terça-feira, 29 de novembro de 2011

Karma, você tem carma

Calma. Eu sei que o trocadilho do título foi péssimo, mas eu precisava disso para falar sobre uma teoria interessante em que eu acredito, mas que talvez soe como piada, e pode ajudar a descambar tudo de vez

Karma Ghost (Fantasma do Karma)

Antes de mais nada, queria propor um vídeo, de certa forma bem antigo já, mas muito bem contextualizado dentre o que quero dizer. Ou seja, dessa vez nem precisa ler o post: Pode apenas ver o vídeo, que é curto e interessante.








Sabendo que você, de alguma forma, deixa rastros de si por onde passa, até é lógico acreditar que coisas boas vão acontecer quando você estiver bem consigo mesmo, já que os rastros ao seu redor estarão espelhando esses sentimentos. Seu padrões de comportamento estão fazendo com que você aja colhendo as coisas que planta sem saber.


Isso já é comprovado, seja por teorias envolvendo DNA, Programação Neuro Linguística, fé religiosa, fé tendenciosa, Genki-Dama, enfim: Quem procura coisas acha, e quem acha coisas que não procura, é porque anda procurando sem saber.


Ou seja, se no nível consciente você tem idéias de pobreza, mas caso seu subconsciente esteja "obsecado" em ser um miolionário, então as oportunidades de lhe atrair riqueza serão percebidas com mais facilidade. Oportunidades aparecem diante de nós muitas vezes, mas quando não procuramos por elas, simplesmente parece que não somos capazes de enxergá-las.


Mas vamos ao ponto: O que isso tem a ver com carma?

De novo, as Escolhas Difíceis

Já não dizem por aí que a história de nossas vidas é a história de nossas escolhas? Pois ainda assim acho que se não houvessem oportunidades, então não conseguiríamos fazer escolhas. É mais como aceitar ou recusar aquilo que aparece diante de nós. E uma coisa certa é que se tivermos com pensamentos positivos, então vamos "enxergar" melhor as boas oportunidades, e mesmo em conversas casuais, as oportunidades boas surgirão porque nossas energias idéias estão movimentando outras pessoas também.

Sendo assim, o contexto sobre destino parece começar a caminhar de modo mais lógico; quando você estiver no topo da montanha e olhar o caminho que percorreu, vai se assutar com o quão longe chegou, e o quanto de coisas aconteceram no meio do caminho que o fizeram chegar lá. E é com essa base que a idéia de "destino" vai parecer mais visível, já que o destino é o caminho percorrido até ali, que por nosso desconhecimento com o futuro, vão parecer muito bem escritos.

 Muitas pessoas vão ter facilidade em encontrar muitos detalhes e coincidências que evidenciarão completamente a existência do destino. Talvez, essa pessoa possa até ter passado sua vida buscando coincidências, e numa espécie de conexão de buscas, tais coincidências aconteciam com mais facilidade. Ou seja, novamente acaba sendo uma questão de ponto de vista.


Perdendo Karma

Só quem tem muita dificuldade para dizer "não", sabe como é viver aceitando escolhas que certamente não teria escolhido. Pelo lado bom, muitas vezes também acaba ajudando mais, e esperando menos dos outros. Não importa o quão atarefado eu esteja, se alguém me pede ajuda, eu faço. Acredito que cada ajuda dessas doa um carma positivo para alguém. E é aí onde quero considerar a idéia do vídeo inicial: Esse carma é benigno, e caso a pessoa que o receba não aja sendo boa, então aquele carma se sentirá triste, ou mesmo ficará com raiva, e quando menos a outra pessoa espera, já está carregada de fantasmas ruins, que a princípio sempre foram bons.

Você pode fazer o que quiser, mesmo tendo idéias claras do que é o certo ou o errado. Quando você faz algo que é bom, como ajudar alguém apenas pelo prazer de ajudar, você está deixando o seu carma bom para aquela pessoa. E isso explicaria o porque os bonzinhos parecem sempre levar a pior: Eles deixam o carma bom que adquirem, mas nem sempre adquirem mais com a mesma facilidade que cedem.

Mas então, como nós podemos adquirir o carma bom, se ao fazer coisas boas eles somem?

Ganhando Karma

Seguindo essas metáforas bizarras sobre fantasmas bons e ruins que levamos aos outros, podemos então considerar só um meio prático de melhorar nosso destino carma. Recebendo-o através de outras pessoas. Muita gente (eu por exemplo) acabo sendo um completo egoísta por sempre estar apto a recusar a ajuda. Eu bloqueio o carma positivo sem saber, ao passo que isso poderia me ajudar, e quem sabe, ajudar a outra pessoa que pelo fato de perder seu carma comigo, iria atrás de mais para recompensar?

Essas idéias malucas parecem entrar em colapso quando você analisa casos de pessoas específicas, como aquelas que são vítimas de doenças graves, ou acabam numa cadeira de rodas (isso quando não morrem), e ninguém entende o porque daquilo. Numa busca por respostas lógicas, o espiritismo diz que tudo o que alguém sofre hoje é culpa de sua reencanação, que era um demônio no passado. Budistas dizem que quando mais prazer e alegria você busca, está mais propenso a sofrer alguma tragédia inacreditável. Enfim, muitas crenças tentam explicar o porque coisas ruins acontecem, e como verdade universal, sempre nos deparamos com uma espécie de grande injustiça nos fatos: "Ah, mas ele era tão bom... Nunca fez nada de mal, e veja só o que aconteceu..."

Será que, o excesso de bondade é prejudicial? Será que de tanto alguém levar seus fantasmas bons, acabou que ficou sem nenhum, e aí os maus o impregnaram? Não vou ser leviano de querer pensar numa resposta, até porque cada um pode fazer uma análise rápida sobre a roda dos mundos ao seu redor. Quem sofre bullyng na escola, geralmente quem é? Quem é honesto, como é recompensado pelas leis do país? Empresas que pagam todos seus impostos em dia geralmente fecham depois de quanto tempo, segundo o próprio Sebrae?

Pois é, o mundo é maligno. Feito para pessoas malignas que o alimentam. Nesse mundo, basta ser alguém bom para que tentem destruí-lo e corrompê-lo sem piedade. E aí, quando alguém se deixa corromper, aceita receber todos os fantasmas malignos que estavam rodeando-o. Esses fantasmas lhe fortalecem, mas ao mesmo tempo, só contribuem para afundar o resto de um planeta doente. Em todo sangue que enevoa a atmosfera, certamente são os bons que mais sofrem.

E aí, até mesmo ganhar carma positivo é dificil, porque ele está cada vez mais em extinção. Naturalmente, como já disse no início, a vida é feita de oportunidades, e essas oportunidades são vistas de acordo com nossa busca inconsciente. Olhe para seus amigos, sua família e veja como encontrou pessoas cheias de carma bom com elas. Tudo o que tem que fazer agora parece claro, não?

Compartilhe seu carma com pessoas boas. Assim, você perderá seus fantasmas bons, mas ganhará outros bons, porque ele virá daqueles que não tem maus fantasmas para compartilhar. O sentido é simples e prático: afaste-se do problema, e assim nunca precisará encontrar uma solução.

Conclusão

Depois de tantas voltas tentando discutir uma simples animação em flash, creio que a conclusão ficou clara. Destrua sua máscara do egoísmo e ajude os outros somente quando fizer isso de bom coração, pois isso te livra de um fantasma bom, mas também permite que outro se aproxime. Se vier um carma negativo para seu lado, aprenda com ele, e tente convertê-lo. Carmas negativos são mais fortes e resistentes, mas caso você consiga torná-los bons, já imaginou o poder que teriam?

Aceite ajuda quando precisar, mas somente de pessoas que também estejam dispostas a fazer de bom grado. Essas pessoas irão lhe entregar um fantasma bom que era delas, e por isso você tem que reconhecer a importância magistral disso.

Ah, e esqueça aquela balela de "Faça o bem sem olhar a quem". Isso é conversa de gente ingênua, que por ajudar com os olhos vendados, acaba não só perdendo todos os seus fantasmas positivos, como também fortalecendo muita gente ruim que não os merecia. Muitas pessoas ruins estão aí se fortalecendo e destruindo o mundo por culpa de pensamentos como esse. O pensamento correto, acredito eu, seria simplesmente: "Faça o bem entendendo por quem".

Eu precisava desse soco no meu próprio estômago. Afinal de contas, como já disse Carlos Drummond de Andrade: "A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional."

Lembre-se que você não necessariamente deixará seu carma bom se deixar um comentário: pode xingar e reclamar do tempo perdido, deixando para mim seu acúmulo de fantasmas negativos aqui. Eu os coleciono e não me importo em recebê-los.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Dança de Salão. E então? [5]

Se você entrou nesse post, saiba que ele faz parte de uma saga. É como se fosse uma única história, e essa é a parte 5. Caso tenha paciência, então poderá ir acompanhando aqui os textos anteriores: parte 1, parte 2, parte 3 e parte 4. Caso não tenha paciência, então certamente pode fechar esse post agora. O texto é logo e chato, porque tenta trazer a ideia de que não será uma simples atitude, como no meu caso a dança, que vai mudar o comportamento de alguém. A raiz é fixa e resistente, e ela só modifica com uma série de atitudes, por isso, talvez esse post nem seja sobre a Dança de Salão.

E então?

Então, as aulas aconteciam no ritmo normal, e nada de diferente parecia mover o mundo. Mas houve um porém, que o mundo parecia realmente não se mover, pelo simples fato de que havia acabado toda a energia elétrica do lugar. Daí que sem força, todos ficaram na expectativa de voltar a luz para que se iniciasse a aula. Vinte minutos e o primeiro limite de tolerância de tempo foi atingido. Eu soube disso porque alguém disse que iria embora, e sentindo que aquilo era a chegada de um trem em uma estação, muitos aproveitaram para embarcar nessa viagem.

Mas ainda existia um grupo mais perseverante, que acreditava no milagre divino da companhia elétrica para resolver o problema. Para uma espera mais agradável, quatro alunos sentaram em uma mesa, dessas de bar, que havia em uma lanchonete fora do salão de dança, ao ar livre. Eu me vi sentado ali querendo, na verdade, estar em casa. Inicia-se alguma conversa genérica falando sobre as aulas e a demora para luz voltar, e alguns minutos depois aparecem mais alguns alunos atrasados para compartilhar daquele dia frustrante.

É fácil notar como a conversa foi evoluindo. O assunto genérico levou as pessoas à falarem desde acontecimentos bizarros na noite, riscos casamenteiros e piadas de humor-indefinido. Foi ali que senti a importância de se jogar conversa fora, de um modo como ainda não havia chegado a analisar. Ouvi histórias sobre vergonha alheia, medalhas, sedução insana, crianças malucas... enfim, muita coisa. Mas naquele dia eu não estava tão incomodado com o fato de ser o mesmo lobo solitário de todas as vezes, simplesmente porque eu me sentia incluso no grupo. Mesmo sem dizer uma única palavra, ainda assim acabei me sentindo bem, e imaginando o como seria bom que outras falhas de energia elétrica ocorressem novamente para recriar aquele acontecimento novamente.


Esse #ForeverAlone na vida real existia. Alguém cuja única esperança de interação social estava em uma conversa aleatória da qual não participava e que só aconteceu devido à circunstâncias muito precisas. Alguém que decidiu começar a fazer aulas de dança de salão achando que isso mataria sua timidez, e se viu em um cenário oposto. Era a timidez ganhando mais força, e talvez fosse ela, que no fundo me lhe mataria.

Um besta nocivo


Uma vez eu me fiz a pergunta que todos deveriam fazer periodicamente a si mesmos: "Eu sou alguém nocivo aos outros?". Uma pessoa nociva é aquela que faz mal, que serve como veneno para quem se aproxima dela. E, devido ao meu simples estado besta de ser, será que por algum motivo eu não levava a mesma dose de veneno que havia dentro de mim para os outros?


Com uma boa observação das pessoas ao nosso redor, conseguimos facilmente identificar aquelas que parecerem ser feitas de pedra (indiferentes), de doce (atrativas), de pimenta (requerem cuidado em qualquer aproximação), de jiló (desinteressantes), enfim... Existem pessoas de tantos tipos, que uma das mais perigosas é aquela que contém veneno. Como todo veneno, ninguém pode imaginar que é veneno até que se tenha tomado uma dose dele. Às vezes, uma dose pode ser letal. E é isso que mata, literalmente.


E ali, numa espécie de refluxo cuspido pela minha alma, eu senti o gosto amargo daquilo que me fazia mal de verdade. Senti meu corpo querendo expulsar o câncer de espírito, e cada vez que ocorria uma falha, era como se o castelo de cartas desmoronasse e tudo recomeçasse do zero.


As cartas para se montar um belo castelo não são a cura de nada, mas elas te ajudam na distração para não pensar no problema. E eu percebi que as aulas de dança eram justamente isso. Elas eram a distração de meus problemas, e não a solução. Do contrário, essa saga interminável de posts já teria acabado em duas ou três partes.


Agora veremos o ponto onde quero chegar: Se o corpo tenta expulsar o veneno e a mente impede, sinal que a mente é o problema, porque ela é burra demais. E essa mente besta me tornara nocivo sem saber. Talvez fosse a energia que tornava aqueles ao redor tristes, porque a tristeza é tão contagiante quanto a alegria. Não é a toa que pessoas tímidas, assim como eu, são vistas na maioria das vezes como pessoas mal encaradas, frias ou perigosas. O simples fato de ter uma certa dificuldade de interação faz delas pessoas que expelem um vírus ao invés da cura.


Então como resolver isso? Foi a pergunta que eu fiz. Já que a dança de salão era apenas uma forma de me distrair enquanto o problema não mudava, então porque não desistia dessas aulas? A resposta óbvia, é que todo grão de areia ainda assim é um grão de areia. Ou seja, por menor que fosse o impacto daquilo no quesito de socialização, ainda assim tinha sua parcela impercepitível de ajuda. Resolver esse problema era prioridade, mas ainda assim parecia um mistério sem resposta.

Alavanca

Por incrível que pareça, é agora que o primeiro tópico desse post entra em prática: Pessoas certas, nas ocasiões certas. Essas pessoas, talvez amigos, talvez apenas conhecidos, são como a alavanca para te forçar a realmente a mudar as coisas que parecem impossíveis de serem mudadas por si só. Só para adiantar: conselhos mais atrapalham do que ajudam, e servir de ombro para #mimimi é prejudicial para os dois lados. O que resolve são pessoas que entendem seu problema e te dão um empurrão para fazer aquilo que você precisa fazer.


Mas sabe onde entra a variável dessa história? Ninguém pode esperar que o empurrão venha naturalmente. Se você espera ser empurrado, tudo o que acontece é cair em mais um erro, que é a do comodismo pela segurança inexistente. Ninguém está  aí para segurar na mão de ninguém, e mesmo o seu único cúmplice a ceder confiança, que é você mesmo, é cheio de falhas. Ou seja: "Getting Real".


A alavanca de uma pessoa pode vir de diversos motivos diferentes. Algumas encontram a alavanca em terapias com psicólogos ou psiquiatras, outros encontram com remédios, outros com pessoas certas, outros com acontecimentos inesperados, enfim... Para que uma mudança ocorra de fato, é necessário apenas descobrir onde está essa alavanca. Todos aqueles milhares de livros de auto-ajuda (que para mim nunca ajudam ninguém) deveriam tentar deixar claro somente isso: Se você não tem memória litográfica ou uma disciplina dos monges ninjas da china, então esqueça. A corrente motivacional é uma farsa, ao menos que exista uma alavanca nela.


Só para tentar resumir uma parte da coisa: Ninguém é capaz de mudar porque a consciência sua não exerce poder nenhum sobre você. Parece estranho ouvir ler isso, mas tente descobrir como é a desilusão mais aterradora da vida.


Sua mente inconsciente dá uma leve parcela de seu minúsculo poder quando você acorda pela manhã e tem consciência que já havia dito para si mesmo que iria levantar sem pensar duas vezes. Mas não adianta, algum impulso automático o faz deixar o despertador dar só mais alguns minutos de descanso. Você pode ser consciente demais ao dizer que nunca faria tal coisa, e aí, parecendo um absurdo, você vai lá e faz. Ou seja, tentar colocar ideias na sua cabeça de que você precisa mudar, ou que você fará isso ou aquilo para mudar simplesmente não funcionam. A receita do bolo que muitos procuram não existe. Ou talvez exista, e ela seja isso que proponho de ser a alavanca.


Dizendo tudo isso parece que tenho alguma moral para lidar com afirmações tão perigosas. Parece até que quem me viu ontem e me viu depois desse post vai parar alguns segundos e dizer olhando pra mim: "Cara, é você mesmo?". Mudanças demoram para acontecer, e quanto maior for a quantidade de veneno carregada por si, maior é o tempo para completa purificação. E muitas vezes, a limpeza nem é tão eficaz assim. Ou talvez, como é provável, nunca ocorra. Todos que hoje são de um jeito, amanhã podem ser de outro, ao menos que saibam muito bem para onde a inconsciência acabará levando o rumo de tudo e construindo o destino. Mas quem aqui pode falar de destino? Quem pode prescrever o futuro em sua maestria inventiva?

Convite

As pessoas vão te convidar para participar de algum evento social. Você pode recusar a primeira vez, ou a segunda. Pode até recusar umas três ou quatro vezes, mas depois disso, acaba. Depois disso você é automaticamente excluído dos convites, justamente porque era isso que procurava. Nesse tipo de desilusão comum, o que sobrava era o alimento de apenas mais desilusão.

Eu já estava com um nível elevado de invisibilidade, e conseguia ser ignorado sem o menor esforço. Ao mesmo tempo, sabendo que aquilo era minha fábrica de cada vez mais veneno, então eu precisava reverter a situação, mas não tinha um único ponto de partida. E aí, quase sem querer, eu passei perto de um grupinho que conversava alguma coisa entre eles. Como eu estava indo embora e conhecia todos daquele grupo, consegui ir lá para se despedir deles. E foi aí que o convite foi feito, mas já ignorando minha ida: "A gente estava aqui combinando de ir em um baile no sábado, mas já sabemos que não vai, então nem te chamamos".

Esse tipo de frase é aquela que serve como uma micro-alavanca, porque funciona como um golpe no estômago, dizendo sem rodeios e na sua cara de que você se auto-excluí por idiotice própria. E então, decidido a dar um passo letal de mudança e enfrentar todos os medos e criar um recomeço, eu estufei o peito e disse: "Ah, é."

Não iria dizer nada diferente mesmo,  é óbvio. Só que tentando corrigir a falha, automaticamente emendei minha desculpa padrão: "Eu posso ver isso, mas talvez não consiga ir, porque tenho alguns compromissos". Que compromissos seriam esses, pensava comigo mesmo: "ficar na frente do computador criando textos de #mimimi para esse blog?"

Já sabendo o que deveria fazer, eu resolvi provar a mim mesmo que pelo menos uma vez não deixaria minha inconsciência fazer o que queria. Eu iria ter disciplina o suficiente para enfrentar um medo tolo e seguir em frente. Mas não foi fácil, e duvido que alguém que não tenha esse tipo de problema saiba como é. Cinco minutos depois de colocar uma ideia firme de ir naquele baile, já começaram a aparecer vários pensamentos negativos que meu lado subconsciente estava desesperadamente tentando criar. O coitado gastou toda sua criatividade moldando meu comportamento para que eu desistisse da ideia. E eu desisti.

Mas foi uma desistência rápida, porque eu decidi que não precisava tentar brigar com meus medos estúpidos. Eu podia jogar com eles, e pensei em tentar enganar a mim mesmo com um plano de auto psicologia reversa. Conversa de louco que está dentro de um hospício, eu sei. Pois é, nem todo mundo é capaz de saber o que se passa na cabeça de um louco, então vou explicar como é, simplesmente contando meu plano infalível.

Auto Psicologia Reversa

Racionalizei por alguns minutos: de onde vem o medo e a insegurança? Obviamente vem de experiências negativas, que de certo modo traumatizaram ou obrigaram a mente a desenvolver um sistema de auto proteção complexo para evitar que novas experiências ocorram. Sendo assim, a atitude de uma pessoa não é escolhida apenas por ela, e sim por todos os valores que ela já adquiriu ao longo da vida.

Sabendo disso, então a coragem, que na verdade é a ausência do medo, seria exatamente o contrário; ou seja, experiências positivas que viciam o cérebro e o forçam a repetir essas coisas para que as mesmas aconteçam novamente. A dor serve para que evitemos, e o prazer, para que continuemos. Por isso, se houvesse uma experiência muito boa, ela poderia entrar em choque com uma experiência negativa, e fazer a mesma perder força. Já foi provado que aquilo que nos faz mal é mais difícil de ser ignorado ou removido da cabeça, porque é assim que a natureza nos prepara para a sobrevivência: Um prazer é um prazer, e pronto ele passa; agora um perigo é sempre um perigo, e nunca desaparece enquanto a hostilidade do momento perdurar.

Sendo assim, como eu poderia enfrentar um medo, sendo que eu não teria nada para provar para uma cabeça ignorante de que não estou numa selva ou no período das cavernas, de modo que o isolamento não vai proteger minha sobrevivência, e sim o contrário? Criando um inception em mim mesmo, eu busquei seguir uma estratégia que pudesse cumprir:

Cada vez que surgisse um pensamento negativo, eu automaticamente o bloquearia. E além disso, reforçaria o momento pensando no lado positivo das coisas. Parece aquele papo do the secret (O segredo), e talvez seja. Mas, a idéia aqui não era pedir nada desse universo cansado de tantos pedidos. Era simplesmente ser otimista ao máximo possível, ignorando tudo e qualquer coisa que fosse o contrário disso. Quem sabe assim, fazendo disso um hábito, talvez houvesse uma chance de reverter a situação por completo. Criei um hábito de comportamento consciente que pudesse me ajudar na ilusão de confiança: abrir a postura, manter a cabeça erguida e durante o máximo de tempo possível, não trair a mim mesmo com coisas que não tem fundamento algum.

Não é fácil lidar com isso, porque o processo é muito complexo, mesmo que tudo pareça um absurdo sem fundamento algum. Mas eu sei que existem algumas pessoas que entendem muito bem esse tipo de ação cognitiva que descrevo, então, talvez isso faça mais sentido para elas.

Só para resumir: acreditei que aquele baile seria minha alavanca, pois ele poderia me puxar para uma experiência boa, e dali, bastaria um pouco de disciplina para voltar a como era antes novamente. Ignorando tudo o que eu conhecia, eu segui firme na minha idéia e declarei, finalmente, que iria no baile. "E eu vou mesmo", repeti baixinho para meu lado estúpido, que logo se provaria uma verdade ou uma mentira. Aquele anúncio foi uma surpresa para todos, principalmente para mim mesmo.

Conclusão

O baile aconteceu em um lugar bom e agradável, e a experiência em fim foi positiva do início ao fim, desde o momento em que comecei a bloquear pensamentos negativos e ignorá-los de modo categórico. Agora parece-me mais fácil olhar ao redor e ver respostas das coisas que antes eram apenas um emaranhado de desafios. E aqui entra uma das minhas citações favoritas:

"Se você fica esperando, tudo o que acontece é que você fica velho." - (Larry McMurtry)

Esse post fala principalmente sobre a timidez avançada, mas a idéia de substituição dos pensamentos negativos por positivos é válida para qualquer coisa da vida. E nem pense ou reflita demais sobre tudo o que acontece, porque infelizmente, o poder para se pensar em coisas ruins quando se está sozinho aumenta exponencialmente.

Se quiser acompanhar essa saga desse o ínicio, seguem os posts anteriores:

Dança de Salão! Oh, não! [1] →Porque tive essa idéia?
Dança de Salão? Oh, não! [2] →E a primeira aula?
Dança de Salão. Ou não. [3] →E as mudanças que ocorreram?
Dança de Salão? Eu não! [4] →E se tudo terminasse?

Ou então, esqueça essa saga estranha e experimente ler outra saga mais focada, que diz sobre as escolhas, dúvidas e certezas que ora ou outra podem atravessar nossas vidas.

O Paradoxo da Confiança → Um conto curto sobre a confiança
Você tem Certeza? → Sobre o bem ou mal de se duvidar
Escolhas → E agora o paradoxo das escolhas e certezas
Carma, você tem Karma → Uma reflexão sobre o fantasma do carma.


E se você, por algum acaso do destino leu esse post, deixe um comentário só para dizer o quão louco e irracional parece tudo isso.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Escolhas

Esse post é para completar minha tríade sobre a confiança. Caso você não tenha visto os posts anteriores, então comece perdendo seu tempo pelo Paradoxo da Confiança, que é uma analogia curta para questionar até onde podemos confiar em alguém. E seguindo a ideia dos questionamentos, nada mais justo do que o outro post lançado: Você tem certeza? E as certezas ficam mais confusas claras sobre até onde devemos deixar as incertezas falarem mais alto. E aí, diante de tanta desilusão e tempo de leitura perdido, eis que aqui estamos: As Escolhas.



O Paradoxo da Escolha

O vídeo abaixo, caso tenha algum tempo (20 minutinhos só), vale a pena ser visto para desmistificar as escolhas que nos surgem. É um daqueles tipos de vídeos que todo mundo deveria assistir pelo menos uma vez na vida. E se depois disso ainda quiser continuar a discussão, faça desse post e dos comentários suas certezas.





A primeira vez que achei esse vídeo, foi sem querer, quando estava conhecendo as excelentes propostas do projeto Catarse, que serve para que você possa escolher financiar e investir apenas naquilo que gosta e ser recompensado por isso. Nesse vídeo, que na verdade é uma palestra do psicólogo Barry Schwartz, a mensagem final é bem perturbadora: Vivemos presos dentro das escolhas, acreditando que elas são boas, mas na verdade, não são. Mesmo que não queira perder seu tempo nesse post, o vídeo realmente vale a pena.

Depois disso, é hora de fugir um pouco de lá, e cair na reflexão de algumas outras coisas nem tão desconexas assim. A palestra fala sobre as escolhas pelo ponto de vista da sociedade, de um conjunto grande de pessoas. Mas e quando transferimos isso dentro do modo mais pessoal que existe? Como será que fica?

Medo

Tomar a pílula vermelha ou azul nem era para ser algo difícil. Se você já conhece bem o mundo em que vive e não está satisfeito com ele, porque razão não arriscaria a mudança ao tomar a pílula vermelha? A resposta, é claro, é uma só: Medo.

É desde Final Fantasy que venho aprendendo que quando seu grupo de campanha sofre um ataque que causa o status de "Fear", a princípio parece muito legal, pois até mesmo aquele personagem inútil que tinha 1 de HP continuará vivo mais algumas rodadas. Mas logo percebe-se que Medo é um status terrível, pois você fica paralisado, podendo no máximo fugir ou buscar alguma terapia rápida (Magia? Elixires?)

Acho que é perca de tempo colocar o medo em pauta, simplesmente porque ele mereceria um post especial sozinho. Mas, dentre tantas coisas boas e ruins que o medo pode trazer, certamente a inibição de uma escolha pode ser a pior. Não vou dizer que ele lhe remove as escolhas, porque muitas vezes as escolhas continuam, e seu lado consciente até quer e se esforça para seguir aquela escolha. Infelizmente, o medo é alimentado com mais medo, e em determinado ponto ele se torna mais forte que sua consciência. Quando isso acontece... Quando isso acontece... Esquece. Estágio terminal.

Se por um lado os sonhos que temos todas as noites são um mistério, por outro eles sempre estão lá buscando vários medos nossos e lidando com eles em momentos oportunos. Não sei se já fizeram alguma pesquisa sobre isso (devem ter feito), mas acredito que quem tem mais medos, tem mais chances de ter pesadelos durante os sonhos. Parece uma constatação óbvia, mas eu mesmo nunca tinha parado para pensar nisso até escrever esse post. Nos sonhos, fora das amarras da sua consciência sadia, o mundo invertido e sem rédeas do Bibliotecário Insano ataca. Os medos ganham força, e tornam o subconsciente mais poderoso e fortalecido. Com isso, ele vai influenciar cada vez mais suas atitudes cotidianas, uma vez que é ele que está ali, guiando seus passos e te deixando a doce ilusão de livre arbítrio.

Assim, isso já explica o resultado de uma pesquisa (dessa vez verídica) que eu li aqui, sobre o fato de que algumas pessoas que dormem pouco são mais otimistas. Pareceu-me bizarro a primeira vez que vi, mas isso só reforçou minhas teorias malucas: Quando mais a gente dorme, mais deixamos o controle para o subconsciente, que fica lá fazendo o que quer. Em algumas pessoas, isso é bom porque evita haver tempo suficiente para reforçar algum possível pessimismo natural que se esconde por dentro. Genética também ajuda, mas não creio ser o motor principal nisso tudo.

Acho que já ficou claro alguns pontos. E acho que isso é completamente batido, afinal de contas, não é de hoje que essa coisa de "enfrentar seus medos" vem sido falada. Vejo muita gente sabendo disso e batendo na mesma tecla todos os dias. Por experiência própria, eu posso dizer que o medo, tentando buscando o comodismo de nunca errarmos, acaba deteriorando boa parte do cérebro. Pior do que isso, chega um ponto em que o medo se torna tão involuntário, que você não conseguirá mais mudar. Poderá tentar todo tipo de mudança que quiser, mas simplesmente fracassará. E não conseguirá mudar por um motivo muito simples: Seu medo cresceu tanto que, inexplicavelmente, também o fez ter medo das mudanças.

Coragem

Até agora, nada foi dito sobre o tema principal do post, sobre as escolhas. Mas isso não é um fator para desilusão total, pois se por um lado o medo bloqueia nossas escolhas, pelo outro, a coragem cria escolhas diferentes. Ou talvez, ela nem crie escolhas, mas apenas nos faça perceber e seguir sem muitos rodeios aquela que parece mais sensata.

Parafraseando Confúcio, ele diz que quando nós sabemos aquilo que é o certo à ser feito (por tanto quando tomamos a decisão de uma escolha), então devemos ir em frente em fazê-la. Afinal de contas, se deixamos de fazer isso, então é porque falta a coragem. E o pior, talvez, é que isso significa que você realmente não se decidiu, pois que decisão é essa que sua mente aprova, mas suas ações reprovam?

Mas é óbvio que, uma pessoa corajosa, ao meu ver, não é aquela que faz tudo o que lhe vem a cabeça sem pensar duas vezes, pois isso é simplesmente agir por impulso ou por falta de noção das inconsequências dos atos. A coragem consiste em ter a motivação para fazer o que tem que ser feito, mas tendo as certezas bem claras para si mesmo.

Finalmente, Escolhas



Mas sabe onde eu quero chegar? Nosso cérebro, como já provaram por aí, não lida bem com muitas escolhas. Ele é tapado o bastante para escolher a pior fruta se estiver sem fome, ou a pior hora para falar alguma coisa, se pensar muito em quando falar tal coisa. O dito popular do "quem escolhe, o pior pega" não é só um dito. Quanto mais opções, maior sua indecisão, e por consequência, a paralisia.

Não tenho muito sobre o que acrescentar em cima do vídeo que mencionei lá no início do post. Mas, só por curiosidade, não podia deixar de mencionar uma outra ideia muito interessante, conhecida como O Problema de Monty Hall.

Para resumir, Monty Hall tinha algum tipo de programa de auditório (ou era o nome do programa, whatever), em que havia uma brincadeira do tipo a porta dos desesperados em que os participantes precisavam escolher entre três opções, onde apenas em uma estava um prêmio.

Então, quando a pessoa escolhia uma opção, o apresentador diminuía a quantidade de opções disponíveis, revelando alguma errada e dizendo: "Vai querer mudar de escolha?". Ou seja, você já tinha decidido o que queria, e quando as opções diminuíram, era para você ter ainda mais certeza de confiar na escolha que tomou. Só que o que se percebeu, é que isso não acontecia na maioria das vezes. As pessoas acreditavam que iriam estar fazendo o que era o certo se mudassem de opinião. Tem toda a lógica matemática por trás disso dizendo que o mais vantajoso seria permanecer teimoso imutável.

Esse tal problema de Monty Hall é interessante porque realmente pode ser uma metáfora para muitas de nossas escolhas, que sempre são feitas no escuro. Nunca sabemos o que virá depois de dar um passo porta adentro, mas e se você pudesse voltar e escolher outras portas? Trocaria, mesmo sem ter explorado a primeira porta até o fim? Isso nos levaria a mesma questão que aparece no vídeo do início e também no post falando sobre o paradoxo da confiança: Quando algo dá errado, a culpa é sua por ter feito uma má escolha, ou não existe culpa porque poderia ter sido pior? E se tudo der certo, então será que foi uma boa escolha, os poderia ter sido melhor?

sábado, 5 de novembro de 2011

Você tem certeza?

Até que ponto será que é bom se deixar levar pelas dúvidas? Aliás, será que é realmente bom isso? Digavações... busca por respostas, enfim. A gente sabe que no fundo, não sabe. Esse post leva em conta várias questões da última postagem, sobre o Paradoxo da Confiança. Ou seja, caso não tenha lido, dê uma olhadinha para entender o porque considero a confiança e a certeza tão intrínsecas.



Vamos supor que você tenha certeza que vai ganhar na loteria. Você simplesmente sabe porque já viajou no tempo, voltou para o passado (agora presente) e tem uma noção perfeita das coisas. Será que isso seria bom ou ruim? A princípio poderia até ser bom, mas e depois disso? Como seria? Talvez as certezas levem em direção da monotonia, simplesmente porque todos os caminhos e portas já foram vistos antes. Então, podemos finalmente considerar que a dúvida é mais importante; é a dúvida que nos move para busca de respostas, para as investigações em torno de evidências pessoais, etc. Só que de certa forma, existem momentos em que isso se torna um paradoxo, simplesmente porque as dúvidas e certezas modem mudar muito bem os rumos da vida.

Certeza Pessoal

Não há nada pior do que ter dúvidas consigo mesmo. Tentar tomar uma decisão e não saber se a faz. Não vejo como esse tipo de dúvida pode ser bom, mas infelizmente, ele é recorrente em muitas pessoas, e acredito que culpa disso pode ser explicada pela teoria que propus no outro post: você possuí um bibliotecatário (seu subconsciente) que sabe exatamente o que quer, mas até ele mesmo pode ficar sem saber o que fazer quando a consciência está confusa. Não é difícil ver por aí os tipos mais comuns de pessoas: as que são auto-confiantes e as que parecem viver embotadas pelo medo.

As auto-confiantes, no mais puro exemplo desse paradoxo, são aquelas que sabem exatamente o que querem, por isso se deparam com muito mais dúvidas pelo meio do caminho, já que essas dúvidas são consequências das coisas que fez nos impulsos de coragem. De qualquer forma, como elas tem muita auto-confiança, então as decisões à serem tomadas são tão naturais que parecem já fazer parte de sua rotina fabulosa.

Por outro lado, temos as pessoas que não tem confiança em si, e por isso, já tem certezas demais acumuladas dentro delas, e essas certezas difícilmente são alteradas, já que ela não busca novas dúvidas (ou pior, não busca resposta para as dúvidas). Gerasse um comodismo, e uma zona de conforto que gira pela segurança dos feitos alcançados parece se estagnar ali. Depois de um tempo, se observar uma pessoa que tem confiança e uma que não tem, haverá uma constatação óbvia: a que se arriscou mais chegou mais longe, talvez não necessariamente esteja melhor de vida, mas ela certamente já viveu bem mais o puro significado de viver.

Conclusão 1: De você para você mesmo, as dúvidas atrapalham, e é necessário extingui-las por completo. Assim, gera-se confiança e evolução. Note que ter certeza, nesse caso, não se aplica à conhecimentos acadêmicos (como saber as respostas de uma prova do enem). A ideia aqui é simplesmente saber do próprio objetivo e entender porque o nariz está sempre indo na frente do rosto.

Certeza Acadêmica

Eu nem queria colocar os "aprendizados mais concretos" em debate, simplesmente porque as certezas acadêmicas são impossíveis, e não há como contradizer que a dúvida não seja essencial aqui. Uma pessoa que desconhece alguma coisa irá atrás das respostas para aquilo, e quando encontra, aprende.


Só para confundir: Imagine-se em um show de um grande ilusionista. Então ele faz uma mágica incrível e deixa todos tontos boquiabertos. Você pode ir atrás das dúvidas e descobrir como aquilo foi feito, mas isso quebrará o encanto da mágica. Ou seja, algumas coisas não valem a pena serem explicadas, mas ao mesmo tempo, mesmo sem serem explicadas você tem a certeza de que foi só um truque bem elaborado.


É tão mecânico e natural que nem vou me estender mais nesse tópico: Tenha dúvidas acadêmicas o tempo todo, o mais que você puder, pois só assim estará buscando aprendizado e, naturalmente, uma evolução interior da qual nunca viu antes. E nem precisa se preocupar, porque as dúvidas acadêmicas são infinitas: haverá dúvidas de sobra para uma (e milhares) de vidas inteiras.

Certeza Profissional

Vou considerar uma certeza profissional como algo próximo da certeza financeira; Ou seja, quando você não tem mais dúvidas sobre o que fazer da vida no sentido profissional, e o seu trabalho é completamente perfeito e garantido para o resto da vida. É lógico que é impossível alguém afirmar que fará a mesma coisa para o resto da vida, mas quando você tem uma certeza de sua profissão, você simplesmente deixa de pensar e ver outras oportunidades de emprego para se dedicar à fazer mais coisas da vida. E isso, ao meu ver, é um ponto muito positivo.

Como eu disse no primeiro tópico, as certezas pessoais são importantes, e não é atoa que as empresas procuram pessoas com esse perfil. Quem é decidido e sabe o que quer, vai mais longe porque ele não pederá seu tempo analisando questões que não existem. A técnica do "vai lá e faça" funciona muito bem tanto pessoal quando profissionalmente, de modo que as certezas valem muito à pena por aqui.

Certeza Relacional

Queria incluir aqui tanto relacionamentos familiares, quanto amigos, parentes e romances. De modo abrangente, a certeza relacional é a única que nos escapa do controle com total facilidade, simplesmente porque lidamos com a soma das dúvidas de todos, e uma explosão de supresas pode acontecer de um modo completamente inesperado. Você pode planejar algo e ter que replanejar no meio do caminho porque ocorreu uma briga, uma viajem para o exterior, a descoberta de um segredo gigantesco... enfim, não vale a pena tentar ir atrás de uma certeza relacional, simplesmente porque a mesma não existe.

Mas, o que aconteceria se nós restringíssemos a gama de pessoas envolidas nas dúvidas? Por exemplo: Entre você e sua família, as dúvidas devem ser menores, pois assim você demonstra o valor da confiança, que por ser recíproco, irá trazer mais facilidade para encarar as dúvidas que a vida por si só fará o tempo todo.

Em resumo: Não tente ter uma certeza relacional, pois a mesma é impossível. Mas caso a obtenha, então faça dela uma certeza pessoal, para que só assim, as dúvidas não se juntem com todas as outras dúvidas que já existem por aí. Afinal, isso não está na parte sobre as certezas acadêmicas que você precisa cultivar, simplesmente porque ninguém está descrito em nenhum livro, mesmo numa bibliografia, e nem nos resultados do google.


Conclusão

Durante a vida vão surgir muitas dúvidas o tempo todo. E para cada dúvida teremos que lidar com uma escolha. Será, nesse caso, que estamos preparados para saber se é bom ou ruim essa incerteza que nos abaterá por dentro? Minha opnião, e guia rápido de roteiro é essa: Primeiro avaliar a dúvida e depois, ver se vale a pena manter a dúvida ou simplesmente decidir. Os argumentos eu já citei acima, e só para relembrar, de um modo simples:

Se te perguntarem quem é ou o que quer, simplesmente saiba a resposta de um modo claro e objetivo. Não entregue sua mente à confusões criadas para si próprio sobre "será que é isso que eu quero?". Não. Você precisa saber o que quer, e se tem dúvida, busque o sim. Busque encontrar a toca do coelho de Alice, e enfim, prossiga com a decisão tomada. Pode até haver tropeços, é  lógico, mas aquela velha frase é completamente verdadeira: "É melhor se arrepender de algo que fez, do que se arrepender por ter deixado de fazer". Ser decidido sobre as próprias intenções não é ser arrogante e nem inconsequente: é não ter medo de viver e nem ter medo de entrar nas portas que a vida coloca à sua frente.

Mas não é para ignorar todas as perguntas feitas pelo mundo. Você deve ter dúvidas, e até mesmo criar dúvidas quando elas não existirem. Duvide sobre as histórias que escuta, sobre as pesquisas e notícias que lê e qualquer informação concreta que é divulgada. Deve instigar as leis da natureza, da física e da ciência o máximo que puder. Deve ter fé em alguma coisa, mas saber que fé demais anula as dúvidas e te impede de crescer. Lembre-se que o mundo só chegou até hoje porque houveram questionamentos e mais questionamentos sobre como tudo funcionava.

E finalmente, some 1+1. Você deve ter certeza das coisas que partem de si e dúvidas daquelas que partem do mundo. Naturalmente que o meio termo seja o melhor à ser feito quando se trata do convívio social. Acreditar no que as pessoas dizem é bom, mas questionar é melhor; não estou dizendo que deve ser um ser alguém desconfiado que não acredita nem na própria sombra que o segue; estou dizendo que deve questionar para que tenha mais evidências para acreditar. O único cuidado aqui é que existem muitas coisas em sua linguagem corporal que é impossível ter controle, e isso às fará levar transparecer suas dúvidas. Uma vez que essas dúvidas são captadas pela outra pessoa, então as dúvidas alheias também aumentarão. É uma bola de neve; ambos querem acreditar, mas ao mesmo tempo, ninguém se deixa acreditar. Quando menos se acredita, mais dúvidas geram, e quanto mais dúvidas geram, maior o poder da descrença.

Em resumo: desconfie com moderação. Não pouco demais para sentir-se traído depois; porém, nem muito demais para criar uma traição em si da qual não existe. Toda dúvida abala a confiança, porque toda certeza pode relevar uma traição do próprio universo duvisoso, que é a tua mente.


Esse texto é mais um daqueles típicos que dizem, dizem e não dizem nada. Se você leu isso aqui, nada mais justo do que partilhar suas dúvidas pelos comentários. Ou, caso acredite estar isento de dúvidas, busque perguntas através de alguns outros posts confusos, como: as desilusões do tempo, as altas confusões da wikileaks, meus conceitos errênos sobre crescimento populacional e até mesmo a visão de um desiludido ao falar de motivação e dinheiro.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Paradoxo da Confiança


Imagine uma aventura qualquer envolvendo uma dupla qualquer. Diremos que essa dupla é formada por um homem e uma mulher aleatórios. Por ser uma aventura, então vamos avançar ao climax dessa história e considerar os vilões perseguindo o casal heróico por uma estrada. Os motivos aqui pouco importam, mas para fins de contextualização, vamos imaginar os caras-maus com alguns carros potentes, fazendo de tudo para tentar se aproximar mais dos bonzinhos, e se isso acontecer será o fim, pois eles estão furiosos e não querem conversa.


O casal está em algum carro, deixando a adrenalina correr mais do que eles, ao ponto que alguma musica de ação toca no fundo. Agora imagine que essa estrada termina em um desfiladeiro. Sim, clichê, eu sei. Mas ainda não é esse o ponto.


De repente, ela é a primeira a avistar o desfiladeiro e imediatamente avisa o homem para que o mesmo pare o carro. Ele tem uma escolha de acreditar nela ou não, simples assim. O simples poderia ser um pouco mais complicado, se ele respondesse da seguinte forma:

_Consigo ver daqui, mas também consigo ver uma ponte cruzando o desfiladeiro. Você consegue ver?

_Não. - ela diria com sinceridade, e para não arriscar a vida de ambos em algum tipo de miragem, ela recomenda que parasse o carro mesmo assim, para que não corram riscos.

Até o momento, o jogo de confiança de ambos se mantém instável, cada um com seus argumentos baseados em uma incerteza. Eis que ele o homem retruca:

_Temos mais um motivo para acelerar o carro, pois caso a ponte realmente não exista, então usaremos a velocidade para saltar de um lado do abismo até o outro, e enfim estaremos sãos e salvos.

_Mas você não sabe a distância do disfiladeiro! - retruca a moça tingindo-se de pavor. Pare o carro, por Deus!

O lado sútil e diplomata da mulher dessa história simplesmente acha que continuar naquela estrada é loucura, e seu desespero à cega diante da convicção oposta do mocinho.


Novamente são escolhas. Parar o carro e se ver obrigado a encarar inimigos dispostos a lhe matar, ou então, tentar uma atravessia arriscada daquele desfiladeiro cuja falha também levaria a morte.


Onde entraria a confiança? A quem se daria a razão da confiança diante de algo que é incerteza para ambos? Se fosse uma análise lógica, então a mulher provaria sua confiança se aceitasse a atravessia pelo abismo, já que ele oferece uma alternativa de sucesso e ela não.

Mas isso poderia ser uma decisão mais trágica. Bastaria ela dizer:

_Eu sei uma forma de lidar com os inimigos. Tenho certeza que podemos reverter a situação com uma proposta irrecusável a eles. Não tenho tempo para explicar agora, mas lhe peço que pare o carro e deixe tudo comigo.

Ele retruca por um instante:

_Mas eu também tenho certeza de que conseguiremos saltar o penhasco e nos livrar para sempre de nossos inimigos.

Como saber qual é a decisão que levaria ao sucesso? Par ou ímpar, talvez? Mas, seja lá o que aconteça no futuro, é um fato que ambos terão que lidar com o trágico paradoxo da confiança: Se a decisão tomada levar ao sucesso, será que a outra decisão poderia ser melhor? Ou caso haja um fracasso, será que foi culpa daquele que não confiou no outro, ou do outro que acreditou naquele?

Como todos os paradoxos desse mundo, a resposta não é fácil. Mas eu facilitarei o final dessa história: Caso o resultado fosse um fracasso, ambos estariam mortos, e até a morte não confiaram em ninguém. Caso resultado fosse um sucesso, a confiança para com o dono da idéia aumentaria, e em uma ocasião futura - talvez na continuação dessa aventura clichê - a confiança poderia ser mais cega, e com isso, criar um fracasso.

Mas vamos considerar, por outro lado, que estamos aqui falando de uma história clichê, não é? E nessas histórias, como sabemos, o casal heróico não morre no final. Então, o fracasso poderia não levar nenhum dos dois à morte, e sim à algum outro problema para resolverem. Será que, caso a travessia do penhasco falhasse e ambos se machucassem, a mulher culparia o homem pelo erro, que a principio foi relutado por ela? E se fosse o contrário: o plano infalível da mulher não fosse tão infalível assim... poderia o homem crucificá-la pela decisão tomada?

Acho que a dificuldade que muitos tem para assumir os erros iria levar essa história à uma discussão sem sentido. Ou pior: a falta de compreensão alheia nos reprime em nosso egoísmo, e com isso, ambos se tornam cegos o suficiente para notarem que no meio daquela estrada mortal, havia uma placa apontando o atalho para a cidade.

E aí, a mãe de algum deles diria no final: "Eu te avisei..."


Esse post é a primeira parte de um próximo tema que pretendo abordar, sobre as desilusões das certezas. E confiar, ou deixar de confiar, é exatamente a mesma coisa sobre alimentar uma certeza ou deixá-la se destruir por dúvidas. Enquanto eu me destruo com dúvidas, você pode se destruir com algumas certezas, como por exemplo: o filme contágio pode ser real, o amor é belo (mentira, ele pode ser ruim), e outras coisas. Se chegou a ler isso, você pode dar essa certeza postando um comentário. Não se preocupe: não duvidarei caso o fizer. =D
Essa história ainda poderá continuar. Pois o Paradoxo da Confiança, mesmo quando obtém sucesso ele sacrifica a quem já duvidou dele.
Mas a parte mais importante que há por vir, é como foi possível o estado de plena confiança conseguir ser firmado com tanta veemência, se mesmo às vezes, nem sempre conseguimos confiar plenamente em nós mesmos?

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Salve os Insetos, Salve o Mundo.

Que tal pelo menos três motivos para saber como os insetos "salvarão" o mundo? Deixando de lado a parte da moda e beleza de alguns, nada disso muda o fato de que eles podem te salvar no futuro. Sério.


Um dos heróis favoritos que fizeram parte de minha infância foi Kamen Rider, que eu sempre tentava encontrar uma ligação com aqueles chinelos Rider. O máximo de ligação que encontrei foi: "pessoas usam chinelos para matar insetos". Irrelevâncias a parte, esse post é um pequeno resumo sobre a provável inversão de valores atuais envolvendo os animais comuns, os animais humanos e os heróis insetos. Se você ainda não entendeu a estranha relação desses tópicos, já adianto que tem muita gente importante de olho nesses aspectos para uma possível salvação do planeta. Em outras palavras, Kamen Rider acabou de se tornar muito mais legal do que na época de exibição na Tv.

O Fim da Fome Mundial

Certos países acham natural comer insetos. Mesmo aqui no Brasil, comer içás (tanajuras) era comum décadas atrás e ainda é em certas regiões do país. Para quem não ligou o nome à coisa, içás são formigas que tem como sonho de infância voarem. Eu não sinto vontade de comer formiga porque a cultura atual influenciou meus gostos de modo a depravar qualquer tipo de inseto com sabor gastronômico.

Dê uma lida no artigo "Comer inseto faz mal?" da revista super interessante e veja algumas receitas para abrir seu apetite. (sim, isso foi ironia minha!)

Bom, mas até aí dizer que os insetos podem acabar com a fome do mundo inteiro parece pretensioso demais, não é? Na verdade não. Pois por terem uma taxa de multiplicação elevada e gastarem menos recursos para criação, é mais fácil (e barato) distribuir insetos de graça para quem tem fome do que muitos outros produtos industrializados. E se você quiser saber se essa idéia/moda está causando algum impacto real, é simples: Faça periodicamente uma pesquisa no google por "sociedade protetora dos insetos" (inclusive entre aspas) e fique atento quando o número de páginas de resultados sair das míseras três atuais e explodir em manifestos pelo mundo inteiro em pról dos direitos insetivos.

O Fim do Aquecimento Global

Inseto mais barulhento da terra, e ainda assim, um humilde herói
Mesmo que alguns Insetos possam ter um valor nutri-titiv-adequado, vale a pena lembrar que essa transição de cardápio não é rápida. Até que matadouros de insetos substituam os matadouros de bois e porcos, levaria um longo tempo, e dificilmente seria um substituto, ao menos que todos os outros animais entrassem em extinção ou as pessoas tomassem consiência que a vida de um animal deveria ser considerada como uma vida e não como um objeto de indústria.

Mas, avaliando o outro lado dessa história, os impactos ao longo dos anos seriam bons. Pelo menos foi o que eu li aqui, que dizia inclusive do poder dos insetos para salvar o mundo do aquecimento global.

O fato é que para se manter uma produção desses animais grandes, como gados, por exemplo, o gasto é alto. E o gasto é alto principalmente para o planeta, que sofre com queimadas em troca de novos pastos, e gás carbônico expelido por máquinas e animais, e outras coisas que não ajudam em nada a inverter a tal preocupação do início desse século.

Eu ainda sou contra a criação de qualquer tipo de vida com intuitos de sacrifícios. Sejam animais ou insetos. Mas, se isso fosse inevitável, então certamente valeria apenas apostar em algo que não exija tanto do planeta. Ou, em outra hipótese mais radical, um voto para o canibalismo. #NOT.


Geração infinita de Energia

Enquanto fazia uma pesquisa por insetos, acabei comprovando (mais uma vez) aquela velha teoria de que temos muito a aprender com os outros seres vivos do planeta. E nesse caso, vou copiar e colar esse pequeno trecho que tirei desse link.

Pesquisadores da Penn State University, nos Estados Unidos, descobriram que o formato dos olhos das moscas é perfeito para captação de energia solar. As córneas das moscas varejeiras, aquelas mais nojentas de todas, são os melhores, pois eles são compostos de diversas lentes côncavas de formato hexagonal. Eles captam muito mais luz do que uma simples superfície plana.

Na verdade, isso me lembra o caso daquele garoto que, ao observar as plantas, teorizou que talvez a forma de como as folhas e galhos das árvores eram dispostos poderiam não ser daquele jeito por um mero capricho da natureza. E, tentando criar um pequeno dispositivo que imitasse uma árvore, ele conseguiu com êxito descobrir uma forma de melhor aproveitamento da captação de energia solar.

O mais interessante dessa matéria é que ela também reforça aquela história do número de ouro e a razão áurea, que eu comentei por cima em um post sobre dança do salão (que ligação bizarra, ein?).


Cura para Aids?

Esse foi o único item que mais me pareceu ser somente um hoax mal distribuído pela internet, onde diziam da possibilidade de existir uma certa substância nas baratas que poderiam ser benéficas no tratamento do HIV. Talvez você até já tenha recebido tal texto ou lido sobre o mesmo em algum site de notícias duvidoso, que vou replicar agora:

De acordo com a Agência Nova China, cientistas do Instituto Médico de Yunnan, no sudoeste do país asiático, afirmam ter encontrado nas baratas componentes químicos que podem auxiliar na luta contra a aids, pois possuem efeitos similares aos do AZT. Os testes conduzidos em laboratório mostraram que a descoberta pode ser realmente eficaz, porém o grupo ainda não garante se os insetos poderão ser usados para produção de medicamento.

Eu até tentei pesquisar o quão verdadeira poderia ser essa informação, mas não vi nada sobre o assunto na Agência Nova China, e logo depois disso, uma busca pelo tal Instituto Médico de Yunnan não me trouxe muitas informações à respeito. Só descobri que Yunnan realmente está localizado lá no sudoeste da China, mas até aí, boatos continuam sendo boatos.

Conclusão

Se os dinossauros deixaram sua era para a habitação de raças menores como a nossa, nada impede que outras raças ainda menores povoem o planeta no futuro. Até porque, acredito que mesmo que não houvesse um meteoro para exterminar com os repitilianos gigantes, ainda assim a seleção natural iria matá-los porque o equilibrio entre presa e predador rapidamente iria acabar se os carnívoros multiplicassem com a velocidade que vinham se multiplicando.

Daí, depois que os humanos terminarem de esgotar todos os recursos naturais, quanto menor for o tamanho de sua raça, mais facilidade terá de sobreviver, já que precisará de menos recursos para se manter. Ainda assim, mesmo que outras raças entrassem, somente as bactérias e os insetos estão aí evoluindo e permanecendo inteiros eras após eras.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O nosso único cúmplice

Um post bem longo, e chato.  Esteja avisado. Para quem não gosta de ler, obrigado por ler essa linha e parar aqui.

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Queria apenas compartilhar uma idéia. Uma visão um pouco diferente de nós mesmos, e que como tenho certeza, é a relação mais forte e importante que temos ao longo da vida. Conhecemos pessoas, aprendemos habilidades novas e até mudamos nossa personalidade com o passar dos anos. Mas, o que é a tal "essência" que dizem nunca mudar? Como mais uma analogia perdida no mundo, queria separar a nossa consciência e a nossa inconsciência para entender algumas coisas.

Então, vamos considerar que você é um cidadão, que desde quando veio ao mundo, é formado apenas por uma consciência que deseja fazer aquilo que quer, ou que  nem sabe ao certo o que quer. Você sozinho não poderia ir muito longe, e por isso vive em algum meio social. Mas, se não houvesse ninguém ao seu redor, ainda assim estaria vivendo?

A resposta não é simples, pois a solidão pode ser encarada de muitas formas, seja por nós mesmos, por pesquisas isoladas ou a ciência de um modo geral. Afinal de contas, não podemos nascer sozinhos, mas experimentamos a solidão em muitos momentos. Alguns sentem-se mal quando sós, e outros, mesmo entre multidões continuam se sentindo sós.

Mas esse não é exatamente o ponto que quero abranger aqui. O meu ponto, como disse no início, é sobre a nossa "essência". Uma parte dentro de cada um nós que sempre vive sozinha, e que é responsável por determinar cada passo de como é o presente e como será no futuro. Estou falando, obviamente, da unimente subconsciência.

Ela é toda confusa, e até a hoje ninguém conseguiu extrair todas as respostas dela. Hormônios e substâncias malucas que deixam alguém assim ou assado? Doses descontroladas de estrogênio ou testosterona que fazem transversões naturais de sexualidade? Pois é, para mim tudo isso seria muito mais simples se a teoria da estante das emoções fosse verdadeira.

Para exemplificar, vamos partir de uma idéia muito simples: Como eu disse, você é você. (dã?) Mas seu subconsciênte é algo totalmente separado, que inclusive mora na sua própria casa e paga as próprias contas e tem suas crises e necessidades específicas. A única diferença para as demais pessoas desse mundo, é que ele é um grande amigo bibliotecário que trabalha só para você. E não, ele não se chama kindle, ibooks, e nem google, ainda. Por enquanto ele vive somente para atender exclusivamente, e em tempo integral, sua pessoa. Uma espécie de escravo seu amo. Vamos dizer que ele seja, o seu melhor e único amigo para a vida toda.

O Dono da Biblioteca

Esse bibliotecário não tem poderes de previsão de futuro, e por isso ele tenta lhe dar conselhos com base nos livros que você mais lê e gosta. Muitas vezes Às vezes ele erra, e as vezes, acerta. Só que existe um pequeno porém: Além de bibliotecário, esse amigo imaginário também organiza uma estante de livros para você, e com o tempo ele começa a lhe impor o que você tem que ler e o que tem que deixar de ler.

Vamos só fazer um parenteses: Para ficar claro, por mais metalinguístico que seja explicar a metáfora dentro da metáfora, todo o material literário equivale a soma de suas experiências. Tudo o que vê, sente, cheira, escuta e intui se tranformam em uma coisa sólida e material que, naturalmente, são os tais livros que se adquire (ou compra?) pelas ruas, pelo caminho que é mais longe e menos familiar do que o próprio lar. Pode até demorar um pouco para somar os primeiros materiais, mas eles somam, ainda bem cedo, e quase sempre pela chuva de influências nas mãos que te levam fora do berçário.

Até agora nenhuma novidade, afinal de contas, quando você ainda é criança isso é natural. Todo mundo tenta impor coisas àquela mente inocente, e até seu amigo - tão inocente e ignorante quanto tu - também fica lhe impondo idéias do que fazer. Na minha teoria, ele não suporta olhar ao redor e ver a estante pegando pó, e por isso, sai fazendo milhares de perguntas e gritando para você puxar um bloquinho de anotações e explorar tudo onde puder.

Quanto mais coisa se aprende, mais rápido e poderosa fica a estante, e já que tudo em excesso é ruim, isso também não deixa de ser diferente: Seu bibliotecário pessoal que encher a biblioteca de coisas legais pra você, mas ele mesmo não tem muito tempo pra ficar aprendendo com tudo aquilo, já que por desconhecer muita coisa, é mais fácil ele fazer uma cara de zé ninguém e ir deixando tudo lá no fundo. Eu espero, sinceramente, que exista muita sorte para que pelo menos ele seja bem organizado e seletivo quando precisar achar algo lá. No começo, só com historinhas da Turma da Mônica é fácil e divertido criar uma coleção com todos os exemplares.

Mas ninguém está parado no tempo, e o tempo, passa. As brincadeiras e todas as coisas que você ganhou e levou para a biblioteca já começam a pegar pó, e pouco a pouco são encaixotadas, as vezes até escaneadas e amazenadas na internet para uma busca rápida posterior, mas na maioria das vezes, o tal bibliotecário é que fica com o trabalho pesado. Enquanto ainda não há muito sobre o que refletir da vida, cabe ao bibliotecário ficar levando caixas de um lado pra outro, fazendo uma limpeza rápida para jogar alguma coisinha fora, e enfim... Na fase da adolescência você está muito mais por conta própria, jogando todas as porcarias de livros que acha pelo caminho e dando pro coitado do bibliotecário.

Sabe de uma coisa, acho que na adolescência o mais fácil mesmo é ir pegando as coisas e depois montar um pacote e despachar nos correios. Hoje em dia a gente ainda envia um email pra ele, cheio de links pra download, e o coitado lá que se vire para organizar tudo depois. Ele é eficiente e bondoso até demais, na minha opinião. O problema é quando você tropeça e volta lá pra dar um oi ao seu velho e inseparável amigo.

Não é atoa que depois de atingir a vida adulta as mudanças se tornam mais difíceis. Nesse ponto, sua estante já está bem abarrotada de coisas, e seu bibliotecário pessoal começa a ter dificuldades para organizar tudo. Milhares de aprendizados, enciclopédias e anotações soltas no meio de páginas avulsas. Sabe o que é mais grave, principalmente ao entrar na fase adulta? É que quando você traz um livro novo para ele, seu humor está sempre diferente. Às vezes você acha um papelzinho na rua e entrega pro bibliotecário com um sorriso bobo no rosto. Às vezes, aparece com uma cara de nojo, em outras, vêm com umas revistinhas de piadas toscas que tem vergonha de mostrar pra ele. Isso quando são só revistinhas de piadas. No meio de tanta coisa legal e inútil que você vai acumulando, tem vezes que o livro que traz nas mãos vem junto de tristeza ou raiva.

Ah, as emoções. Uma criaturinha tão fofa quando nasce que no dia-a-dia age como santo. Então um pouco de paixão e aquela criatura, já crescida, volta pra infância. Se engasga com pouco de ganância e cria arrogância. Essa criatura estranha, que ao ter o ego amaciado vira uma heroína ou vilã. E quando chega a fúria? Dúvido ser capaz de pensar que algum dia ela foi boazinha; parece que nasceu pelo orifício errado. As emoções, mesmo que passageiras, são capazes de mudar tanto alguém, que gera surpresa àqueles ao seu redor. Ou, não necessariamente só àqueles ao seu redor...

Óbviamente, o tal bibliotecário, que é muito seu amigo, se assusta. Ele vê você chorando, e não entende ao certo o porque de tantas lágrimas, mas então, ali ele nota o livro que deixou para ele em cima do balcão. Se esse bibliotecário fosse mais esperto, ele poderia jogar o tal livro ruim fora e pegar um daqueles de piadinhas pra tentar te animar. Mas ele não faz isso, e sabe porquê? Porque ele também quer ler o conteúdo daquele livro com muito mais afinco que você, pois ele acha que somente assim pode te ajudar. Somente sabendo o que causa uma doença é que ele imagina ser capaz de propor a cura. Ele quer dar uma de sabichão e pesquisar os sintomas no Google. E sabe onde raios tem algo errado nisso? ELE NÃO É MÉDICO!

Esse seu amigo, pode ser o mais inteligente de todos, pode até ter lido vários livros de medicina, mas ele é um bibliotecário e não um médico. Ele pode tentar enfiar doses de remédio placebo na sua veia enquanto fica lá olhando nos catálogos e procurando por motivos que ele acha que são os responsáveis por tal coisa. Ele acha que sempre vai ter um conselho pronto para resolver todos seus problemas.

Mas o maledito não consegue. E pior do que isso, ele fica com receios de que você traga novos livros ruins para sua biblioteca, e os começa a empurrar para ler novamente, como que se dissesse: "Já tenho esse aqui, não precisa me trazer outro parecido". Um dos dois, certamente ainda preso na parábola do tempo, não compreende que algo que aconteceu uma vez não necessariamente vai acontecer denovo. Falando nisso, acho que os dois são incoerentes nesse ponto: Porque um quer empurrar a história fracassada para que tal erro cometido sirva como aprendizado, mas o outro, mais inconsequente que o primeiro, quer provar para si mesmo que a história fracassada do momento é mais importante do que aquela já lida. E aí sofre-se tudo novamente. Lá se vãos os dois discutir a teoria a derrota, embora - felizmente - ainda acredito que grande maioria consiga discutir os assuntos lidos sem necessariamente revivê-los novamente. Reviver um sentimento bom é uma coisa, mas reviver um sentimento ruim? Sinceramente isso é próximo demais da loucura doentia e destrutiva.

Bom, onde estávamos? Ah, sim, eu dizia que às vezes seu amiguinho, mesmo querendo seu bem, acaba piorando as coisas, e até baixando sua confiança. Chega um momento a la Tyler Durden, que um vira para o outro e diz: "Belém, belém, nunca mais fico de bem. E corta aqui".

E como é de se esperar, cada bibliotecário pessoal tem sua personalidade própria. Geralmente, por alguma coincidência, sei lá, ele se parece muito com você. Mas, mesmo com gostos parecidos (e alguns bem questionáveis) ele pode ser mais agressivo, mais submisso, mais tolerante... enfim, ele tem lá suas variações de humor também.

Mas atenção: Não confunda a mudança de humor com a mudança de emoção. O seu humor pode mudar para um estado odioso, mas o combustível acaba tão rápido quanto começou. Agora uma emoção de ódio, por se alimentar dela mesma e de uma situação ao redor, não se extingue tão fácil. O mesmo vale para emoções boas; alguém que acordou apaixonado fica bobo num dia, mas quem está apaixonado fica bobo todos os dias.

Como eu dizia, os bibliotecários acordam bobos... na verdade, eles tem um humor bem variável de acordo com o seu, mas não necessariamente uma personalidade parecida. Eles podem, como eu já havia dito, serem eternamente brincalhões, medrosos, compreensíveis... enfim, isso não é exatamente você que escolhe. Até tenho uma teoria sobre isso, mas deixamos para outra hora para não deixar esse post ainda mais confuso e longo do que já está.

Acho - com alguns entretantos - que o melhor tipo de bibliotecário é aquele mais tranquilo e tolerante, pois ele confia mais em você e não se importa muito em ficar relendo cada livro que tráz para bisbilhotar tudo o que anda aprendendo. Ouvi dizer que alguns até saem junto contigo para aprenderem experiências ao mesmo tempo, embora isso seja raridade.

A maioria sendentária fica sentado atrás de um balcão esperando pelo seu retorno ao anoitecer para colocar o papo em dia. Pelo que já percebi, quanto mais agitada é a vida de uma pessoa, menos ela tem tempo para colocar essa conversa em dia, e menos dependente dos conselhos do bibliotecário ela se torna. Ser impulsivo, agir por instinto, seguir a razão e a emoção ao mesmo tempo. Tem muita gente que é assim, e deixa o coitado do bibliotecário parecendo pronto para acertar as contas no setor de RH.

Agora as pessoas mais cuidadosas também são um problema muito sério. Elas andam um pouco, geralmente não muito longe, e voltam várias vezes por dia para ver como está o bibliotecário. Na verdade, elas voltam mesmo para pedir conselhos, pois confiam mais nele do que nelas mesmas. Esse tipo de gente, que por fora parece normal, por dentro é um novelo de lã completamente emaranhado. Elas buscam tantas visitas à biblioteca que enlouquecem com tanta informação, e muitas vezes, informação velha e ultrapassada, já que só se coloca livro novo na biblioteca quando se traz de longe. Mas elas não vão longe, e esse é o problema...

Será que todo mundo sabe como anda prestando as contas com seu bibliotecário? Será que ele, depois de tanto tempo de convívio, realmente gosta de você? Eu posso dizer que para algumas pessoas, ele já desistiu de ser prestativo faz tempo. Para outras, ele se esconde quando vê você chegar, e quando vê que não tem jeito, solta um resmungo baixo: "Lá vem ele denovo! Aff!"

E então, como acha que está indo a sua amizade com o bibliotecário? Ah, e nem adianta perguntar pra ele, porque o coitado já vive ocupado demais em organizar todos seus livros e ainda te conselhar quando está sozinho. Então tente avaliar por si só, longe dele, como está esse "relacionamento". Só se lembre de uma coisa: Faça o que fazer, ou pense o que estiver pensando, jamais, e em hipótese alguma, o tenha como seu inimigo. Ele é o único que sabe verdadeiramente como te destruir para sempre.


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Esse post, na verade não era para ser tão gigante. Ele faz parte de um texto antigo que eu tinha escrito intitulado "estante de emoções", que é beem mais curto do que esse. Outro dia, quem sabe, eu posto aqui. E só um detalhe sobre o texto: A teoria do bibliotecário não tem nada a ver com problemas de múltipla personalidade, como por um instante pode parecer. Por mais maluco que seja, toda essa idéia seria referente à uma pessoa "normal".

Se discorda de algo - eu espero que sim -  por favor, comente. Ou, caso concorde com alguma coisa, então diga como acredita que seja sua relação com o subconsciente, ou mesmo se já parou para pensar nisso. Aliás, se você leu esse texto extremamente grande e cansativo, por favor me diga, para que possa agradecê-lo (ou desculpá-lo) pelo tempo postergado.