sábado, 2 de março de 2013

Inception

Existem muitos tipos de sonhos. E por eles estarem dentro da esfera incompreensível de nossa mente, muitas vezes sonhamos com coisas malucas. Esse post é para falar de um desses sonhos malucos que tive. E antes de qualquer coisa, já deixo de sobreaviso que esse blog chegou no limite de sua baixaria. E depois de posts falando sobre sonhos, o que mais se pode esperar?

Primeiro Nível: A divagação

Ninguém jamais consegue se lembrar do começo exato do sonho. Isso porque nem ao menos sabemos da duração total dos nossos sonhos, já que nossa noção de tempo é bem distorcida enquanto dormimos. Mas é interessante que você se lembra dele exatamente como se lembra de qualquer momento passado de sua vida; ou seja, não é necessário se lembrar do início, porque embora ele exista, o momento mais marcante sempre vai começar daquele climax memorável.

Eu pretendia fazer umas reflexões nerds descontextualizadas para comentar todas as semelhanças que o mundo dos sonhos tem com o mundo real. Mas para não me perder nas ideias, vou apenas - prometo - relatar a experiência de um sonho qualquer, numa noite qualquer, aparentemente sem nenhuma premissa em mente.

Segundo Nível: O sonho

Eu lembro de estar dirigindo meu próprio carro. Eu lembro da cor de meu próprio carro. Eu lembro que estava numa estrada em um fim de tarde. No sonho aquela estrada era bem conhecida e eu a usava para vir para voltar para casa; no entanto, não faço a menor ideia de qual os motivos que me levavam a voltar para casa, e agora que me recordo melhor do sonho, se quer reconheço aquela estrada. Era um lugar completamente estranho, que se eu estivesse lá de verdade, certamente estaria em pânico devido, mas que naquela circunstância, era um trajeto normal e bem conhecido.

A estrada era tão estranha que tinha um circo no meio dela. E tudo bem, porque para a realidade existente dentro do meu sonho, deveria ser muito normal as pessoas construírem coisas no meio das ruas sem se preocupar com o trânsito. E nem havia tanto trânsito assim, o que é um alivio para quem tem que andar pelas ruas de São Paulo no dia-a-dia da normalidade.

E então, eis que sai um carro do meio de uma garagem praticamente inexistente e bate no meu carro. O estranho é que a batida ocorreu na porta lateral, mas quando eu saio para olhar o estrago, está na frente do carro. E novamente, naquela realidade maluca, essa lei da física era absurdamente normal e não havia como questioná-la. Lembro de ter ocorrido uma discussão e, a conclusão da história era que eu não sabia o que fazer, pois mesmo não sendo eu o causador da batida, aquela discussão fez com que eu me sentisse o culpado.

Não faço a menor ideia como que aconteceu uma reversão da culpa, mas quem sabe tem haver com a zona de destruição que foi modificada magicamente. Talvez o cara que bateu no carro era um ótimo ilusionista e inclusive me fez acreditar numa ilusão dele. Mas o fato é que eu comecei a ficar angustiado, em pânico e não sabia o que fazer para explicar aquele acidente. Não queria contar sobre isso para minha família - que me veria como irresponsável - e nem para minha noiva, que entraria em choque. E foi aí que o sonho ficou maluco...

Diante de minha busca por pensar numa solução para aquele problema, houve um questionamento de que aquilo tudo poderia não ser real. Aquela versão imbecil minha que achava normal algo bater em um lado e amassar outro, começou a questionar se aquilo tudo não poderia ser um sonho. Eu, dentro de um sonho, questionando se o mesmo era um sonho? Eu sei que isso não é tão anormal assim, eu mesmo já tive outros sonhos semelhantes, e talvez até você tenha tido.

Mas foi interessante o pensamento crítico que meu subconsciente (na hipótese de que os sonhos são gerado pela subconsciência) tentar encontrar uma resposta lógica. E Equando começou a existir essa possibilidade de eu estar sonhando - dentro daquele sonho - as coisas ficaram feias. Era como se eu estivesse pronto para compreender aquela bagunça toda, e foi aí que minha mente usou uma ótima saída de mestre: ele me fez acordar dentro do sonho.

Sonhar que que a gente acorda, e na verdade estar dentro de outro sonho, era para ser o suficiente para resolver tudo. Mas, por algum motivo, a invasão daquele meu lado racional ainda estava forte o bastante para continuar os questionamentos. Me sinto igualzinho àquele filme com Jim Carrey, o show de Truman; eu estava tentando acordar, e não conseguia, porque meus sonhos estavam presos dentro de outros sonhos.

Terceiro Nível: Inception

E aí, mesmo diante de tantas divagações, eu acordei. Meu lado racional ainda estava em um processo tão frenético, que eu sabia exatamente que iria esquecer todo aquele sonho bizarro se eu não o anotasse o mais breve possível. Por isso forcei minha mente a não se esquecer daquilo. E assim, fora de um inception, eu senti novamente medo dos meus sonhos. Na verdade, não medo deles, mas medo de uma versão minha que ficaria com medo daquele mundo de fantasia. Deveria sentir pena de mim mesmo; deveria sentir pena de uma versão que dentro de um sonho é completamente burra, até mesmo quando tenta ser racional.

Já tive sonhos em que eu me sentia inteligente dando aula para uma turma inteira, mas incapaz de questionar o porque as dimensões daquela sala de aula mudavam tanto a cada vez que eu olhava para ela; mesmo me sentindo inteligente, era burro o bastante para não perceber que aquela realidade não condizia com a a realidade. E essa é a pergunta e o motivo que me fez escrever todo esse post: O que lhe faz considerar com tanta convicção que sua vida é mesmo sua vida como pensa que ela é?

Último Nível: O despertar

No dia que eu lembrei desse sonho maluco, nada me fazia sentido. Até que eu fui escrever esse post, e agora, começo a entender alguns acontecimentos presentes naquele dia que convergiram a parte desse sonho. Dias atrás, eu havia assistido alguns vídeos no youtube falando sobre o que é realidade. Um dos que mais me fizeram pensar, foi esse:



E aí, parte do assunto pareceu esquecido por mim. Eu mesmo nem mais lembrava desse vídeo até escrever esse post. E isso é uma boa prova daquela explicação de que nossa memória armazena coisas que nem sabemos que está lá. E eu já tinha visto isso há boas semanas, esquecido em nível consciente, mas... em uma esfera muito além de alguma explicação, a reflexão que obtive naquele dia foi replicada de modo inconsciente para outras coisas que fazia sem saber. E aquele sonho foi uma delas.

O meu sonho começou com a estrada que logo convergiu para a batida do carro. A batida do carro eu consigo entender, porque eu estava com essa preocupação há alguns dias, e de vez em quando eu penso nisso; o meu medo de estar em uma discussão - e uma discussão recente que havia tido em meu noivado resultou na relevância desse fato para que o mesmo fosse inserido naquele sonho maluco. E tudo para mim começou a fazer sentido, mas somente agora, pensando à respeito e escrevendo sobre isso.

Eu só não consigo entender o circo no meio dessa história inteira. Mas, certamente eu sei que em algum nível da incompreensão da mente, há um circo. Assim como em seus sonhos mais estranhos, toda lógica para sua existência existe, e muitas vezes, nossa falta de entendimento sobre eles nos faz criar as próprias explicações. E aí, vivemos na ignorância, no achismo e na morbidade da desilusão que recaí sobre nós mesmos. Assim como eu sei que há uma explicação dos lugares das batidas, da fisionomia das pessoas, das cores e aparências que o cenário possuía; tudo foi criado e construído com base em alguma estrutura que já existia - nada foi inventado do nada. Na natureza e na vida, nada se cria...

Esse post falando de um sonho maluco não estava prevista para ser escrita. Mas, já que escrevi, fica aí o relato e a reflexão sobre a reflexão interna obtida dentro de um sonho. E você, que sonhos malucos poderia contar nos comentários?

Suas crenças são mutáveis? → Post anterior, sobre suas e minhas crenças
Viagens no tempo sem Rpg → uma viagem... no tempo, ou não.
Choro Límbico → Um relato de outro sonho que tive
Lobo Solitário → mais relatos dessa mente que escreve
"Se a realidade é tudo o que pode ver, sentir, tocar, cheirar... então a realidade é apenas sinais elétricos interpretados pelo seu cérebro". (Parafraseando Morpheus de Matrix)

Um comentário:

  1. Adoro ouvir/ler os sonhos das pessoas, principalmente porque sonho bastante e meu sonhos vão além, não são apenas estranhos, eles tem várias fases, e ainda tenho sonhos com continuidade. Tenho várias experiências soníferas. rs Um sonho recente de continuidade que sonhei, sonhei em três partes e em dias diferentes.
    No primeiro sonho eu estava numa igreja (sempre sonho com igrejas) eu entrei e tinha uma porta em que tive que usar uma chave de fenda para abrir essa porta, até martelo usei, quando consegui abrir a primeira porta acordei.

    No segundo sonho em outro dia, sonhei a mesma coisa que sonhei no primeiro, só que depois de ter conseguido abrir aquela porta do mesmo jeito, havia uma segunda porta, só que essa eu tive que encontrar uma chave e quando consegui a brir essa porta com a chave, acordei.

    No terceiro sonho, em outro dia diferente, sonhei a mesma coisa que sonhei nos dois sonhos anteriores do mesmo jeito e após ter aberto a segunda porta com a chave, apareceu a terceira e última porta, só que essa porta era como um cofre, um baú só que um baú de pé, eu empurrei a porta, a porta caiu e se abriu e quando eu fui olhar do lado de dentro dessa porta tinha uma boneca antiga, peguei a boneca e acordei.

    E esse não foi o único sonho de continuidade já sonhei outros, e a maioria em igrejas, ou então em pontes, escadas...
    Tenho outros tipos de experiências como por exemplo estar sonhando um sonho em que reluto para acordar, e eu acordo, mas não consigo me mover, algo me impede e me devolve para dentro do sonho até poder terminar de sonhar. Enfim... sonhos para mim são um mistério.

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