sábado, 5 de novembro de 2011

Você tem certeza?

Até que ponto será que é bom se deixar levar pelas dúvidas? Aliás, será que é realmente bom isso? Digavações... busca por respostas, enfim. A gente sabe que no fundo, não sabe. Esse post leva em conta várias questões da última postagem, sobre o Paradoxo da Confiança. Ou seja, caso não tenha lido, dê uma olhadinha para entender o porque considero a confiança e a certeza tão intrínsecas.



Vamos supor que você tenha certeza que vai ganhar na loteria. Você simplesmente sabe porque já viajou no tempo, voltou para o passado (agora presente) e tem uma noção perfeita das coisas. Será que isso seria bom ou ruim? A princípio poderia até ser bom, mas e depois disso? Como seria? Talvez as certezas levem em direção da monotonia, simplesmente porque todos os caminhos e portas já foram vistos antes. Então, podemos finalmente considerar que a dúvida é mais importante; é a dúvida que nos move para busca de respostas, para as investigações em torno de evidências pessoais, etc. Só que de certa forma, existem momentos em que isso se torna um paradoxo, simplesmente porque as dúvidas e certezas modem mudar muito bem os rumos da vida.

Certeza Pessoal

Não há nada pior do que ter dúvidas consigo mesmo. Tentar tomar uma decisão e não saber se a faz. Não vejo como esse tipo de dúvida pode ser bom, mas infelizmente, ele é recorrente em muitas pessoas, e acredito que culpa disso pode ser explicada pela teoria que propus no outro post: você possuí um bibliotecatário (seu subconsciente) que sabe exatamente o que quer, mas até ele mesmo pode ficar sem saber o que fazer quando a consciência está confusa. Não é difícil ver por aí os tipos mais comuns de pessoas: as que são auto-confiantes e as que parecem viver embotadas pelo medo.

As auto-confiantes, no mais puro exemplo desse paradoxo, são aquelas que sabem exatamente o que querem, por isso se deparam com muito mais dúvidas pelo meio do caminho, já que essas dúvidas são consequências das coisas que fez nos impulsos de coragem. De qualquer forma, como elas tem muita auto-confiança, então as decisões à serem tomadas são tão naturais que parecem já fazer parte de sua rotina fabulosa.

Por outro lado, temos as pessoas que não tem confiança em si, e por isso, já tem certezas demais acumuladas dentro delas, e essas certezas difícilmente são alteradas, já que ela não busca novas dúvidas (ou pior, não busca resposta para as dúvidas). Gerasse um comodismo, e uma zona de conforto que gira pela segurança dos feitos alcançados parece se estagnar ali. Depois de um tempo, se observar uma pessoa que tem confiança e uma que não tem, haverá uma constatação óbvia: a que se arriscou mais chegou mais longe, talvez não necessariamente esteja melhor de vida, mas ela certamente já viveu bem mais o puro significado de viver.

Conclusão 1: De você para você mesmo, as dúvidas atrapalham, e é necessário extingui-las por completo. Assim, gera-se confiança e evolução. Note que ter certeza, nesse caso, não se aplica à conhecimentos acadêmicos (como saber as respostas de uma prova do enem). A ideia aqui é simplesmente saber do próprio objetivo e entender porque o nariz está sempre indo na frente do rosto.

Certeza Acadêmica

Eu nem queria colocar os "aprendizados mais concretos" em debate, simplesmente porque as certezas acadêmicas são impossíveis, e não há como contradizer que a dúvida não seja essencial aqui. Uma pessoa que desconhece alguma coisa irá atrás das respostas para aquilo, e quando encontra, aprende.


Só para confundir: Imagine-se em um show de um grande ilusionista. Então ele faz uma mágica incrível e deixa todos tontos boquiabertos. Você pode ir atrás das dúvidas e descobrir como aquilo foi feito, mas isso quebrará o encanto da mágica. Ou seja, algumas coisas não valem a pena serem explicadas, mas ao mesmo tempo, mesmo sem serem explicadas você tem a certeza de que foi só um truque bem elaborado.


É tão mecânico e natural que nem vou me estender mais nesse tópico: Tenha dúvidas acadêmicas o tempo todo, o mais que você puder, pois só assim estará buscando aprendizado e, naturalmente, uma evolução interior da qual nunca viu antes. E nem precisa se preocupar, porque as dúvidas acadêmicas são infinitas: haverá dúvidas de sobra para uma (e milhares) de vidas inteiras.

Certeza Profissional

Vou considerar uma certeza profissional como algo próximo da certeza financeira; Ou seja, quando você não tem mais dúvidas sobre o que fazer da vida no sentido profissional, e o seu trabalho é completamente perfeito e garantido para o resto da vida. É lógico que é impossível alguém afirmar que fará a mesma coisa para o resto da vida, mas quando você tem uma certeza de sua profissão, você simplesmente deixa de pensar e ver outras oportunidades de emprego para se dedicar à fazer mais coisas da vida. E isso, ao meu ver, é um ponto muito positivo.

Como eu disse no primeiro tópico, as certezas pessoais são importantes, e não é atoa que as empresas procuram pessoas com esse perfil. Quem é decidido e sabe o que quer, vai mais longe porque ele não pederá seu tempo analisando questões que não existem. A técnica do "vai lá e faça" funciona muito bem tanto pessoal quando profissionalmente, de modo que as certezas valem muito à pena por aqui.

Certeza Relacional

Queria incluir aqui tanto relacionamentos familiares, quanto amigos, parentes e romances. De modo abrangente, a certeza relacional é a única que nos escapa do controle com total facilidade, simplesmente porque lidamos com a soma das dúvidas de todos, e uma explosão de supresas pode acontecer de um modo completamente inesperado. Você pode planejar algo e ter que replanejar no meio do caminho porque ocorreu uma briga, uma viajem para o exterior, a descoberta de um segredo gigantesco... enfim, não vale a pena tentar ir atrás de uma certeza relacional, simplesmente porque a mesma não existe.

Mas, o que aconteceria se nós restringíssemos a gama de pessoas envolidas nas dúvidas? Por exemplo: Entre você e sua família, as dúvidas devem ser menores, pois assim você demonstra o valor da confiança, que por ser recíproco, irá trazer mais facilidade para encarar as dúvidas que a vida por si só fará o tempo todo.

Em resumo: Não tente ter uma certeza relacional, pois a mesma é impossível. Mas caso a obtenha, então faça dela uma certeza pessoal, para que só assim, as dúvidas não se juntem com todas as outras dúvidas que já existem por aí. Afinal, isso não está na parte sobre as certezas acadêmicas que você precisa cultivar, simplesmente porque ninguém está descrito em nenhum livro, mesmo numa bibliografia, e nem nos resultados do google.


Conclusão

Durante a vida vão surgir muitas dúvidas o tempo todo. E para cada dúvida teremos que lidar com uma escolha. Será, nesse caso, que estamos preparados para saber se é bom ou ruim essa incerteza que nos abaterá por dentro? Minha opnião, e guia rápido de roteiro é essa: Primeiro avaliar a dúvida e depois, ver se vale a pena manter a dúvida ou simplesmente decidir. Os argumentos eu já citei acima, e só para relembrar, de um modo simples:

Se te perguntarem quem é ou o que quer, simplesmente saiba a resposta de um modo claro e objetivo. Não entregue sua mente à confusões criadas para si próprio sobre "será que é isso que eu quero?". Não. Você precisa saber o que quer, e se tem dúvida, busque o sim. Busque encontrar a toca do coelho de Alice, e enfim, prossiga com a decisão tomada. Pode até haver tropeços, é  lógico, mas aquela velha frase é completamente verdadeira: "É melhor se arrepender de algo que fez, do que se arrepender por ter deixado de fazer". Ser decidido sobre as próprias intenções não é ser arrogante e nem inconsequente: é não ter medo de viver e nem ter medo de entrar nas portas que a vida coloca à sua frente.

Mas não é para ignorar todas as perguntas feitas pelo mundo. Você deve ter dúvidas, e até mesmo criar dúvidas quando elas não existirem. Duvide sobre as histórias que escuta, sobre as pesquisas e notícias que lê e qualquer informação concreta que é divulgada. Deve instigar as leis da natureza, da física e da ciência o máximo que puder. Deve ter fé em alguma coisa, mas saber que fé demais anula as dúvidas e te impede de crescer. Lembre-se que o mundo só chegou até hoje porque houveram questionamentos e mais questionamentos sobre como tudo funcionava.

E finalmente, some 1+1. Você deve ter certeza das coisas que partem de si e dúvidas daquelas que partem do mundo. Naturalmente que o meio termo seja o melhor à ser feito quando se trata do convívio social. Acreditar no que as pessoas dizem é bom, mas questionar é melhor; não estou dizendo que deve ser um ser alguém desconfiado que não acredita nem na própria sombra que o segue; estou dizendo que deve questionar para que tenha mais evidências para acreditar. O único cuidado aqui é que existem muitas coisas em sua linguagem corporal que é impossível ter controle, e isso às fará levar transparecer suas dúvidas. Uma vez que essas dúvidas são captadas pela outra pessoa, então as dúvidas alheias também aumentarão. É uma bola de neve; ambos querem acreditar, mas ao mesmo tempo, ninguém se deixa acreditar. Quando menos se acredita, mais dúvidas geram, e quanto mais dúvidas geram, maior o poder da descrença.

Em resumo: desconfie com moderação. Não pouco demais para sentir-se traído depois; porém, nem muito demais para criar uma traição em si da qual não existe. Toda dúvida abala a confiança, porque toda certeza pode relevar uma traição do próprio universo duvisoso, que é a tua mente.


Esse texto é mais um daqueles típicos que dizem, dizem e não dizem nada. Se você leu isso aqui, nada mais justo do que partilhar suas dúvidas pelos comentários. Ou, caso acredite estar isento de dúvidas, busque perguntas através de alguns outros posts confusos, como: as desilusões do tempo, as altas confusões da wikileaks, meus conceitos errênos sobre crescimento populacional e até mesmo a visão de um desiludido ao falar de motivação e dinheiro.

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