segunda-feira, 16 de abril de 2012

Contradição do Amor [1] - Ame ou Mate


Lá vou eu em mais uma saga nesse blog, dessa vez para maquiar mais um paradoxo insano afirmando e contradizendo as coisas ao mesmo tempo. Eu já fiz isso uma vez ao falar sobre a malevolência e benevolência do amor, mas agora a coisa é mais séria. Agora não é para dizer o lado bom ou ruim. É para dizer ame ou mate.

A primeira parte foca a contradição verbal da coisa, a segunda parte coloca em pauta as analogias baratas com sua decisão de amar ou ignorar aquilo que tem pouco valor, seja por dó ou frieza. A terceira parte é só uma analogia animalesca para falar sobre o egocentrismo dessa palavra e a última parte é uma conclusão abstrata disso tudo. Let's go.

Parte 1: Ame ou Mate
Parte 2: Sinta ou Suma
Parte 3: Meu ou Seu
Parte 4: Um ou Dois

Contradição Verbal

Não existe meio termo, porque entre o amor e o ódio, não há um "mais ou menos". Amar é uma escolha, é um tipo de ação que é feita, assim como odiar. Não existe um meio termo nisso, porque é algo tão sólido quanto um tijolo: Você escolhe amar, aprendendo ou relevando isso ou aquilo. Você escolhe odiar, usando o mesmo tijolo que constrói, para também atacar na cabeça de alguém.

Mas não é porque é fácil, que isso é simples. A essência desse sentimento é complexa, simplesmente por ser um sentimento. Nós tentamos simplificar as coisas dizendo que temos amor ou ódio, como se houvesse uma escala de medição onde uma luz verde acende quando amamos, e fica vermelha quando odiamos. Na prática, essa escala de medição é mais parecida com uma balança, que aumenta ou diminui o tempo inteiro, de acordo com a intensidade das coisas.

Pensando dessa forma, ninguém ama algo ou alguém. Apenas colocamos um peso maior ou menor nessa balança, de modo que certas coisas que acontecem aumentam ou diminuem o peso. E assim, quando o amor perde peso, ele vai se tornando indiferente. Chega um momento em que ele perde tanto peso que começa a flutuar com sua leveza. É nessa hora que parecemos usar a indiferença para sinalizar quando não há mais amor.

E assim, o contrário do amor não tem como ser o ódio. Porque odiar significa se importar com o peso que é modificado nessa balança. A raiva vem quando você compra 200 gramas de presunto, e chega em casa com apenas 100 gramas. Isso gera o ódio. O ódio é só uma desilusão sua sobre algum valor errado na própria balança. Mas, se o amor deixa de existir, então é porque ele perdeu seu peso e sumiu.

É fácil, e se isso pareceu claro o bastante, então nem recomendo continuar a leitura, pois a ideia e o texto gigante da vez engloba justamente esse tipo de desilusão muito comum sobre quando escolhemos alguma coisa tão solida quanto pedra, e quando alguma coisa feita de pedra nos escolhe.


Amai-vos

Essa palavrinha é pequena e ainda assim é imensamente confusa, desde seu significado até sua colocação. Quando eu fiz um texto falando sobre o lado bom e ruim do amor, a única certeza que eu tive é que ele não é um sentimento, e sim uma ação. Sentimento é a dor, a raiva, a gratidão, a cumplicidade, etc. Até porque, você pode conjugar um verbo pelo fato dele representar uma ação, mas não pode conjugar um sentimento.

Dito isso, então a gente escolhe, sim, quem ou o que a gente quer amar. Uma vez, li num livro despretensioso sobre vendas (tudo a ver com o tema, né?) que dizia que um bom vendedor é aquele que oferece não só alguma coisa para que o outro compre, mas ele oferece junto o amor para com aquilo que ele está ofertando, tentando persuadir tornar mais fácil a negociação.

Nesse tal livro "O Maior Vendedor do Mundo" de Og Mandino, ele coloca algumas receitas que, se seguidas à risca, fariam uma pessoa adquirir uma vida tão boa, capaz de viver um conto de fadas cujo final é a felicidade por toda eternidade. E uma dessas receitas, se não me engano a primeira, era amar à si próprio e aos outros. E parecia tão simples e fácil... Claro que a prática, e os desníveis do mundo real não são assim. Amar continua sendo uma ação, mas são poucos que conseguem praticar esse ato pelo simples ato que é.

Ame seu corpo, diga "bom dia", "por favor" e "obrigado" para expressar uma retribuição, diga que ama as pessoas mais próximas, mas não pelo simples dizer, e sim porque você decidiu exercer essa ação continuamente. Como toda disciplina, você treina ela declarando que vai amar as pessoas que estiverem no ponto de ônibus compartilhando da mesma espera que você. Amará o motorista e o cobrador, enfim... Embora isso possa soar como um ato retardado, não foi só esse livro (e outros assim) que disseram isso, tal como estudos mais concentrados envolvendo psicologia (ou psico-alguma-coisa, desculpe minha ignorância). O fato é que esse tipo de atitude é a forma mais fácil de se provar como somos capazes de escolher sentir aquilo que quisermos, na hora em que quisermos.

O melhor de tudo é que talvez nem tenha efeitos colaterais. Você ama e pronto, o sentimento se reproduz em si próprio, é transmitido naturalmente para os outros e por consequência, atrairá mais pessoas com o mesmo espírito para perto de si. E tudo isso dentro de qualquer lógica racional, sem muito esforço de análise.


Matai-vos

Muitas pessoas dizem que o contrário do amor é o ódio, como eu mesmo já propus aqui no meu post sobre a malevolência do amor. No entanto, se nós aceitarmos o fato de que amar é uma ação, então o ódio também é, e a única diferença entre esses dois atos é a forma de como percebemos seus efeitos.

Você pode escolher amar alguma coisa ou não, e isso está longe de ser demagogia barata, como a princípio pode parecer. Nem vou entrar no mérito de hipinose e lavagem cerebral, pois quero manter o foco apenas no que é mais palpável ao senso comum e majoritário. Você pode escolher uma roupa para vestir ali do seu guarda-roupas, da mesma forma que pode escolher ter um sentimento.

Nessa ideia bizarra, preciso apenas esclarecer uma coisa: Quando você escolhe uma roupa, na verdade essa escolha já foi feita bem antes do que você imagina, onde seu subconsciente trabalhou e lhe deu a impressão de livre arbítrio. A discussão é complicada, e eu nem entendi a justificativa dos cientistas quanto a essa ilusão de que podemos escolher alguma coisa, mas acho que esse vídeo pode ser um bom começo para abrir a mente:










Ou seja, apenas para contribuir à desilusão do dia, nenhuma escolha que toma, parte diretamente de você, ao menos é claro, que na sua vida não exista nada de errado ou contra sua vontade acontecendo nunca. Se você é humano o bastante para já ter se sentido mal por algo que fez, arrependido por alguma decisão, então sinta-se melhor porque você realmente não teve culpa. A escolha não foi diretamente sua.

Vamos supor que alguém sente raiva do mundo, porque tudo na sua vida parece ir contra seus planos. Ele lentamente, e naturalmente, deixará de sentir amor pelas coisas, e passará a sentir ódio, pois é isso que tudo parece exalar para essa pessoa. Note que o ódio realmente aconteceu de modo inconsciente, e a escolha de cultivá-lo geralmente também é, embora não precisasse ser. A pessoa podia simplesmente tentar encontrar as pequenas coisas pelas quais pudesse escolher amar, e ao treinar isso, ela cultivaria sentimentos e desejos que certamente nunca culminariam em uma escolha do tipo: "Matai-vos à todos ou a mim mesmo".

É algo complicado, porque é abstrato, mas a ideia proposta não tem nada de espetacular; simplesmente experimentar exercer controle dos sentimentos, e ver como é simples. Novamente, vamos entender que sentimento, emoção e necessidade podem ser confundidos, mas suas aplicações são diferentes: Por mais racional que alguém seja, ela não controla uma emoção, que por sua vez desequilibra uma necessidade, mas nem uma e nem a outra interfere no sentimento, pois mesmo que a emoção tenha um ápice exagerado, ela é passageira e sumirá quando menos se espera.

Conclusão

Essa é apenas a parte um, de mais quatros partes envolvendo esse paradoxo sobre o amor. Em resumo, considero aqui que é possível domar um sentimento, ao ponto de tê-lo quando e como bem entender. Mas é lógico que não é fácil; eu não disse que é fácil, e sim que é possível. E justamente para mostrar como é possível, e para propor ideias de como fazer para tentar adestrar essa criatura indomada, falarei diretamente sobre o ato de sentir na parte dois.

Veja todas as outras partes dessa saga sobre A Contradição do Amor:

Talvez já tenha divagado sobre esse tema do Amor aqui no blog, mas de outras formas. Agora estou tentando entender suas contradições e semelhanças, nos mais diversos aspectos. Se você acha que ele não precisa de comparação alguma, então esqueça isso e veja outros posts perdidos por aqui.

Viagens no tempo sem Rpg →  Post anterior à essa saga melosa.
De onde vem a Angústia → Um post angustiante sobre... er, a agústia
A Corrida dos Ratos [1] → Quer ficar rico? Pergunte-me como...
Amor Escalável Reflexão sobre como passar de nível no amor.

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