segunda-feira, 3 de junho de 2013

Pré-Julgamentos


_Quando o santo não cruza, não tem jeito!

Taí um ditado que serve para explicar o inexplicável. Sabe aquela pessoa que você não conhece - nem ela te conhece - mas só de olhar parece que ela não é confiável? É como se tivesse feições vis, ou algo do tipo. Mas nem sempre é uma questão de aparência ou simples apatia, e os motivos para fazer tal pessoa não se encaixar em seu mundo parece inexplicável. Enfim, é o típico caso de quando o santo não cruza, que dizem (ou diziam) por aí.

Esse dito popular só existe por um motivo: Nós somos sociáveis, mas não globalmente sociáveis. Várias diferenças pequenas entre cada um de nós nos colocam em pré-julgamentos o tempo todo. E depois disso, falar sobre um santo sem preconceitos de nada parece-me muita demagogia.

Mas até aí, seus pré-julgamentos não são problema algum, já que fazemos isso o tempo todo, principalmente diante de decisões rápidas ou em nível subconsciente. O problema é quando você julga alguma coisa dentro de um grupo social cuja maioria não concorda com você. Aí eles vão te pré-julgar também, e mesmo falando não ter preconceito de ninguém, passarão a ter de sua pessoa.

Avaliação Pessoal

Minha teoria é a seguinte: Em qualquer tipo de interação com outra pessoa, um longo processamento acontece para tentar definir o grau de simpatia ou apatia de outrem. Existem vários daqueles testes que já fizeram, como colocar uma mesma pessoa aparentando ser mais rica ou pobre, levando a aparência influenciar na opinião das pessoas. Se levar em conta que o primeiro contato com alguém nas ruas seja o visual, é natural que essa seja nossa primeira forma de avaliar alguém.

Ok. Surge uma pessoa diante que você que lhe agrada nos seus quesitos de beleza. Dependendo da orientação sexual e ocasião de encontro, isso também poderia desencadear uma análise secundária de tipo perfeito de par. Nesse momento, só de olhar de longe, seu cérebro já deve ter feito aqueles cálculos toscos de simetria + combinação genética + whatever para definir o conceito do que é belo para você. Tanto os homens quanto as mulheres são, até onde eu sei, extremamente iguais nesse primeiro ponto. Até aqui tudo o que você tem em mãos - ou em mente - é apenas uma imagem conceitual.

Para algumas pessoas, só esse primeiro impacto do olhar já é capaz de causar aquele tal de "amor à primeira vista", que na teoria é legal, mas na prática só serve para mostrar como suas capacidades de avaliação pessoal são um completo fracasso. É como colocar uma seleção de brinquedos e pedir para que uma criança escolha o melhor. Como ela supostamente não conhece o funcionamento de cada um dos brinquedos, então ela vai usar algum método de avaliação pessoal para escolher qual é o melhor.

Isso significa que o melhor para aquela criança pode significar apenas qual é o brinquedo mais bonito, qual ela nunca viu nada igual (impressionante), qual parece ser mais complexo (interessante) ou simplesmente vai pegar o que estiver mais próximo, sem analisar nada. Ou seja, cada um tem seu método peculiar de avaliar as coisas. Taí aqueles testes chatos que tentam definir a sua personalidade como se você não soubesse como é. Cada um tem lá um jeito de definir o porque gosta disso ou odeia aquilo. Talvez seja esse o segredo de toda essa indústria aglomeração de profetas tentando dizer como você é. Mas de fato os outros sabem mais de você do que você mesmo (tem um link sobre isso aqui) e ainda assim o que se quer ouvir desses testes não é isso. Não é essa coisa de: "ah, deu no teste que eu sou fico nervoso quando tenho raiva e calma quando estou tranquilo". No fundo creio que todos querem a compreensão de como são. E não simplesmente como são.

Além das teorias conflitantes entre a psicanálise e a psicologia, também temos as teorias religiosas, evolutivas, biológicas e até mesmo as non-sense. Ou seja, quando se quer falar de si mesmo, o ser humano é mestre em encontrar explicações para tudo. Qualquer dia eu tento criar algum post por aqui embabacando cada uma dessas teorias, mas por enquanto eu queria focar apenas em uma: A primeira impressão.

Eterna Criança

Não vou me estender muito nesse assunto, mas uma googlada rápida já te enriquecerá com muito mais conteúdo que imagina. Mas, eu quero simplificar as coisas e fazer com que você indague que tipo de criança é. Só para relembrar as existentes:

Bobolhando: É aquela que, formada pela maioria das pessoas, e principalmente nessa era da tecnologia, tem olhos que brilham por tudo que vêm. Olham alguma coisa bonita e pronto: apaixonam-se. Geralmente apreciadores de design fazem esse tipo. Diante da apresentação de um brinquedo novo, iriam diretamente para o que fosse mais bonito.

Ingênuo: É o que acredita em tudo que lhe dizem. Ou na verdade, ele não acredita em tudo, mas se impressiona facilmente com tudo, e até tende a acreditar nessas coisas que escuta. Naturalmente é o oposto daqueles que só acreditam vendo, porque estes, só acreditam ouvindo. Adoram música, e elegem a favorita aquela que, independente do ritmo, parecem ter sido escritas para ele. O melhor brinquedo a escolher é aquele que parece ser capaz de lhe dizer às coisas que se quer ouvir.

Possessivos: É o tipo de pessoa que, quando vê você com algo e pergunta "posso ver?", na verdade ela quer tocar, ficar examinando com as mãos, sentindo o peso e tudo mais. É como se ela temesse ser traída pela visão, e então adquire a necessidade de tocar as coisas para provar que são reais. A cada cinco palavras ditas, três são acompanhadas de algum cutucão. Provavelmente era o tipo do programador que colocou o botão cutucar no facebook. Qualquer brinquedo de pelúcia é o mérito de toda criança possessiva.

Desiludido: É o que adora shows de mágica, e fica criando mil teorias sobre como foi feito isso ou aquilo. Dessa forma, acabam se alimentando do mistério que existe naquilo que não compreendem, e talvez não queiram compreender, pois a busca pelo gosto da dúvida é o mais saboroso que existe. Parece um Sherlock Holmes, exceto que não descobre nada. Mas é isso que o move: a curiosidade que pode matá-lo. Não importa se o brinquedo é caro, bonito ou revolucionário. Se ele não sabe como funciona, então é exatamente esse o que melhor funciona.

Ego-infláveis: São pessoas que buscam o alimento do ego acima de tudo. Normalmente todos fazem isso de uma forma ou outra, mas esse tipo de pessoa vive com o ego inflado, ou pelo menos, é isso que ela busca, mesmo sem saber. Ela acredita que o dinheiro não vai apenas pagar suas contas, como também comprar um passaporte para o paraíso. Ela acredita que não basta ter um celular bom: precisa ser o melhor de todos. Ela quer o status. Ela quer um pouco de fama. Ela quer elogios. Um brinquedo caro e tudo resolvido.

Caninos: Conhecendo a teoria prova de que o cérebro só evoluiu a partir de seu olfato, fica fácil considerar que aqui temos uma espécie quase extinta. Seriam as pessoas que tem um forte apreço pelo cheiro das coisas. Mas mesmo quando o cheiro é quase imperceptível. Tem pessoas que julgam sentir o cheiro das coisas que ninguém mais sente, e certamente elas tomam muitas decisões importantes se guiando pelo nariz. Gandalf aprova isso.

Concluindo

Todo mundo tem um pouco de cada, porque afinal de contas, somos humanos. Mas, certamente existe um dos tipos que o descreverá com mais precisão. E esse é o seu tipo de espelhatriz.Se você quiser pesquisar pelo termo da psicologia que engloba de um modo mais abrangente tudo isso o que eu disse, então busque por Canais Sensoriais

Bom, claro que se você tiver pesquisado sobre os canais sensoriais, verá que eles se aplicam apenas aos nossos sentidos, dizendo que cada pessoa tem um sentido que mais usa, e por isso vem dele a sua percepção e pré-julgamentos de tudo. Algumas pessoas regem preconceitos sobre algo que viram ou ouviram, enquanto outras definem o melhor caminho através do cheiro ou da intuição. Enfim, é sempre um ou outro sentido que parece ser o principal para você. E com base nesse sentido, você dita o seu mundo. Até porque, o mundo para você não é a realidade, e sim a sua percepção da realidade.

Não podemos esquecer que a vida, ou pelo menos o conceito que fazemos sobre ela, é tudo por causa de nossa percepção. Se seu cérebro estiver nesse exato momento em um laboratório, e um programa de computador emular os sentimentos, então você nunca saberia que está em um laboratório, e suas ideias sobre a vida seriam as mesmas que tem hoje. Muito mais fácil do que compreender, é sentir. Então pare de ler esse blog chato e sinta a vida.



Um dia, em minha utopia lúdica, o mundo poderá viver sem três raízes do mal: preconceitos, egocentrismos e pessoas.

Acaso vs. Destino →  Post anterior para analisar dois conceitos.
Dança de Salão [5] → O dia em que comecei minha evolução.
Escolhas Um desincentivo a fazer sua escolha nesse instante.
Jaskon Meu herói de quanto tinha 6 anos, e estava no nível -5

Nenhum comentário:

Postar um comentário