceu esquecido por mim. Eu mesmo nem mais lembrava desse vídeo até escrever esse post. E isso é uma boa prova daquela explicação de que nossa memória armazena coisas que nem sabemos que está lá. E eu já tinha visto isso há boas semanas, esquecido em nível consciente, mas... em uma esfera muito além de alguma explicação, a reflexão que obtive naquele dia foi replicada de modo inconsciente para outras coisas que fazia sem saber. E aquele sonho foi uma delas.

O meu sonho começou com a estrada que logo convergiu para a batida do carro. A batida do carro eu consigo entender, porque eu estava com essa preocupação há alguns dias, e de vez em quando eu penso nisso; o meu medo de estar em uma discussão - e uma discussão recente que havia tido em meu noivado resultou na relevância desse fato para que o mesmo fosse inserido naquele sonho maluco. E tudo para mim começou a fazer sentido, mas somente agora, pensando à respeito e escrevendo sobre isso.

Eu só não consigo entender o circo no meio dessa história inteira. Mas, certamente eu sei que em algum nível da incompreensão da mente, há um circo. Assim como em seus sonhos mais estranhos, toda lógica para sua existência existe, e muitas vezes, nossa falta de entendimento sobre eles nos faz criar as próprias explicações. E aí, vivemos na ignorância, no achismo e na morbidade da desilusão que recaí sobre nós mesmos. Assim como eu sei que há uma explicação dos lugares das batidas, da fisionomia das pessoas, das cores e aparências que o cenário possuía; tudo foi criado e construído com base em alguma estrutura que já existia - nada foi inventado do nada. Na natureza e na vida, nada se cria...

Esse post falando de um sonho maluco não estava prevista para ser escrita. Mas, já que escrevi, fica aí o relato e a reflexão sobre a reflexão interna obtida dentro de um sonho. E você, que sonhos malucos poderia contar nos comentários?

Suas crenças são mutáveis? → Post anterior, sobre suas e minhas crenças
Viagens no tempo sem Rpg → uma viagem... no tempo, ou não.
Choro Límbico → Um relato de outro sonho que tive
Lobo Solitário → mais relatos dessa mente que escreve
"Se a realidade é tudo o que pode ver, sentir, tocar, cheirar... então a realidade é apenas sinais elétricos interpretados pelo seu cérebro". (Parafraseando Morpheus de Matrix)