sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Retrospectiva Pessoal 2011

Como fiz no ano passado, minha ideia aqui é apenas fazer um resumo de todos os pots que saíram nesse ano, e meio que explicar o motivo que os levou a sair na sequência em que saíram.

Para mim, 2011 começou como todos os outros: cheios de promessas para isso ou para aquilo, que por ventura, algumas tendem a se cumprir e outras a se adiar. E talvez, no final das contas, foram justamente as promessas que eu não tinha feito que aconteceram.

O terreno para encontrar

Sentindo o aperto financeiro e a incerteza da minha saída ou não do trabalho, nada mais justo do que fazer um novo post sobre investimentos. Pois é, mas a situação momentânea não me dava tempo para pensar em qualquer tipo de investimento, simplesmente porque o alavancar de contas antigas e novas para pagar só cabiam em um tipo de reflexão: A Censura Capitalista.

Mas o que se pode fazer? Até tentei viajar no tempo, mesmo que fosse só através do Rpg. Fracassei. Falando em Rpg, até tentei retomar minhas doses de diversão com isso, e naturalmente fracassei de novo. Aí me lembrei do título desse blog e sorri: Pelo menos alguma coisa estava fazendo certo: desiludindo.

O terreno para conquistar

Com minhas revoltas infundadas, declarei guerra. E depois disso, tudo o que aconteceu foi sair um dos piores posts que já escrevi, tentando misturar coisas que não deviam. Gerou-se o vergonhoso texto sobre o paradigma das guerras. E não contente com o fiasco, ainda consegui estender o assunto em mais duas partes. O primeiro falando sobre os motores da guerra, o segundo sobre a desencadeação de uma guerra e o último sobre a Jihad conclusão em si.

Imagine falar sobre guerras, e depois emendar um texto sobre o apocalipse em forma de vírus existentes pelo mundo? Sim, isso era reflexo de algumas desilusões atuais, até porque era justamente nesse momento em que minha transição de emprego acontecia, e eu não era capaz de decidir que tipo de sentimento eu carregava diante de tudo aquilo. Não é atoa que tentei uma explicação para tudo, e que de fato, não expliquei nada. Havia finalmente encarnado o papel de um temível zumbi.

O terreno para adubar

Mas vejamos pelo lado bom, esse temporal começou a passar, e com tanta coisa nova acontecendo na minha vida, eu vi que não iria ter muito tempo para falar de coisas legais no blog, e por isso quis finalizar minha saga sobre A Dança de Salão, já que esse tipo de post não toma muito tempo: apenas vou lá e faço um resumo desinteressante do que aconteceu e pronto. E não é atoa que essa saga foi recorrente e ainda apareceu depois. Se você nem sabe de que raios trata, aproveite para entender tudo numa sequência rápida com todos os posts:

1 - Porque inventei de fazer dança de salão?
2 - Onde eu tô, mesmo? Sei lá, que tal fazer contas sobre razão áurea?
3 - Eu sei porque estou fazendo.
4 - Será que só porque sei o que estou fazendo, é hora de parar?
5 - E enfim, um novo aeon.

Mas é claro que nessa época (lá pelo meio do ano), eu não estava numa overdose de dança e ignorando o mundo ao redor. Muito pelo contrário, eu ainda estava alimentando minhas novas desilusões em vários ramos pessoais. E aí, quando eu olhei para o precipício que vi na minha frente, procurei encontrar uma forma de me motivar a sair daquilo ali. Era só adubar o terreno ou parar de escavá-lo, mas como fazer isso? Eu mesmo me respondi propondo A Corrente da Motivação.

O terreno para plantar

Acho que as doses de motivação alavancaram positivamente o segundo semestre do ano. Até consegui inspiração para escrever um conto chamado Peças do Museu. E falando em inspiração, as estatísticas desse blog medíocre não me deixam mentir: foi justamente nessa época que tive os posts mais lidos clicados do ano. O que obteve recorde de views foi o Lobo Solitário. Não entendi como esse tipo de post, sem conteúdo importante poderia atrair mais visitantes aleatórios. Talvez fosse a imagem postada nele, vai saber.

Mas enfim, então eu joguei as sementes naquele terreno, e fiquei aguardando. Me sentei no chão, olhando para a terra e as mãos sujas. Por ficar sem fazer nada, eu via o ano passando e eu não sabia o que esperar dele. Tantos planos e tantas coisas que planejei e nada acontecia. Estava, novamente, apenas respeitando o título desse blog.

Não conseguia perceber as coisas que aconteciam, e fiquei pensando se tudo não podia estar acontecendo e só eu não ver. Acho que a grande ideia de criar um post falando sobre a enrolação das indiretas partiu daí. Eu não encontrava respostas diretas para nada, então pensei se as respostas não poderiam estar de forma indireta no ar. Na dúvida, considerei que isso tudo é só enrolação. Mas a enrolação é boa, pois ajuda a esperar, refletir, e mais do que isso, procurar entender como funciona a estranha ligação entre a terra e uma semente que não vem com manual sobre como regar da maneira correta.

O terreno para regar

Falando em terra infértil, uma espécie de ataques sequências estavam prestes a me ocorrer. Fiquei tão confuso com a explosão de emoções e ideias bizarras atravessando minha cabeça que cheguei a uma única conclusão: estava louco precisando de ajuda. Com meu silêncio, aprofundei-me mais dentro de mim mesmo, e com isso, tive uma conversa muito séria com meu eu interior. E ele me explicou sobre quem na verdade era meu único cúmplice. A única pessoa em que eu poderia confiar era apenas em mim mesmo, que, era um bibliotecário idiota ingênuo.


Sabe onde tudo isso levou? Hospício. Já que estava ali numa conversa séria com meu bibliotecário, perguntei para ele o que eu poderia fazer. Ele riu da minha cara, e disse que era meu único cúmplice, mas era tão embestado quanto eu. Usei da estratégia e perguntei se tinha algum livro que pudesse me ensinar a como cuidar de um terreno do qual plantei uma semente. Acho que ele não entendeu o que eu quis dizer, pois virou-se e saiu rindo de mim. Apenas disse o que eu já tinha dito antes para mim mesmo: "Esqueça, meu caro. Não há, e nem nunca haverá um manual de instruções para o que procura".

O terreno para cuidar

Olhei para aquele terreno novamente e não via nenhum sinal de nascer uma plantinha dali. Será que eu não estava regando na quantidade certa? Seria um deserto sem oásis? Daí comecei a entrar em desespero, pois e se nascesse alguma coisa dali, como iria evitar que morresse depois? E se pragas naturais invadissem o terreno e devastassem tudo? Naquela época eu não sabia o que fazendeiros e agricultores fariam nessa ocasião. E a resposta era muito mais simples do que todas as minhas especulações: Não se faz nada diante das coisas que ainda não aconteceram. Se milhares de gafanhotos destroem seu cultivo de um ano inteiro, então recomece com mais empenho, procure investir em prevenção ou tecnologias recentes. Corra atrás do prejuízo. Enfim, você pode fazer qualquer coisa que quiser, mas só depois que os gafanhotos destruíssem o terreno cuidado com tanto esmero. Antes disso, um pouco de prevenção é bom, mas nada de paranoia.

Só que naquela época eu não compreendia isso. Ou talvez compreendesse, mas não queria aceitar a demandada dos espíritos zombeteiros. Eu já estava um pouco mais maluco do que de costume, e nessa onda de desespero eu perguntei como resolver todos os problemas da vida. E nessa dose de loucura, propus o mais bizarro de tudo: Salve os insetos, e salvará o mundo.

Como ficou claro, eu não sabia cuidar de nada. Nem de mim mesmo, que quando estava chegando mais próximo do final do ano, me recaí com tantas dúvidas que não sabia mais o que fazer. Seria um problema de crença? Precisarei eu confiar mais nas pessoas ou em mim mesmo? Para isso pensei no que faz as pessoas confiarem uma às outras, e saiu o conto sobre o Paradoxo da Confiança.

Esse paradoxo foi apenas a abertura para mais dois posts que vieram depois, onde o tema praticamente continuava sendo o mesmo. Perguntei a mim mesmo: "Você tem certeza?" e respondi com ambiguidade, olhando para um espelho desfocado à minha frente. O que eu poderia fazer depois disso? E então, com o olhar perdido para o alto, finalmente me decidi: Tudo isso só vai ser resolvido quando eu fizer A Escolha.

O terreno para colher

Olhar para o alto foi a melhor coisa que fiz, simplesmente porque vi algumas nuvens se aproximando, e pressenti que viria a chuva. A chuva trataria de regar o terreno, já que eu não estava fazendo isso direito. Me permiti encenar um sorriso bobo no rosto, e até pensei ter sentido uma gota cair no rosto.

Com o olhar perdido no alto, abri meus braços e me deixei molhar pela chuva que desabou em seguida. Finalmente, abaixei lentamente a cabeça, e qual foi a grande surpresa? Ali, naquela terra que se umidecia, estava finalmente nascendo uma plantinha. A semente que plantei para 2011 não estava morta. Será que o resultado de todo meu karma estava naquele terreno?

Queria comemorar toda a alegria daquela conquista, mas não sabia se devia. A chuva ficara forte... E se chovesse demais, aquela planta ainda frágil em seu nascimento poderia morrer. Eu precisava ter calma. Precisava entender como funcionava o karma da vida.

Que planta seria aquela? Talvez uma árvore tão grande e resistente quanto uma abrassália. Talvez seja só uma planta genérica. Talvez uma Carnivine planta carnívora. Ou então, só uma erva daninha. E esse continua sendo o problema das sementes virem sem manual de instrução. Entrementes, nada impede de ali estar também uma planta medicinal ou somente alguma flor sem graça. Quem sabe não seja uma flor que atraía um jardim para aquele terreno vazio espalhado por planícies sem fim? E vários posts explodiram em sequência de forma alucinada. Uma cachoeira para ritmar toda desilusão que faltou para o ano inteiro.

Desde opiniões contraditórias sobre o tal Movimento Gota de Água, até filmes completos do youtube (Sempre ao seu Lado) com direito a vídeos relacionados e tudo mais. E nessa fase de eloquência absurda, ainda sobrou tempo para mais uma sequência de posts sobre a escalabilidade das coisas, começando pelo interesse, passando pela amizade e tentando entender o amor. O único tema mais clichê de todos que nunca poderá ser completamente compreendido por nenhum coração humano. No máximo praticado e sentido, e só. Foi isso o que eu fiz na minha retrospectiva pessoal: Parei de tentar compreender coisas que não estão aí para serem compreendidas.

Ao mesmo tempo, ignorei a contramão do senso comum que prega a frase: "Apenas viva". Não, de modo algum, apenas viver não é o pensamento que grandes pessoas da humanidade tiveram. Steve Jobs que o diga: Mesmo com os dias de vida contados, ele nunca se limitou a seguir essa crença comum, e certamente, desde seu nascimento ele nunca fez apenas o comum. Ele não "apenas viveu". Ele aproveitou a vida para fazer a diferença que podia fazer. E é nisso que acredito: Se podemos fazer diferença para umas três ou quatro pessoas, então vamos fazer. Se podemos fazer a diferença em nosso local de trabalho, então vamos fazer. Fazer a diferença é a mesma coisa de "apenas viver", mas você viverá com muito mais esmero. Pode ter certeza disso.

Um Novo Terreno

Pois é, a cada ano que se levanta parece que temos diante de nós um novo recomeço para todas as coisas. Pelo menos para mim, após a época do natal passar e todas as devidas reflexões se reforçarem, então o novo ano surge cheio das mesmas promessas replicadas com novas promessas. Novos sonhos e objetivos pelo caminho. Um novo terreno. O que fazer dele é apenas a escolha de cada um, mas espero, sinceramente, que olhar para terrenos anteriores e poder ter aprendido com eles seja o único tipo de irrigação que fertilize essa terra complexa da vida.

Até porque, um novo terreno em 2012 não significa, necessariamente, que o anterior morreu. Apenas não está mais sobre o controle de ninguém, e o que foi plantado lá, pode florescer ou morrer depois, pode até desencadear uma floresta com um novo ecossistema inteiro. Talvez você olhe para trás e enxergue, com certa satisfação, como fez um bom trabalho. E se virar um imenso deserto sem vida? Certamente não faz diferença; alguns desertos podem até virar paisagem para algum dia de férias.

O que passou, não simplesmente passou. Apenas ficou em algum lugar contribuindo de alguma forma para esse exato segundo de agora. E quem sabe, esse segundo de agora não esteja contribuindo para os minutos, dias, meses e anos seguintes? Todos temos direito a um novo terreno. Todos tem uma semente em mãos. E sabe o mais legal disso tudo? É que realmente não é necessário um manual de instruções para plantar a semente que tem; até porque, quem é que lê tais manuais?

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