sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Escolhas

Esse post é para completar minha tríade sobre a confiança. Caso você não tenha visto os posts anteriores, então comece perdendo seu tempo pelo Paradoxo da Confiança, que é uma analogia curta para questionar até onde podemos confiar em alguém. E seguindo a ideia dos questionamentos, nada mais justo do que o outro post lançado: Você tem certeza? E as certezas ficam mais confusas claras sobre até onde devemos deixar as incertezas falarem mais alto. E aí, diante de tanta desilusão e tempo de leitura perdido, eis que aqui estamos: As Escolhas.



O Paradoxo da Escolha

O vídeo abaixo, caso tenha algum tempo (20 minutinhos só), vale a pena ser visto para desmistificar as escolhas que nos surgem. É um daqueles tipos de vídeos que todo mundo deveria assistir pelo menos uma vez na vida. E se depois disso ainda quiser continuar a discussão, faça desse post e dos comentários suas certezas.





A primeira vez que achei esse vídeo, foi sem querer, quando estava conhecendo as excelentes propostas do projeto Catarse, que serve para que você possa escolher financiar e investir apenas naquilo que gosta e ser recompensado por isso. Nesse vídeo, que na verdade é uma palestra do psicólogo Barry Schwartz, a mensagem final é bem perturbadora: Vivemos presos dentro das escolhas, acreditando que elas são boas, mas na verdade, não são. Mesmo que não queira perder seu tempo nesse post, o vídeo realmente vale a pena.

Depois disso, é hora de fugir um pouco de lá, e cair na reflexão de algumas outras coisas nem tão desconexas assim. A palestra fala sobre as escolhas pelo ponto de vista da sociedade, de um conjunto grande de pessoas. Mas e quando transferimos isso dentro do modo mais pessoal que existe? Como será que fica?

Medo

Tomar a pílula vermelha ou azul nem era para ser algo difícil. Se você já conhece bem o mundo em que vive e não está satisfeito com ele, porque razão não arriscaria a mudança ao tomar a pílula vermelha? A resposta, é claro, é uma só: Medo.

É desde Final Fantasy que venho aprendendo que quando seu grupo de campanha sofre um ataque que causa o status de "Fear", a princípio parece muito legal, pois até mesmo aquele personagem inútil que tinha 1 de HP continuará vivo mais algumas rodadas. Mas logo percebe-se que Medo é um status terrível, pois você fica paralisado, podendo no máximo fugir ou buscar alguma terapia rápida (Magia? Elixires?)

Acho que é perca de tempo colocar o medo em pauta, simplesmente porque ele mereceria um post especial sozinho. Mas, dentre tantas coisas boas e ruins que o medo pode trazer, certamente a inibição de uma escolha pode ser a pior. Não vou dizer que ele lhe remove as escolhas, porque muitas vezes as escolhas continuam, e seu lado consciente até quer e se esforça para seguir aquela escolha. Infelizmente, o medo é alimentado com mais medo, e em determinado ponto ele se torna mais forte que sua consciência. Quando isso acontece... Quando isso acontece... Esquece. Estágio terminal.

Se por um lado os sonhos que temos todas as noites são um mistério, por outro eles sempre estão lá buscando vários medos nossos e lidando com eles em momentos oportunos. Não sei se já fizeram alguma pesquisa sobre isso (devem ter feito), mas acredito que quem tem mais medos, tem mais chances de ter pesadelos durante os sonhos. Parece uma constatação óbvia, mas eu mesmo nunca tinha parado para pensar nisso até escrever esse post. Nos sonhos, fora das amarras da sua consciência sadia, o mundo invertido e sem rédeas do Bibliotecário Insano ataca. Os medos ganham força, e tornam o subconsciente mais poderoso e fortalecido. Com isso, ele vai influenciar cada vez mais suas atitudes cotidianas, uma vez que é ele que está ali, guiando seus passos e te deixando a doce ilusão de livre arbítrio.

Assim, isso já explica o resultado de uma pesquisa (dessa vez verídica) que eu li aqui, sobre o fato de que algumas pessoas que dormem pouco são mais otimistas. Pareceu-me bizarro a primeira vez que vi, mas isso só reforçou minhas teorias malucas: Quando mais a gente dorme, mais deixamos o controle para o subconsciente, que fica lá fazendo o que quer. Em algumas pessoas, isso é bom porque evita haver tempo suficiente para reforçar algum possível pessimismo natural que se esconde por dentro. Genética também ajuda, mas não creio ser o motor principal nisso tudo.

Acho que já ficou claro alguns pontos. E acho que isso é completamente batido, afinal de contas, não é de hoje que essa coisa de "enfrentar seus medos" vem sido falada. Vejo muita gente sabendo disso e batendo na mesma tecla todos os dias. Por experiência própria, eu posso dizer que o medo, tentando buscando o comodismo de nunca errarmos, acaba deteriorando boa parte do cérebro. Pior do que isso, chega um ponto em que o medo se torna tão involuntário, que você não conseguirá mais mudar. Poderá tentar todo tipo de mudança que quiser, mas simplesmente fracassará. E não conseguirá mudar por um motivo muito simples: Seu medo cresceu tanto que, inexplicavelmente, também o fez ter medo das mudanças.

Coragem

Até agora, nada foi dito sobre o tema principal do post, sobre as escolhas. Mas isso não é um fator para desilusão total, pois se por um lado o medo bloqueia nossas escolhas, pelo outro, a coragem cria escolhas diferentes. Ou talvez, ela nem crie escolhas, mas apenas nos faça perceber e seguir sem muitos rodeios aquela que parece mais sensata.

Parafraseando Confúcio, ele diz que quando nós sabemos aquilo que é o certo à ser feito (por tanto quando tomamos a decisão de uma escolha), então devemos ir em frente em fazê-la. Afinal de contas, se deixamos de fazer isso, então é porque falta a coragem. E o pior, talvez, é que isso significa que você realmente não se decidiu, pois que decisão é essa que sua mente aprova, mas suas ações reprovam?

Mas é óbvio que, uma pessoa corajosa, ao meu ver, não é aquela que faz tudo o que lhe vem a cabeça sem pensar duas vezes, pois isso é simplesmente agir por impulso ou por falta de noção das inconsequências dos atos. A coragem consiste em ter a motivação para fazer o que tem que ser feito, mas tendo as certezas bem claras para si mesmo.

Finalmente, Escolhas



Mas sabe onde eu quero chegar? Nosso cérebro, como já provaram por aí, não lida bem com muitas escolhas. Ele é tapado o bastante para escolher a pior fruta se estiver sem fome, ou a pior hora para falar alguma coisa, se pensar muito em quando falar tal coisa. O dito popular do "quem escolhe, o pior pega" não é só um dito. Quanto mais opções, maior sua indecisão, e por consequência, a paralisia.

Não tenho muito sobre o que acrescentar em cima do vídeo que mencionei lá no início do post. Mas, só por curiosidade, não podia deixar de mencionar uma outra ideia muito interessante, conhecida como O Problema de Monty Hall.

Para resumir, Monty Hall tinha algum tipo de programa de auditório (ou era o nome do programa, whatever), em que havia uma brincadeira do tipo a porta dos desesperados em que os participantes precisavam escolher entre três opções, onde apenas em uma estava um prêmio.

Então, quando a pessoa escolhia uma opção, o apresentador diminuía a quantidade de opções disponíveis, revelando alguma errada e dizendo: "Vai querer mudar de escolha?". Ou seja, você já tinha decidido o que queria, e quando as opções diminuíram, era para você ter ainda mais certeza de confiar na escolha que tomou. Só que o que se percebeu, é que isso não acontecia na maioria das vezes. As pessoas acreditavam que iriam estar fazendo o que era o certo se mudassem de opinião. Tem toda a lógica matemática por trás disso dizendo que o mais vantajoso seria permanecer teimoso imutável.

Esse tal problema de Monty Hall é interessante porque realmente pode ser uma metáfora para muitas de nossas escolhas, que sempre são feitas no escuro. Nunca sabemos o que virá depois de dar um passo porta adentro, mas e se você pudesse voltar e escolher outras portas? Trocaria, mesmo sem ter explorado a primeira porta até o fim? Isso nos levaria a mesma questão que aparece no vídeo do início e também no post falando sobre o paradoxo da confiança: Quando algo dá errado, a culpa é sua por ter feito uma má escolha, ou não existe culpa porque poderia ter sido pior? E se tudo der certo, então será que foi uma boa escolha, os poderia ter sido melhor?

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