quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O Paradigma das Guerras - parte 1

Nesse exato momento uma guerra de proporções gigantescas acontece. E talvez muito mais perto do que se imagina. Não, não vou falar dos milhões de anti-corpos lutando contra possíveis bactérias presentes no ar que respira e nem de algum caixista zerando Call of Duty pela milésima vez. Vou tentar ser mais direto e deixar um vídeo que já vale por muitas palavras.

Pensando bem, esse post não tem nada a ver com o vídeo. Ou na verdade tem. Aliás, quem se importa?






Nem tenho muito o que falar desse vídeo, exceto que definitivamente não dá para comparar um monte de formiga atrás de alimento com um monte de pessoa atrás de sobrevivência. Mas, espere... Se o mundo passasse por uma crise de fome tão assustadora quanto a ONU disse que haveria, será que a lei do mais forte estaria em ação? Milhões de pessoas assaltariam os mercados e milhões de mercadores defenderiam seus alimentos? Provavelmente não. Afinal de contas, não tem como existir conflito se a proporção entre os dois lados conflitantes for desproporcinal.

Enquanto isso, no Brasil...


Fico imaginando, por exemplo, essas recentes (ou nem tão recentes) guerras ao tráfico, onde num belo dia qualquer a polícia invade os morros do Rio de Janeiro e confronta suas forças contra um inimigo que já estava lá há anos. Enquanto eles fazem o crime de modo mais "light", então podem ficar lá com suas devidas proteções estratégicas. Mas aí, se de repente eles resolvem avançar um level e tentar aumentar suas estrelinhas de procurado (sim, muito GTA na cabeça), aí o caos atinge os noticiários, que explodem em manchetes do tipo: "Brasil em Guerra" para tentar lucrar um pouco mais daquele cidadão mais distraído.

Será que, se as forças de inteligência e armamento quisessem erradicar o problema, elas não conseguiriam? Alguns morros traficando drogas não são de longe um problema para a estrutura do país, pois a polícia local em seu trabalho de prender o que a justiça vai soltar logo em seguida está incluso na brincadeira de Tom e Jerry. Se a criminalidade extinguisse usando o poder máximo que o governo tem, então aconteceria mudanças muito drásticas (e imprevisíveis) em tudo o que já está absolutamente certo. Aquela coisa de que em time que se está mexendo não muda, sabe? Pouco a pouco as coisas vão se tornando um caos, mas tudo está indo, e se na teoria for uma parcela pequena que está perdendo, então na prática o time ainda está ganhando.

Motores da Guerra


Política. Religião. Fanatismo. Trollagem. Essas são as quatro três coisas capazes de gerar as brigas mais violentas nos dias de hoje, e a motivação delas, por mais banal que pareça poderia mover verdadeiras guerras sem fim.

Política é essa coisa ao vivo que acontece no Egito e quase sempre tem algo a ver com ditadura ou sede de poder. Alguns conspiradores de plantão acreditam que há um responsável pelo mundo que diz quem pode ficar ou sair (e por quanto tempo ficar ou sair) independente do que a população pense a respeito. Seria uma espécie de ditadura global que alguns chamam simplesmente de "sistema", e jogam a culpa nele por todas as coisas ruins que acontecem e não podem explicar.

Religião é outra coisa perigosa, já que mexe com conceitos fortes carregados não só por você, mas toda sua descendência, cultura e até, no além da morte. Por se tratar de coisas que lidam com a eternidade, as Guerras que envolvem religião dificilmente podem ser extintas. Se você tentar analisar isso com calma, verá que as guerras iniciadas pela religião nem são assim tão diferentes daquelas iniciadas pela política, exceto que em uma a culpa é um homem, e na outra, um Deus.

Fanatismo é o primo da Política e da Religião, e também tem o poder de iniciar guerras. Aqui no Brasil o único fanatismo que costumo ver é apenas o do Futebol. Desse modo, o fanatismo em torno do futebol é capaz de se tornar tão grande que a mentalidade em torno daquilo se atrofia junto aos instintos primitivos de selvageria. Na versão mais branda, apenas vemos essas brigas em estádios que na visão de quem está de fora não faz sentido algum.

Eu não odeio o futebol, já que ele é apenas um esporte. O que eu odeio é o fanatismo em torno dele, além de ser um assunto padrão chato que sempre envolve falar bem ou mal de algum jogador que mal se importa com o que você está pensando. É tanto dinheiro que enobrece aquilo que para mim já perdeu a sua nobreza desde que os antigos deram a primeira trollada nesse esporte.


A história do nosso mundo são as histórias das guerras que aconteceram. Qualquer livro de história sobre um país ressalta bem isso. A proporção de páginas relatando as guerras é infinitamente maior do que relatando outros eventos. Não é atoa que essa trindade (Política, Religião e Futebol Fanatismo) sempre estiveram presentes desde o ínicio de tudo. Reis em busca do poder tentavam conquistar outros reinos. Povos faziam cruzadas sanguinárias para impor a religião de seu Deus ao mundo. E o futebol, nada mais era do que um simples ritual de chutar as cabeças decapitadas dos inimigos mortos para longe. Com tanta violência que o mundo já exalou e respirou, não é de espantar que o mesmo ar dos dias de hoje ainda esteja carregado de veneno.

Essa é a parte 1 de uma série com três partes sobre o Paradigma das Guerras, que por mais terríveis que sejam, a ficção dos livros e do cinema sempre insistem em nos mostrar o contrário.

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