quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Conto: A Arca Perdida

Uma vez me falaram de uma cerca arca
com um tesouro de valor altíssimo
Muitos por ela procuravam, indo à caça
mas muitos desistiam, pois achavam impossível
Falácia.

Uma vez encontrei uma pessoa por aí
e ela já ouvira falar dessa tal arca também
juntos conversamos, criamos planos, resolvemos seguir
Seguiríamos aquele sonho, iríamos juntos ao além
Até o fim.

A estrada foi longa, mas sempre valeu a pena
E isso durou até que nos deparamos com um pântano
Um pântano escuro, o cheiro fétido do perigo em cena
Será que lá estaria a tal arca que perseguíamos por anos?
Adentrar foi um Dilema.

Foi então que eu pude ver, desfocado pela névoa sombria
um brilho distante, quase invisível além do desejo
"Encontramos", eu disse. "Encontramos a Arca Perdida".
Mas tinhamos que atravessar o pântano, e ela sentiu medo.
O que você faria?

Eu fui sincero com meus medos desde o início
Mas sabia que alcançar a arca sempre foi nosso objetivo
Por isso perguntei o que fazer, e senti o terror atípico
Não fazia sentido deixar o pântano nos vencer ali
Nada mais seria resolvido.

Estendi minha mão para ela, e senti o medo explodir de sua alma
Não era o terror de encontrar a arca, de ficar ou fugir
Era o terror pelo medo de atravesar o pântano sem armas
"Você confia em mim?", foi o que perguntei e o que quis descobrir
"Confia em mim?"

Iríamos de mãos dadas atravessar aquele caminho mais difícil
Descobriríamos o potencial guardado em cada um de nós
E não iria soltar suas mãos, iria até o fim para fazer o impossível
Bastava confiar, pela primeira vez, em mim. Em nós.
No que já foi percorrido.

Agora você já se virou, e seus passos vão em outra direção
Me pergunto se realmente é essa a estrada que sai do caminho;
"Ei, espere". E eu tento lhe chamar a atenção.
Espere. Você não esperou, e a arca foi sumindo.
Foi em vão?

Hoje sei que toda tragetória pode cair diante de um pântano terrível
Mas atravessar aquele caos não é uma escolha que se toma sozinho;
Estender a mão para que se possa confiar, seguir ou voltar sem se soltar
E tudo isso são as escolhas que surgem em um momento difícil.
Desses momentos a vida é construída.

A história se contrói pelos que tentaram e por aqueles que desistiram
E é por isso que existem tantas arcas perdidas e histórias sem fim
Eram pessoas, iguais a eu ou você, que lutaram até chegar na parte sombria
Eu sei; você achou que eu soltaria sua mão. Mas não o faria.
Você ao menos já se permitiu confiar em mim?

Até hoje o conteúdo daquela arca continua um mistério.
Todos querem alcança-la, mas ninguém quer enfrentar o real perigo.
Talvez nem seja mais questão de encontrar, perder, ficar ou partir
E sim não deixar novas arcas se perderem por aí.
E aí, o que me diz?

(Ricardo Bermejo)

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