segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Amor Escalável

Esse post é última parte de uma série de 3 partes, tentando desmistificar toda a desilusão necessária para se entender o algorítimo da amizade. E não obstante, essa terceira parte é sobre os três passos para se estar amando alguém, ao mesmo passo que existem quatro tipos básicos de amor existentes. Se isso parecer muito confuso, tente ver no primeiro post sobre como os seus interesses pessoais agem por trás disso tudo. E aí, caso queira algum tutorial para se fazer um amigo, nada melhor do que ler a parte 2, sobre a amizade escalável. Então, let's go para a parte final.

Considerações...

Preciso só resumir algo citado no meu post anterior sobre a Amizade Escalável:

Você começa conhecendo uma pessoa, e termina a ser o melhor amigo dela. Se houvesse a possibilidade de imaginarmos uma evolução para o que viesse além do melhor amigo, você estaria diante de uma amizade épica. Ou seja, tudo passa por etapas, onde a velocidade de transição entre cada uma delas depende muito de pessoa para pessoa. Envolve muitas variáveis, como suas vontades, seus instintos de se guiar pela razão ou emoção, e até mesmo capacidade de escolha ou a simples sorte do acaso aliar-se ao destino.

De um modo similar, acredito que os romances também possuem algum tipo de conhecimento escalável, mas nem sempre seguem a mesma ordem. Na verdade, talvez existam três tipos de romances (na verdade eu acredito que existam 8 tipos, e depois posto mais dessa teoria), e cada um tem sua própria linha de evolução. Há o amor à primeira vista, que se você tiver sorte, espero que nunca aconteça. Também há o emocional e o racional, brigando entre si para ver quem está certo e quem está errado. E ali, jogando num cantinho meio escondido, fica o idôneo. Aquele que não está sobre influência dos outros, mas também não se importa de ir ao encontro dos outros.

Amor à Primeira Vista

Amar à primeira vista, como já diz o nome, significa que seu corpo e mente está se entregando à uma pessoa para quem o único fator de conhecimento foi visual, ou no máximo, um esbarrão em um metrô que uniu toque, visão, ofato e audição ao "desculpe-me" que embobalhou ambos. Não vou dizer que esse tipo de coisa clichê não acontece, porque a coincidência e o acaso não são coisas que estão aí só por acaso.

Mas quando eu disse que espero que isso nunca te aconteça, não é porque desejo-lhe o mal; geralmente o amor a primeira vista acontece porque toda química presente no cérebro explode naquele momento, mas a racionalidade desaparece. Um casal nessas condições vai viver o mais bem explorado sentido de estar em uma paixão incontrolável, mas toda paixão pode cessar um dia, assim que a razão for tomando seu posto de volta, e a estabilidade comece a notar defeitos e coisas que antes pareciam não existir.

Talvez possa até decidir que existem muitas pessoas de sorte. Talvez amor à primeira vista ocorra de modo duradouro, mas não é isso que todas as estatísticas mostram. Nem estou falando nas separações de casamentos, e sim de separações durante alguma fase de mudanças pela adolescência. Para quem quer refletir mais sobre isso, segue um artigo muito interessante sobre o assunto que vale a pena ser lido falando sobre o Namoro Prematuro e as relações Pré-Matrimoniais.


Amor Emocional

Um tipo de amor belo, romântico, que parece perfeito de longe, quebradiço por dentro e todo confuso por si só. Esse tipo de amor é aquele que está amarrado apenas por laços emocionais, onde o casal dá vazões às emoções que sente o tempo todo. Brincam com a racionalidade, criam jogos e apostas que se tornam muito gratificantes a medida em que são vencidos. Tem uma briga aqui ou ali, vão cair lá e se levantar por aqui novamente. Graças as emoções, o lado racional os puxa de volta e impede que a parte incoerente da mente tome atitudes erradas sem volta.

Não sei como explicar, mas vou tentar colocar um exemplo aqui: O homem oferece um buquê de flores que a mulher acha lindo, e ali lhe retribui um beijo. No instante seguinte, os filhos surgem por um corredor fazendo bagunça e a mãe corre até lá para ordená-los a parar, no mesmo instante em que o pai acaba de atender ao telefone da residência.

É o tipo de casal que não vai racionalizar tão bem as coisas, e seguirá a vida pela emoção do momento. Se um estiver animado e conseguir puxar o outro para o mesmo ânimo, então ambos farão coisas ótimas juntos. Se o outro estiver triste ou chateado com alguma coisa, então as soluções não vão ser consideradas em um primeiro momento, porque a tristeza será rebatida com consolo ou maquiagem da emoção para que ela vá para uma emoção diferente. E ali, revivendo e vivendo entre emoções que se rebatem o tempo todo, a relação continua.

Como eles usam mais o lado da emoção do que da razão diante de todas suas decisões, é natural que cometam muitos erros devido à decisões premeditadas, mas aos mesmo tempo, o mundo os abençoará com a ignorância seletiva, os levando a serem mais felizes enquanto estiverem concentrados em levar a relação adiante. Vai dizer que esse não é o padrão mais comum entre os ditos casais felizes? Pois é, mas se por um lado a ignorância é uma benção, por outro a busca pela sabedoria pode ser uma tragédia. Vou tentar explicar o porquê.


Amor Racional

Dizem que existem as pessoas que vivem sua vida pelas possibilidades que ela apresenta. Ou seja, pessoas que se motivam em continuar vivendo pelo tanto de coisas que querem fazer na vida ainda. E também existem outras que se mantém pela necessidade; pessoas que pensam no que é necessário e assim progridem com a vida. Em ambos os casos, elas tentam racionalizar as coisas que acontecem muito mais do que acontecem.

Dai, pela racionalização do fato, as variáveis que envolvem os porquês de uma relação surgem e se manifestam o tempo todo, de modo a tornar a cumplicidade do casal muito concreta, mas ao mesmo tempo, muito perigosa. E isso acontece porque o cérebro humano é mais passível de falhar quando acredita na sábia consciência de sua escolha.

Não é à toa que esse tipo de coisa é menos frequente do que aparenta; geralmente quem racionaliza demais o amor, vai acabar bloqueando a paixão e tendo mais dificuldades, uma vez que a paixão é a resposta que o cérebro dá para que você se "cegue" e faça as coisas que seu raciocínio faria de modo errado. É como dizer que é errado demais amar uma pessoa, porque se pararmos para pensar, ninguém é perfeito e ninguém pode nos satisfazer integralmente. Daí, qualquer tipo de tempo levando em consideração isso vai criar um amor racional, que busca respostas e, infelizmente as encontra. O bloqueio da paixão acontece, e a mente não mais se mantém cega e por isso; parece existir algum instrumento tocando errado em toda àquela melodia.

Não foi um simples desocupado que inventou aquele bordão do: "mente vazia é a oficina do diabo". Mente vazia significa ficar ali, deixando os pensamentos tomarem voz. Tentar colocá-los como donos de suas ações e principalmente, fazer eles serem os mestres de suas escolhas. Não é possível, e nem fácil, para todos controlarem seus pensamentos, assim como não é fácil controlar emoções e sentimentos. Por isso, amar alguém pode ser simplesmente ter que fazer uma escolha sobre qual lado de sua personalidade deixará falar mais alto nisso tudo. Deixe suas emoções falarem e você cai no Amor Emocional. Deixe os pensamentos por conta e se prende ao Amor Racional. Ou quem sabe, você pode deixar a virtude das escolhas por conta dos sentimentos, e conquistar com isso o que chamarei aqui de Amor Idôneo.


Amor Idôneo

Está aqui um tipo de amor bem difícil de se consolidar. Só para diferenciar as coisas, então temos o amor à primeira vista, que nada mais é do que o amor movido somente pela paixão. Eles são frágeis como cera, e nem sempre serão capazes de algum dia se tornarem peças em um museu.

O outro tipo de amor, é aquele movido pela patente humana da divisão de consciências, onde o casal tem o foco de suas atitudes pela emoção das coisas, ou pela razão das coisas. Talvez haja um equilíbrio perfeito entre ambas as coisas, mas geralmente tenderá a ir mais de um lado para o outro. Porém, caso o equilíbrio aconteça, então parabéns: Cá estamos falando da história das extintas almas gêmeas.

Mas até aqui, queria deixar outro detalhe evidente em qualquer tipo de amor: a reciprocidade da coisa em um sentindo mais amplo. Não estou dizendo que um precisa amar o outro, porque geralmente isso é mais um efeito natural de ação e reação do que ser recíproco. O que quero dizer, é sobre as semelhanças que fazem ambos terem muita coisa em comum. (e não incomum).

Se um gosta de fazer algo e outro não gosta, isso criará um pequeno desgaste emocional, que enquanto houver paixão, será relevado e cicatrizado de modo automático. Mas depois que o efeito analgésico passa, as feridas começam a aparecer, e se persistirem, chegam a sangrar. As semelhanças precisam ser levadas em consideração porque são elas que deixarão tudo mais fácil.

E aí chega o ponto de diferenciação do Amor Idôneo para todos os demais; aqui você segura na mãos dos sentimentos e vai seguindo em frente. Note a diferença entre sentimento e emoção: Uma emoção é algo mais impulsivo, criado pelo momento e se move em uma direção rápida, com objetivos curtos e bem definidos, que logo passam. Agora o sentimento não passa assim tão rápido e tão pouco você o modifica com uma piada ou esperando o dia seguinte chegar. O sentimento é mais forte, é criado depois de todas as suas crenças, análises conscientes e subconscientes te controlarem sem pedir sua opinião.

Por isso, você age através de um sentimento, e pouco importa que o sorriso que mostra é só a fachada das lágrimas que tenta esconder. Esse é o tipo de amor que eu considero ser o mais forte, porque dentre todas nossas vertentes da personalidade, é o sentimento o que é mais poderoso. Ao mesmo tempo, perigoso. Se a sincronia das batidas não for a mesma, então as coisas caminham de modo errado. Talvez cria-se até a ilusão de um amor diferente, que pode ser considerado como Antagônico.

Esse Amor Antagônico seria o completo reverso da alma gêmea. Ou seja, ele aconteceria por suas diferenças fortes e gritantes, e se fortaleceria nas brigas e discussões sem fim que parecem rotina. Existem pessoas que gostam de se sentirem mal, e também existem aqueles que parecem viciados em estar em alguma discussão. Ou seja, o amor realmente parece existir na forma e fôrma certa para todos.

Os Níveis da Escala Romântica

Aqui tudo é muito mais simples e menos complexo do que pode parecer. Tudo começa quando você encontra uma pessoa, e ela desperta algum interesse em você. O interesse pode ser mútuo, ou pode requerer a fase de sedução e conquista. Todos os animais fazem isso, e é por isso que considero a escala romântica muito mais fácil de compreender do que uma escala da amizade, por exemplo. Como qualquer outro animal desse planeta, todos querem sobreviver, e mais do que isso, permitir que a espécie continue. Pelo menos esse é o pensamento comum e genérico de qualquer pessoa que não teve seus conceitos naturais absurdamente abalados pelas discrepâncias do novo milênio.

Pensando no modelo básico de machos escolhendo as fêmeas, procurando a procriação e a proteção da prole até que possam se defender sozinhos, então nem preciso dizer mais nada. Milhares de livros, pesquisadores, vlogueiros e todo tipo de gente já disse e repetiu isso várias vezes. A parte poética por trás disso é apenas o enfeite alegórico diferenciando os animais humanos dos outros animais animais.

Nem quero gerar polêmica com essa história, porque sei como parece ser grosseiro encarar a vida desse jeito mais cru e selvagem. Mas independente disso, e dentro da maquiagem romântica de nossa sociedade, acredito que a escala do romance geralmente acontece seguindo um dos tipos de amores que citei no começo. E como ele é a base por trás de tudo, a fluidez e naturalidade das coisas tem um padrão muito instável. Então, generalizando:

  • Nível 1- Conhecidos
    Note que não existe um nível 0 aqui, como existia com o caso da amizade escalável. Um romance pode começar entre um completo desconhecido e até com um amigo, mas o processo de conhecimento aqui tem um foco diferente. A busca de interesses é na verdade uma avaliação de todos os valores profundos de uma pessoa que podem ser exatamente os que você procurou encontrar, e aí, o primeiro nível do relacionamento acontece quando a comprovação de cada um pelos valores acontece. Se encontrá-los, parabéns. O nível dois será alcançado.

  • Nível 2- Namoro
    Como pulamos alguns níveis de amizade durante a fase de conhecimento alheio, o segundo nível é uma mescla entre a amizade e o que vou chamar aqui de amor paixonista, para diferenciar do tradicional amor fraterno pelo próximo. Note que a paixão já começa no Nível 1, e quando se evolui para o namoro, você apenas está assumindo que aquilo merece receber uma atenção maior. E seu investimento reforça a paixão que havia antes, mas adiciona os elementos do amor de casal na história. E como eu já disse lá no início do post, o namoro vai trazer para você um dos tipos de amor que pode ou não ser o mesmo vindo pelo outro. Pode ser emocional, racional ou idôneo. São apenas esses três tipos que se iniciam nessa fase, e se por um acaso foi outro que aconteceu antes, então talvez o amor a primeira vista seja seu caso. O único detalhe importante é que estou falando de amor, e não da paixão. A paixão é lógico que já aconteceu no Nível 1, mas é só no Nível 2 que o tipo de amor existente é revelado.

  • Nível 3- Casal
    Durante o namoro, é óbvio que haverá uma definição sobre o andamento das coisas. A convivência fará com que ambos percebam quais os defeitos mais incomodam e quais são as qualidades que não puderam ver antes. A paixão vai se tornando menos cega, e a razão permite que se descubra se vale a pena seguir as diferenças que foram vistas, ignorá-las, tentar mudá-las ou simplesmente optar pela mudança das regras do jogo.

    Pessoas que possuem muito medo e insegurança vão ser as primeiras a cair num poço escuro e profundo, querendo matar Deus e o mundo pelas próprias desilusões que não sabe como reinvidicar. Afinal, quando a paixão perde parte de sua "cegueira", então mesmo que o presente seja ruim e desgastante, muitos se submeterão à viver pelo sofrimento do que aceitar que um dia já estiveram cegos, e que foi apenas a cegueira do momento que os tornava felizes.

    Um casal só se torna um casal quando ele é capaz de compreender que a sua realidade não é mais apenas sua. Assim, quando a vida parece estar mesclada, o casamento sela a união que já estava certa antes desse passo. Já ouvi gente dizendo que não estava assim tão feliz, mas que apostou no casamento como uma chance para mudar a vida e encontrar a felicidade. Mas se não havia felicidade antes, então porque raios ela existiria depois?

    Às vezes, minha mãe diz: "filho, não importa as consequências, apenas se case pelo menos uma vez na vida, desejando que seja apenas uma única vez. Se não for, ao menos você terá essa experiência para levar na sua bagagem. Ninguém fica para semente, meu filho, ninguém...". E quando penso no possível sofrimento do fim, o tempo ri da minha cara, e é implacável: "sofrimento é pensar demais e algum dia perceber que viveu de menos. Aí sim verá o que é sofrimento". Infelzimente, já vi isso acontecer com outras pessoas, e sei a que fim levaram. Ou seja, independente do casamento, o nível 3 é a chave necessária para que uma nova história se abra.
E assim a história se fecha. Para alguns pode existir o Nível 4, que é quando ocorre alguma separação e um recomeço é iniciado. Vão se separar por algum motivo, e mesmo que ninguém se mate por isso, ainda assim vai ser uma história triste. Aposto como você também deve conhecer pessoas que depois de vários anos em um casamento aparentemente feliz, se separam. Ou então casais tristes que se mantem presos porque tem filhos e não aceitam a idéia de que um dia poderiam ter se apaixonado. Enfim, existem casos e mais casos, e geralmente em todos eles, há uma falha que difícilmente é notada logo no início das coisas: A primeira vez que você releva um defeito de uma pessoa mas não o aceita, está se enganando. Pronto, ninguém quer ser enganado, e se a mudança planejada em seus sonhos ilusórios não ocorrer, então a história do fim já estava escrita muito antes de começar. Só você não viu. Só o casal não viu. Outros mais atentos viriam se assim fosse permitido romper a verdadeira sinceridade que só movimenta as fofocas longe de nossos ouvidos.

Conclusão

Todo tipo de amor pode ser moldado. Isso porque amar uma pessoa (no sentido de casal) é, como já disse em algum outro post perdido por aqui, transportar a realidade de alguém para dentro da sua realidade, e vice versa. Quanto mais semelhanças, mais fácil isso acontece. Note que se você transfere uma realidade que, por algum motivo, vai contra alguma crença ou experiência vivida pelo subconsciente, então aquilo é uma ferida eterna, mesmo que nem se de conta disso.

Talvez o outro lado não esteja disposto a transferir a sua realidade, e aí, as feridas não são incorporadas lá, mas ficam como facas na cintura para serem atacadas em um momento de insanidade. Vou tentar um exemplo:

Vamos supor que você adora móveis de madeira. E aí, conhece alguém que detesta móveis de madeira, mas adora coisas metálicas, as mesmas que você repugna. Se o casal sempre esteve apaixonado e se ama verdadeiramente, é porque cada um faz parte do outro e a realidade dos dois se tornou uma só. Eles abrirão a porta da casa deles e você verá uma estante de madeira em completa harmonia com uma mesa de centro feita de um metal bem imponente. Quem olha aquilo pela primeira vez, diz que a casa deles é linda, mas ninguém nunca imagina que só foram deparar com esse detalhe de gostos contraditórios durante a montagem do novo lar para morar. E que bom que haviam transferido a realidade de um para o outro, por isso aceitaram de bom grado e a nova idéia de que a casa ficou mais bonita daquele jeito pareceu realmente fantástica.

Cada um, usando todas as experiências de vida, tem seus motivos (mesmo que não saiba) do porque adoram algo e detestam outra coisa. E então nesse exemplo, um dos dois poderá ceder e então, vamos supor que você seja essa pessoa, e resolve deixar apenas coisas metálicas te agredirem pelo bem maior que seria o casal. Aquilo ali, querendo ou não, deixaria uma ferida em você, cujo tamanho e dor só dependem do grau de importância dessa submissão de gostos. E não importaria o quanto lhe dissessem que a sua casa era a mais bonita de todas. Seus olhos estariam completamente cegos pelo egoísmo de não aceitar novas idéias de mesclarem com as que já possuí.

É como se você quisesse forçar que a realidade alheia fizesse parte da sua, mas seu subconsicente, que é seu único e imutável cúmplice, não consegue concordar, pelo simples fato de que existem muitas experiências insconscientes que o fazem achar móveis de metal ruins.

Um dia é uma ferida, mas no outro, pode ser mais uma. E com o tempo, muitas feridas podem começar a doer ou sangrar, deixando cicatrizes na alma que talvez nunca cheguem a cicatrizar, nem mesmo com o mais poderoso dos remédios, que é o tempo. Ou seja, se a aceitação da idéia alheia não puder ser verdadeira, então tenha em mente que aquilo está contra você. E isso jamais terá volta.

A solução que eu propus aqui foi simples. Ou seja, bastaria dividir os móveis, e equipar com metade do que você gosta e odeia, assim como o outro equipar com metade que gosta e odeia. Parece o certo, mas também é completamente errado. Consegue perceber o erro disso? Ambos dividiram a ferida, pois nenhum dos dois conseguiu incorporar uma nova realidade para si. E então, ambos saem perdendo. Obviamente perdem menos do que perderiam se um dos lados abaixasse a cabeça e ignorasse a voz interior. Claro que talvez a divisão dos móveis cause o efeito inverso disso, e ambos realmente passem a gostar da idéia, com eu propus que aconteceria em uma relação perfeita.

Mas e se um dia houver uma discussão, sabe quais serão os argumentos de briga que reprovarão toda história de amor construída até ali? Pois é, a culpa de que os móveis são de madeira ou de metal. E isso acontece por um motivo muito claro: Ninguém critica ou briga com a própria realidade, por isso, se aquilo fosse algo que a outra pessoa tivesse aceitado do fundo do coração, não iria ter como brigar por aquilo. Seria a mesma realidade... Então como você brigaria consigo mesmo?

Está aí mais uma explicação do porque casais brigam. Eles são casais no sentido poético, mas só. São apenas duas pessoas tentando compartilhar uma vida que não pertence a eles. Quanto tempo será que algo assim irá durar? Eu não tenho nenhuma bola de cristal, mas prevejo a resposta com muita naturalidade. Ah, claro, sei que você também prevê essa resposta. Otimistas vão dizer que viverão felizes para sempre, pessimistas dirão que viverão felizes enquanto durar, e realistas vão simplesmente afirmar: "Sei lá".



Com isso eu fecho essa tríade sobre as três coisas escaláveis que mais serão grandiosas na vida:

Parte 1: Interesse Escalável → 3 interesses primordiais
Parte 2: Amizade Escalável → 7 passos para se ter um amigo
Parte 3: Amor Escalável → 3 etapas para notar um dos 4 tipos de amor

Se quiser algum post diferente desse tema batido envolvendo reflexões de amor e amizade, experimente um dos posts menos reflexivos:

A Gota  →  Uma animação que fiz com a história de uma gota
Peças do Museu → Um conto diferindo o amor e paixão
Dança de Salão. Oh, não. - Minha saga sobre as danças de salão.

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